Moisés e o Êxodo

Moisés nasceu aproximadamente em 1500 AC. Ele foi escolhido para tirar Israel da escravidão, e lhes entregar as leis de Deus. Quando o Livro de Êxodo começa, os hebreu moravam no Egito, e com o passar do tempo cresceram em número e o novo Faraó que não conheceu a José, escravizou os hebreus, com amarga escravidão. Os escravos hebreus, com o tempo, começaram a se reproduzir tão rapidamente que o rei se sentia ameaçado por uma revolta em potencial contra a sua autoridade. Então, ele deu ordens de que a mais nenhuma criança hebréia do sexo masculino poderia viver. Para salvar o pequeno Moisés, sua mãe fez uma cesta de papiro, e a impermeabilizou com asfalto e piche. Ela colocou Moisés no cesto, e o deixou-o e flutuando entre os juncos às margens do Rio Nilo.

Pela providência de Deus, Moisés - filho de escravos hebreus - foi encontrado e adotado pela princesa egípcia, a filha do Faraó, sendo criado no palácio real como príncipe dos egípcios: "E Moisés era instruído em toda a sabedoria dos egípcios, e era poderoso em palavras e obras" (Atos 7:22). Ao mesmo tempo, o Senhor determinou que Moisés deveria ser ensinado em sua infância, pela sua própria mãe. Isto significa que, ele foi instruído na fé de seus pais, embora sendo criado como um egípcio (Ex. 2:1-10).

Moisés foi educado na civilização mais adiantada daquele tempo. O seu treinamento foi projetado para o preparar para um alto cargo, ou até mesmo o trono do Egito. Ele ficou familiarizado com a vida na corte de Faraó, com toda a pompa e grandeza da adoração religiosa egípcia. Foi educado na escrita e nas literatura do seu tempo. Também aprendeu a administração e a justiça. Quando tinha 40 anos, Moisés se indginou com um feitor egípcio que estava batendo em um escravo hebreu; e ele matou o egípcio e o enterrou na areia (Ex. 2:12). Quando isto ficou conhecido, ele temeu por sua própria vida, e fugiu do Egito para a terra do deserto de Midiã, onde ele se casou uma das filhas de Jetro, passando então a cuidar dos rebanhos de Jetro.

Depois de aproximadamente 40 anos, Deus falou a Moisés de uma sarça que ardia, mas não se consumia. Deus mandou Moisés de volta para o Egito, para resgatar os hebreus da escravidão, para a terra prometida a Abraão. Deus demonstrou o Seu poder para Moisés e revelou a Ele o Seu Santo Nome "YHVH " ou " Yaweh " (Jeová se tornou uma pronuncia popular no 16º século por tradutores alemães, embora não há nenhum som para o " J " em Hebraico).


As consoantes hebraicas Yod (Y) Eh (H) Vav (V ou W) Eh (H), ou Yahweh, na
Catedral de Winchester.
YHWH é chamado o Tetragrammaton, significado do
grego "quatro letras". Os escribas de masoréticos omitiram as vogais, assim
ninguém pronunciaria este Nome Santo. (Jeová se tornou uma pronunciação
popular no 16º século por tradutores alemães, embora não há nenhum som "J" no Hebraico).

O Mishnah estabeleceu a regra "No santuário, o nome de Deus será pronunciado
na Benção Sacerdotal como é escrito:
YHVH, mas fora do santuário deve ser
parafraseado e pronunciado como Adonai."

Deus ungiu Arão para ir com Moisés, para ser o seu porta-voz. Eles, então, convenceram o povo de Israel para os seguir, mas, Faraó não lhes deixaria ir.




Tradição Judaica

O Midrash dá o relato da primeira entrevista que aconteceu entre Faraó e Moisés e Arão. Quando o rei egípcio lhes perguntou, " Quem é seu Deus para que eu deva ouvir a sua voz? eles responderam, "O universo está cheio do poder do nosso Deus. Ele existiu antes que o mundo fosse criado, e Ele continuará a existir quando o mundo acabar. Ele te formou e colocou em ti fôlego da vida. Ele estendeu os céus e pôs os fundamentos da terra. A Sua expele chamas de fogo, rasga as montanhas, e quebra as pedras. O seu arco é fogo e as chamas são as suas flechas. A sua lança é uma tocha, e ele se cobre com as suas nuvens, e o relâmpago é a sua espada. Ele formou as montanhas, as colinas e os cobriu com a relva. Ele faz cair as chuvas e o orvalho, e faz com que brotem as pastagens. Ele também forma o embrião no útero da mãe, e permite que se torne um ser vivente." (Exod. R. v. 14).


Então Deus enviou as 10 pragas aos egípcios. A última praga foi a morte dos primogênitos em toda casa, cujas portas não estavam marcadas com o sangue. Quando as pragas do juízo foram todas lançadas, o Egito estava devastado. As pragas não só escarneceram do orgulho dos egípcios, mas também escarneceu dos seus deuses, porque nenhum lhes podia ajudar. A 10ª praga golpeou os egípcios.

1. Primeira Praga: Sangue 2. Segunda Praga: Rãs
3. Terceira Praga: Piolhos4. Quarta Praga: Moscas
5. Quinta Praga: Peste nos Animais6. Sexta Praga: Úlceras7. Sétima Praga: Saraiva
8. Oitava Praga: Gafanhotos9. Nona Praga: Escuridão
10. Décima Praga: Morte dos primogênitos

Todas as outras pragas reunidas não lançaram fora os hebreu da escravidão, mas a décima praga tocou em todo o Egito, e matou à meia-noite os seus primogênitos, inclusive o de Faraó.

Ex 12:29-31 " E aconteceu, à meia noite, que o SENHOR feriu a todos os primogênitos na terra do Egito, desde o primogênito de Faraó, que se sentava em seu trono, até ao primogênito do cativo que estava no cárcere, e todos os primogênitos dos animais. E Faraó levantou-se de noite, ele e todos os seus servos, e todos os egípcios; e havia grande clamor no Egito, porque não havia casa em que não houvesse um morto. Então chamou a Moisés e a Arão de noite, e disse: Levantai-vos, saí do meio do meu povo, tanto vós como os filhos de Israel; e ide, servi ao SENHOR, como tendes dito."

Para os egípcios foi uma tragédia e um embaraço quando o Deus dos Hebreus fez uma exibição aberta à vista de todos, da sua superioridade.

Deus ordenou que os Israelitas celebrassem a " Páscoa" onde o anjo da morte poupou as casas que tinham o sangue de um cordeiro.

Ex 12:1-14
"E FALOU o SENHOR a Moisés e a Arão na terra do Egito, dizendo: Este mesmo mês vos será o princípio dos meses; este vos será o primeiro dos meses do ano. Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez deste mês tome cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos pais, um cordeiro para cada família. Mas se a família for pequena para um cordeiro, então tome um só com seu vizinho perto de sua casa, conforme o número das almas; cada um conforme ao seu comer, fareis a conta conforme ao cordeiro. O cordeiro, ou cabrito, será sem mácula, um macho de um ano, o qual tomareis das ovelhas ou das cabras. "




A ovelha era reconhecida por sua gordura, rabo carnudo.

A cor de sua lã normalmente era branca, marrom ou às vezes
as pernas e a cabeças pretas. As ovelhas eram descritas como
bondosas, não teimosas, temerosas, sem defesa, pacientes,
sofredoras, e eram abundantes em Israel.

" E o guardareis até ao décimo quarto dia deste mês, e todo o ajuntamento da congregação de Israel o sacrificará à tarde. E tomarão do sangue, e pô-lo-ão em ambas as ombreiras, e na verga da porta, nas casas em que o comerem. E naquela noite comerão a carne assada no fogo, com pães ázimos; com ervas amargosas a comerão. Não comereis dele cru, nem cozido em água, senão assado no fogo, a sua cabeça com os seus pés e com a sua fressura. E nada dele deixareis até amanhã; mas o que dele ficar até amanhã, queimareis no fogo."

" Assim pois o comereis: Os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão; e o comereis apressadamente; esta é a páscoa do SENHOR. E eu passarei pela terra do Egito esta noite, e ferirei todo o primogênito na terra do Egito, desde os homens até aos animais; e em todos os deuses do Egito farei juízos. Eu sou o SENHOR. E aquele sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo eu sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga de mortandade, quando eu ferir a terra do Egito. E este dia vos será por memória, e celebrá-lo-eis por festa ao SENHOR; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo."




Tradição Judaica

Pesach

A Páscoa (Pesach) é a festa da libertação. O Pesach é uma combinação de 2 palavras, peh que significa boca, e sach - que pretende falar. De acordo com a tradição judaica, a escravidão era tão severa, que eles eram obrigados a trabalhar e se manter calados. E eles deviam manter silêncio sobre o seu Deus. Na noite de Páscoa os judeus ficaram livres e então foi-lhes permitido falar d'Ele e louvá-lO livremente.

Ex 15:1-2 "ENTÃO cantou Moisés e os filhos de Israel este cântico ao SENHOR, e falaram, dizendo: Cantarei ao SENHOR, porque gloriosamente triunfou; lançou no mar o cavalo e o seu cavaleiro. O SENHOR é a minha força, e o meu cântico; ele me foi por salvação; este é o meu Deus, portanto lhe farei uma habitação; ele é o Deus de meu pai, por isso o exaltarei."

A Páscoa Moderna

Nos lares judaicos de hoje, a cerimônia da Páscoa é celebrada anualmente. A cerimônia é chamada de um Seder que literalmente quer dizer "a ordem" da cerimônia. Hoje, o ritual que foi projetado para os lembrar da amarga escravidão dos seus antepassados no Egito, a tremenda libertação que Deus lhes deu, é relatado no livro de oração chamado de Haggadah. A mesa do banquete é decorada com artigos festivos que estimularão perguntas que contarão toda a história de Páscoa. Os artigos são:

Água salgada e Verdura (Representando a vida que vai adiante - a primavera).

Um Osso Assado (recordando o Cordeiro Pascal).

Pão sem fermento ou Matzos (Comido durante toda a semana).

Ervas amargas ou Moror, como rabanete (para os lembrar da amargura da escravidão).

Maçãs, castanhas e vinho, ou Haroseth (a mistura de cores os lembra do barro do qual são feitos os tijolos e a doçura do gosto, simbolizando a esperança de liberdade que adocicou a escravidão).

As crianças fazem quatro perguntas acerca da cerimônia de Páscoa, pois esta era uma noite diferente de todas as outras:
1. Por que em todas as outras noites nós comemos pão fermentado ou
matzah e nesta noite nós comemos só matzos?
2. Por que em todas as outras noites nós comemos todo tipo de verduras e nesta noite nós só comemos ervas amargas?
3. Por que nesta noite nós mergulhamos as ervas na salmora, e ervas amargas em
haroseth?
4. Por que em todas as outras noites nós comemos sentados ou reclinados, e nesta noite nós comemos em pé? (Antigamente um homem comia o jantar dele, sem pressa, reclinado à mesa).

Meshiach Y'shua Jesus Nossa Páscoa

1 Cor 5:7 "... Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós."

1 Pedro1:18-19 " Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado."

O Novo Testamento ensina que o Egito era um tipo do mundo, e Faraó um tipo de Satanás, e a escravidão egípcia era um tipo do pecado, e o Cordeiro Pascal fala de Jesus, nosso Cordeiro Pascal que morreu em nosso lugar, e pelas suas pisaduras nós somos curados. O Anjo da Morte ignorou a casa dos hebreus pois viu o sangue que apontava ao Messias que um dia seria entregue, e morreria pelo seu povo.

Os escritos Rabínicos mostravam que o Messias, na Sua vinda, conquistará a morte [Pesikta Rabbah 161b].

Hb 2:14-15 " E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; E livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão."



Depois, Faraó finalmente cedeu e deixou o povo de Israel sair (e com toda a riqueza do Egito).


Depois, Faraó finalmente cedeu e deixou o povo de Israel sair, (e com toda a riqueza do Egito), mas assim que eles partiram, Faraó mudou de idéia. Ele enviou o seu exército atrás de Israel, que estava acampado diante do Mar Vermelho. Deus separou as águas e os levou em solo seco.

Ex 14:21-22

"Então Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o SENHOR fez retirar o mar por um forte vento oriental toda aquela noite; e o mar tornou-se em seco, e as águas foram partidas. E os filhos de Israel entraram pelo meio do mar em seco; e as águas foram-lhes como muro à sua direita e à sua esquerda."


Faraó conduzindo as suas tropas em uma carruagem de guerra. Ao seu lado estavam carruagens quebradas e soldados agonizantes. A carruagem de guerra era um poderoso intrumento de guerra no Egito em 1700 AC. Cada carruagem tinha um motorista e um tripulante que lutava, armado com um arco, lanças, e proteção.

Então as águas se precipitaram sobre os exércitos de Faraó:

Ex 14:28-29

"Porque as águas, tornando, cobriram os carros e os cavaleiros de todo o exército de Faraó, que os haviam seguido no mar; nenhum deles ficou. Mas os filhos de Israel foram pelo meio do mar seco; e as águas foram-lhes como muro à sua mão direita e à sua esquerda."

Os Israelitas eram guiados pela Shekinah, a misteriosa nuvem de glória que os conduziu no Monte Sinai. No caminho foi provada a fé deles, pois experimentaram intenso calor, fome, sede, e guerra. Deus fez muitos milagres inclusive o "maná", o pão que veio do céu.




Tradição Judaica

O deserto era um lugar de miséria e morte com uma temperatura que às vezes alcança mais de 120 graus. Sem o Senhor, os judeus nunca teriam sobrevivido à isto. Depois da libertação do Egito, e da cruel escravidão, os judeus tiveram que enfrentar o castigo do amargo frio, e do calor devastador do deserto. Eles sobreviveram por causa da nuvem de glória protetora que pairou por cima deles de dia e de noite. Durante a Festa das Cabanas (Heb. Sukkah), os judeus faziam pequenas cabanas protetoras ou barracas, para lembrar-se dos perigos que eles enfrentaram, durante a Festa das Cabanas. De acordo com tradição judaica, Sukkah, é o mizvah que celebra o cuidado divino do Senhor, e as letras da palavra Sukkah são um acróstico para:

somekh - apoiando

kol - tudo

ha'noflim - que se caem

Inferno: Tormento Eterno?


O inferno é uma doutrina bíblica, mas, que espécie de inferno? Um lugar onde os pecadores impenitentes queimam para sempre e conscientemente sofrem dor num fogo eterno que nunca termina? Ou uma punição na qual Deus aniquila de forma definitiva pecado e pecadores após um julgamento?

Tradicionalmente, tem-se ensinado o inferno como um tormento eterno. Porém, será possível que Deus, que tanto amou o mundo e enviou Seu Filho para salvar os pecadores, possa também ser um Deus que tortura para sempre as pessoas (mesmo o pior dos pecadores)? Como poderia Deus demonstrar amor e justiça, enquanto proporciona sofrimento eterno aos pecadores? Este paradoxo inaceitável tem levado estudiosos a reexaminar o ensino bíblico quanto ao inferno e o castigo final. A questão fundamental é: o fogo do inferno tortura os perdidos eternamente ou os consome permanentemente?

Inferno: Aniquilamento Definitivo do Mal
A crença no aniquilamento dos perdidos é baseada em quatro considerações bíblicas:

1. A morte como punição do pecado
O aniquilamento final dos pecadores impenitentes é indicado, em primeiro lugar, pelo princípio bíblico: "a alma que pecar, essa morrerá" (Ezequiel 18:4), "porque o salário do pecado é a morte" (Romanos 6:23)(a). A Bíblia ensina que a morte é a cessação de vida, e hoje, ela é uma realidade que envolve toda a humanidade por causa do pecado de Adão (Romanos 5:12 cf I Coríntios 15:21-22). Se, não fosse pela segurança da ressurreição, a morte seria o término da existência para sempre (I Tessalonicenses 4:16-17; Daniel 12:1-2).

Contudo, haverá duas ressurreições, uma destinada para aqueles que possuem seus nomes escritos no livro da Vida, e outra para aqueles que tiveram seus nomes eliminados dele, em decorrência de pecados não confessados (I João 2:1-2; Hebreus 4:12-16)(b). Para estes, a Bíblia relata que haverá uma ressurreição para a segunda morte. O motivo desta ressurreição é anunciar os motivos e executar a punição irrecorrível aos pecadores que rejeitaram o arrependimento que os conduziriam ao sacrifício de Cristo.1 Esse aniquilamento final ocorrerá no "lago de fogo e enxofre", este é o inferno que a Bíblia ensina; está é a segunda morte. Ela é irreversível e destinada àqueles que não se arrependeram de seus pecados (Apocalipse 20:14; Apocalipse 21:8).

2. O vocabulário bíblico sobre a destruição dos ímpios
A segunda razão para crer no aniquilamento definitivo do pecado é o vocabulário de sua destruição usado na Bíblia. De acordo com Basil Atkinson, o Velho Testamento usa mais de 25 substantivos e verbos para descrever a extinção dos ímpios.2 Diversos salmos relatam esse acontecimento.3 Isaías e Malaquias, por exemplo, proclamam:
"Eis que vem o dia do Senhor, dia cruel, com ira e ardente furor, para converter a terra em assolação e dela destruir os pecadores. (...) Castigarei o mundo por causa da sua maldade e os perversos, por causa da sua iniquidade; farei cessar a arrogância dos atrevidos e abaterei a soberba dos violentos. Farei que os homens sejam mais escassos do que o ouro puro, mais raros do que o ouro de Ofir." (Isaías 13:9-12 cf. Isaías 24:5-6).
"Pois eis que vem o dia e arde como fornalha; todos os soberbos e todos os que cometem perversidade serão como o restolho; o dia que vem os abrasará, diz o Senhor dos exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raiz nem ramo. (...) Pisareis os perversos, porque se farão cinzas debaixo das plantas de vossos pés, naquele dia que prepararei, diz o Senhor dos exércitos." (Malaquias 4:1-3).
Jesus comparou a destruição dos ímpios como: o joio atado em molhos para serem queimados (Mateus 13:30 e 40). Ele declarou ainda: "Se alguém não permanecer em Mim, será como o ramo que é jogado fora e seca. Tais ramos são apanhados, lançados ao fogo e queimados." (João 15:6 cf. Lucas 17:26-30). Todas estas ilustrações descrevem a destruição final dos ímpios. O contraste entre o destino dos salvos e dos perdidos é respectivamente vida versus destruição. A linguagem de extinção é inescapável também no livro de Apocalipse, onde João descreve com ilustrações vívidas o lançamento do diabo, da besta, do falso profeta e de todos os ímpios no lago de fogo, no qual ocorrerá a "segunda morte" (Apocalipse 20:10; Apocalipse 21:8).

3. As implicações morais do tormento eterno
A doutrina do tormento eterno é inaceitável, a noção de que Deus tortura pecadores pela eternidade é totalmente incompatível com a revelação bíblica de Deus com amor infinito (Ezequiel 18:20-28; Ezequiel 33:10-16). Um Deus que inflige tortura infinita a Suas criaturas, não importando o quão pecadoras elas foram, não pode ser o Pai de amor que Jesus Cristo nos revelou.

Tem Deus duas faces? É Ele infinitamente misericordioso de um lado e insaciavelmente cruel de outro? Pode Ele amar os pecadores arrependidos de tal modo que enviou Seu Filho para salvá-los, e ao mesmo tempo odiar os pecadores impenitentes tanto que os submete a um tormento cruel sem fim? Podemos legitimamente louvar a Deus por Sua bondade, enquanto Ele atormenta os pecadores para sempre?

A intuição moral que Deus plantou em nossa consciência não pode aceitar a crueldade de uma divindade que sujeita pecadores a tormento infindo. A justiça divina não poderia jamais exigir a penalidade infinita de dor eterna por causa de pecados finitos. Isso acarretaria enorme desproporção entre os pecados cometidos durante uma curta vida e o castigo infinitamente duradouro.

4. As implicações cosmológicas do tormento eterno
A razão final para crer no aniquilamento dos perdidos é que, tormento eterno, pressupõe um dualismo cósmico eterno. Céu e inferno, alegria e sofrimento, bem e mal coexistiriam para sempre. É impossível reconciliar esta opinião com a visão profética da nova Terra:
"Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou." "Pois vejam! Criarei novos céus e nova Terra, e as coisas passadas não serão lembradas. Jamais virão à mente!" (Apocalipse 21:4; Isaías 65:17).
Como poderiam o pranto e dor serem esquecidos se a agonia e angústia dos perdidos fossem aspectos permanentes da nova ordem? A presença de incontáveis milhões sofrendo para sempre um tormento punitivo, mesmo se fosse bem longe do arraial dos santos, serviria apenas para destruir a paz e a felicidade do novo mundo. A nova criação surgiria defeituosa desde o primeiro dia, visto que os pecadores permaneceriam como uma realidade eterna no universo de Deus.

O propósito do plano da salvação é desarraigar definitivamente a presença de pecado e pecadores do universo. Somente quando os pecadores, Satanás e seus anjos, forem extintos no "lago de fogo e enxofre", Cristo terá finalmente completado Sua obra de purificação e restauração de todas as coisas (Apocalipse 21:5). O ensino bíblico do juízo e sua sentença final que aniquila completamente os pecadores, os sentenciando a morte eterna, revela um Deus de justiça.

A Destruição dos Ímpios, um Ato de Misericórdia
"Poderiam aqueles cuja vida foi empregada em rebelião contra Deus, ser subitamente transportados para o Céu, e testemunhar o estado elevado e santo de perfeição que ali sempre existiu, estando toda alma cheia de amor, todo rosto irradiando alegria, ecoando em honra de Deus e do Cordeiro uma arrebatadora música em acordes melodiosos, e fluindo da face dAquele que Se assenta sobre o trono uma incessante torrente de luz sobre os remidos; sim, poderiam aqueles cujo coração está cheio de ódio a Deus, à verdade e santidade, unir-se à multidão celestial e participar de seus cânticos de louvor? Poderiam suportar a glória de Deus e do Cordeiro?

Não, absolutamente; anos de graça lhes foram concedidos, a fim de que pudessem formar caráter para o Céu; eles, porém, nunca exercitaram a mente no amor à pureza; nunca aprenderam a linguagem do Céu, e agora é demasiado tarde. Uma vida de rebeldia contra Deus incapacitou-os para o Céu. A pureza, santidade e paz dali lhes seriam uma tortura; a glória de Deus seria um fogo consumidor. Almejariam fugir daquele santo lugar. Receberiam alegremente a destruição, para que pudessem esconder-se da face dAquele que morreu para os remir. O destino dos ímpios se fixa por sua própria escolha; a exclusão do Céu é espontânea de sua parte, e justa e misericordiosa da parte de Deus."4


Texto extraído e adaptado de: BACCHIOCCHI, S. (1997). Immortality or Resurrection? A Biblical Study on Human Nature and Destiny. Berrien Springs, Michigan: Biblical Perspectives, p. 193-248.
a. E pecado, por sua vez, é a transgressão da lei de Deus (I João 3:4; Romanos 8:5-8).
1. II Coríntios 7:10; Hebreus 9:27-28; Apocalipse 20:5-6; Apocalipse 20:12-15 cf. Salmos 69:24-28.
2. ATKINSON, B. F. C. (1970). Life and Immortality, Taunton, England: E. Goodman, p. 85-86.
3. Salmos capítulo 1; Salmos 11:4-7; Salmos 37:12-24; Salmos 145:20.
4. WHITE, E. G. Grande Conflito, O; São Paulo: CPB, sec. IV, cap. 33, p. 542-543.

O BODE PARA AZAZEL E O DIA DA EXPIAÇÃO

"E lançará sortes quanto aos dois bodes: uma para o Senhor e a outra para Azazel." (Levítico 16:8).

Em posse do sangue do bode para o Senhor (que representava o sangue de Cristo), o sumo-sacerdote aplicava-o no altar dos holocaustos e no altar do incenso, os quais haviam sido diariamente aspergidos com o sangue das ofertas que simbolizava os pecados confessados (Levítico capítulo 4; Hebreus 9:1-10). E, no lugar santíssimo, ele aplicava esse sangue no propiciatório(a), na presença de Deus, a fim de satisfazer as exigências de Sua lei; pois, pecado é transgressão da lei e sem sangue não há perdão (I João 3:4; Hebreus 9:22). Essa ação simbolizava o imensurável preço que Cristo teria de pagar pelos nossos pecados (Hebreus capítulo 9:23-28; Isaías capítulo 53). Desta forma, o sumo-sacerdote efetuava expiação pelo povo e pelo santuário; ambos eram purificados.1

Na etapa seguinte, representando a Cristo como mediador, o sumo-sacerdote assumia sobre si mesmo os pecados que haviam poluído o santuário e os transferia para o outro bode que se encontrava vivo, e tinha sido sorteado para Azazel. Após a transferência, ele era conduzido para fora do acampamento de Israel. Este ato removia os pecados do povo, os quais durante o ano, tinham sido simbolicamente transferidos para o santuário através do sangue dos sacrifícios de perdão que ocorriam diariamente. Deste modo o santuário estava habilitado para mais um ano de atividade ministerial (Levítico 16:29-34).2 E assim todas as coisas eram colocadas em ordem entre Deus e Seu povo.3
O dia da Expiação ilustra o processo de julgamento que lida com a erradicação do pecado. A expiação realizada nesse dia prefigurava a aplicação final dos méritos de Cristo a fim de banir a presença do pecado por toda a eternidade, e para tornar efetiva a reconciliação do universo, sob o governo de Deus.
O Bode para Azazel
A análise cuidadosa de Levítico capítulo 16 revela que Azazel representa Satanás, e não Cristo, como alguns errónea e terrivelmente ensinam. Os fatos que apoiam esta afirmativa são:
Azazel é tratado como um ser pessoal que é o oposto, e se opõe, a Deus. O verso de Levítico 16:8 diz, literalmente, dois bodes: "um para o Senhor e o outro para Azazel."
O santuário era inteiramente purificado pelo sangue do bode destinado para o Senhor antes que o bode de Azazel fosse introduzido na cerimónia (Levítico 16:20).
O bode para Azazel não era morto como sacrifício, e assim não poderia ser usado como um meio para trazer o perdão, uma vez que "sem derramamento de sangue, não há remissão" (Hebreus 9:22).
Portanto, na compreensão da parábola do santuário (Hebreus 9:9-12), o bode sorteado para o Senhor simbolizava a Cristo e o Seu sacrifício em favor do perdão e, o bode para Azazel simbolizava Satanás e a sua culpa pelos pecados cometidos (João 8:44 cf Ezequiel 28:12-17, Isaías 12-14). No dia da Expiação, o sumo-sacerdote purificava o santuário mediante o sangue expiatório do bode destinado para o Senhor, somente depois que a expiação se achava completa é que o ritual envolvia o bode para Azazel (Levítico 16:20-22).
"Então colocará as duas mãos sobre a cabeça do bode vivo e confessará todas as iniquidades e rebeliões dos israelitas, todos os seus pecados, e os porá sobre a cabeça do bode. Em seguida enviará o bode para o deserto aos cuidados de um homem designado para isso." (Levítico 16:21).
A flexão verbal "confessará" é traduzida do hebraico "yadah", e significa: arremessar, jogar (em alguém, em algo, ou, para fora), atirar, lançar, entregar. O ato de "colocar as mãos" sobre o bode de Azazel não representava a confissão de arrependimento pelos erros cometidos mas, lançava sobre ele, a responsabilidade (a culpa) pela origem, prática e consequências do pecado. Em seguida esse bode era banido do arraial israelense para sempre. Isso simbolizava o que ocorrerá no futuro com Satanás. Assim como o bode de Azazel era exilado para o deserto, restando-lhe tão-somente aguardar a morte, da mesma forma Satanás será solto neste mundo desolado e sem vida; e, aguardará o fim dos mil anos para receber sua devida punição (Apocalipse 20:4-10).
Cristo através de Seu sangue proporciona condição para que o pecador arrependido seja perdoado e alcance a salvação pela graça, que é obtida mediante a fé depositada nEle (Efésios 2:8; I Pedro 10:10-11). Porém, o sacrifício de Jesus não elimina a punição final àquele que foi o originador do pecado. A sentença final será declarada e imposta a Satanás, e aos seguidores ao fim do julgamento (cf. Levítico 23:28-30). O ritual realizado com o bode para Azazel ilustra a eliminação da "raiz e galhos" do pecado (Malaquias 4:1); serão como se nunca tivessem existidos (Ezequiel 28:18-19; Isaías 65:17).
A liturgia mosaica que era realizada pelo sumo-sacerdote no santuário terrestre é similarmente, hoje, realizado por Cristo o sumo-sacerdote do santuário celestial (Hebreus capítulo 8). Ele tem ministrado, mediante o Seu sangue derramado na cruz do Calvário, os benefícios de Sua completa expiação pelo Seu povo (b). Quando Ele houver completado a Sua obra de redenção e purificação do santuário celestial, lançará (transferirá) os pecados de Seu povo para Satanás, o originador e instigador do mal. De nenhuma forma se pode dizer que é Satanás quem efetua a expiação pelos pecados dos cristãos penitentes (Apocalipse 22:14). Cristo realizou essa obra por completo. Mas Satanás será responsabilizado por todos os pecados que ele sagazmente proporcionou e instigou para que os salvos praticassem.
A visão que João teve do milénio, descreve em traços vívidos o banimento de Satanás. Ele viu que no começo dos mil anos, "o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás", foi posto em cadeias e confinado ao "abismo". Isso retrata a cessação temporária das atividades de perseguição e engano de Satanás. Ele estará impedido de enganar as nações "até se completarem os mil anos" (Apocalipse 20:2-3). O termo abismo utilizado por João vem do grego "abussos", e descreve apropriadamente as condições da Terra nessa ocasião.4, 5 Assolada pelas sete últimas pragas que antecedem a volta de Cristo, e coberta com os cadáveres dos ímpios, a Terra estará em completa desolação.6 Confinado à Terra, Satanás estará "preso" por meio de uma cadeia de circunstâncias. Uma vez que nesse tempo não haverá sobre a Terra qualquer vida humana, Satanás não terá a quem tentar ou perseguir. Restando-lhe tão-somente aguardar a sua devida punição (Apocalipse 20:10-15).
"Durante mil anos Satanás vagueará de um lugar para outro na Terra desolada, para contemplar os resultados de sua rebelião contra a lei de Deus. Durante este tempo os seus sofrimentos serão intensos. Desde a sua queda, a sua vida de incessante atividade baniu a reflexão; agora, porém, está ele despojado de seu poder e entregue a si mesmo para contemplar a parte que desempenhou desde que a princípio se rebelou contra o governo do Céu, e para aguardar, com temor e tremor, o futuro terrível em que deverá sofrer por todo o mal que praticou, e ser punido pelos pecados que fez com que fossem cometidos."7
O judeu Marcus Moritz Kalisch, hebraísta e comentarista bíblico formado pela universidade de Berlim e pela faculdade Rabínica de Berlim, sobre este tema declara:
"Após as refinadas concepções dos versos anteriores (c), não é uma pequena surpresa deparar-se com uma noção condizente, não a definitiva, porém a mais rudimentar cena de educação religiosa - a noção do infeliz demónio ou diabo Azazel, o originador e promotor do pecado, habitando os desertos, recebendo de volta, por meio de um bode, as transgressões na qual a sua malignidade incitou os hebreus."8
"(...) Portanto, eles(d) não representavam realmente um dualismo peculiar; ainda que implícito o reconhecimento de dois antagonistas e forças opostas no mundo moral, uma vez que Azazel, embora passivo no cerimonial do dia da Expiação, foi considerado como tendo sido o mais ativo ao longo do ano como um tentador e instigador do pecado."9
"Assim como Deus e Azazel são contrastados, igualmente são o santuário e o deserto, em um reside a vida, tranquilidade, bênção e santidade, no outro situa-se o isolamento sombrio e a irreversível escassez, portanto, o covil apropriado de gnomos e espíritos malignos, que a partir de suas tenebrosas solidões iludem e corrompem a mente dos homens. Movendo-se no mesmo círculo de ideias, o Talmude declara, que no tempo do Messias 'o sedutor será levado para uma região deserta e desolada, onde ele não encontrará ninguém para hostilizar com sua sagacidade e traiçoeiras habilidades'."10
A "Enciclopédia Judaica", referência internacional quanto a história dos israelitas e do judaísmo, comenta:
"Longe de envolver o reconhecimento de Azazel como uma divindade, o envio do bode foi, como afirmado por Nahmanides(e), uma manifestação simbólica da ideia de que os pecados do povo e seus resultados malignos foram conduzidos de volta para o espírito da desolação e ruína, a origem de toda a impureza. O próprio fato de que os dois bodes foram apresentados diante de YHWH [Deus] antes que um fosse sacrificado e o outro encaminhado para o deserto, foi a prova de que Azazel não estava relacionado com YHWH [Deus], mas considerado simplesmente como a personificação da maldade, em contraste com o governo justo de YHWH [Deus]."11
O ministro presbiteriano James Hastings, graduado pela universidade de Aberdeen, foi enciclopedista e editor; e uma de suas literaturas afirma:
"(...) O exemplo mais marcante dessa transmissibilidade, todavia, é visto na principal cerimônia pela qual os pecados da nação são transferidos para a cabeça do 'bode para Azazel', 'o espírito demoníaco no deserto."12 "Azazel. O nome em hebraico do espírito no deserto a quem um dos dois bodes foi enviado, carregado com os pecados do povo, no ritual do dia da Expiação. (...) Azazel é um nome próprio no original, em particular o nome de um espírito poderoso ou demónio que supostamente habita o deserto ou 'região solitária'. (...) No livro de Enoque (f), Azazel aparece como o príncipe dos anjos caídos (...)"13
A "Chambers's Encyclopaedia", fundamentada na enciclopédia alemã "Konversations-Lexikon" (atualmente Brockhaus Enzyklopädie), traz o seguinte esclarecimento:
"Azazel, um nome que ocorre em Levítico 16, no relato das cerimônias do dia da Expiação, interpretado por alguns como o 'bode expiatório', que foi levado para o deserto carregado com os pecados do povo; por outros, com muito maior probabilidade, como uma designação de um ser a quem o bode foi enviado - Satanás, de acordo com Hengstenberg, ou um demónio da religião pré-mosaica de acordo com Ewald(g)."14
Ernst Wilhelm Hengstenberg, teólogo luterano, foi académico e professor nas universidades de Bonn e Berlim, seus trabalhos tiveram reconhecimento na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos. Quanto ao assunto em pauta, ele declara:
"A maneira na qual a frase, 'para Azazel', é contrastada com, 'para Jeová', necessariamente requer que Azazel deveria designar uma existência pessoal e se assim for, apenas Satanás pode ser cogitado. Se por Azazel, Satanás não é apresentado, não há razão para que as sortes fossem lançadas. Não veremos nenhuma razão para que a decisão fosse atribuída a Deus; pois o sumo sacerdote não atribuiu meramente um bode para oferta pelo pecado, e o outro para enviar ao deserto."15
 
A "International Standard Bible Encyclopedia", considerada uma clássica referência bíblica, foi elaborada por historiadores, arqueólogos, linguistas, lexicólogos, geógrafos, teólogos(h), entre outros profissionais. Ela traz a seguinte informação no verbete "Azazel":
"(...) Em tempos posteriores a palavra Azazel foi por muitos judeus e também pelos teólogos cristãos, como Orígenes, considerada como o próprio Satanás que havia se afastado de Deus. (...) Qualquer que seja o significado da imposição de mãos em outras condições, se a ênfase situa-se mais sobre a alienação ou na apropriação de propriedade, nesta circunstância ela é certamente apenas um símbolo da transferência de culpa, que era confessada sobre o bode e então levada para o interior do deserto através do bode sobre o qual fora colocada."16
Outra referência literária nas questões escriturísticas, e que teve a participação de vários teólogos e historiadores, é a "New Schaff-Herzog Encyclopedia of Religious Knowledge". Em seu verbete, "Azazel", ela comenta:
"O significado da palavra tem ocasionado muita discussão. Partindo do fato de que 'para o Senhor' e 'para Azazel' estão em oposição (verso 8), muitos acreditam que ele seja o nome de um ser contrário ao Senhor: um monstro no deserto, um demónio, ou precisamente Satanás. (...) O contraste entre 'para Senhor' e 'para Azazel', no verso 8 porém, favorece a interpretação de Azazel como um nome próprio, e por si mesmo sugere uma referência a Satanás."17
O "Novo Dicionário da Bíblia" (New Dictionary of Bible), considerado o maior produto da Tyndale Fellowship for Biblical Research, esclarece:
"O termo 'azazel (em nossa versão, 'bode emissário') ocorre somente na descrição sobre o dia da Expiação (Lv 16.8, 10, 26). Há quatro interpretações possíveis: 1. A palavra denota o 'bode emissário' (...). 2. É usada como infinitivo, "a fim de remover" (...). 3. Significa uma região(i) desolada (cf. Lv 26.22). 4. É o nome de um demónio que vagueava naquela região (...). A maioria dos eruditos prefere esta última possibilidade, já que no verso 8 o nome aparece em paralelismo ao nome do Senhor. Como anjo caído, Azazel é frequentemente mencionado em Enoque (6.6 em diante), mas provavelmente o autor do livro adquiriu essa ideia de Lv 16. O significado do ritual deve ser que o pecado, de maneira simbólica, foi removido da sociedade humana e levado para a região da morte (cf. Mq 7.19). Não é subentendido que um sacrifício fosse apresentado ao demónio (cf. Lv 17.7)."18
Thomas Kelly Cheyne(j) (clérigo anglicano) e John Sutherland Black(l) (escritor escocês), publicaram a "Encyclopaedia Biblica", e desta extrai-se a seguinte declaração:
"O significado de Azazel é muito discutido; é, claro, um assunto fortemente relacionado com a investigação sobre a origem de seu uso. Pelo menos é certo que, enquanto Azazel recebe um bode, Jeová recebe outro, ambos devem ser seres individuais. (...) Em todo o caso, devemos admitir que os antigos tradutores que identificaram Azazel com Satanás têm alguma plausibilidade do lado deles. Podemos, ao menos, ousar a dizer com Reuss(m) que: 'a concepção de Azazel situa-se no caminho que posteriormente conduzirá ao diabo'. Pois Azazel é certamente descrito em algum sentido como um ser hostil a Deus."19
O Alcorão, livro sagrado islâmico, também refere-se a Azazel como sendo Satanás:
"O diabo (Sheitan ou Iblis) tem como nome próprio Azazel. Ele foi expulso do Éden por rejeitar a se prostrar diante de Adão, quando Deus ordenou-lhe (Surah 7:10-17). Sua hoste demoníaca é numerosa e terrível."20
 
Considerações Finais
Quão apropriado é o último ato de Deus no trato com o pecado, fazer retornar sobre a cabeça de Satanás todos os pecados e culpas que, partindo originalmente dele, causaram uma vez tal tragédia na vida daqueles que agora foram libertados pelo sangue expiatório de Cristo. Completa-se desta forma o ciclo, encerra-se o drama. Somente quando Satanás, o instigador do pecado, for finalmente removido, poder-se-á afirmar apropriadamente que o pecado foi erradicado do universo de Deus. Neste sentido harmonizado podemos entender de que modo o bode emissário [bode de Azazel] tomava parte na 'expiação' (Levítico 16:10). Com os justos estando salvos, os pecadores 'desarraigados' e Satanás não mais existindo, então - e somente então - estará o universo no mesmo estado de harmonia em que se encontrava antes do surgimento do pecado.21
 Bibliografia:
Texto baseado em: Nisto Cremos, 7.ª ed., 2003, São Paulo: CPB, cap. 23, p. 414-415; ibidem, cap. 26, p. 473-474.
a. Tampa (cobertura) da arca da aliança que armazenava os Dez Mandamentos, e onde Deus Se manifestava (Êxodo 25:17-22).
b. Acesse: O Tribunal Celestial; Jesus, o Advogado
c. Levítico 16:1-5.
d. O bode para o Senhor e o bode para Azazel.
e. Moses Ben Nahman (Nahmanides), atuou como rabino em Gerona e rabino-chefe em Catalunha. Entre os principais estudiosos rabínicos da Espanha, Nahmanides foi pressionado a participar de um debate público com os cristãos diante do rei James I de Aragão, e de seus súditos mais notáveis. Após sua vitória nesse debate foi forçado a fugir da Espanha. Fonte: Nahmanides. (2010). Encyclopædia Britannica. Chicago: Encyclopædia Britannica.
f. Obra literária apócrifa que centraliza seus temas no patriarca Enoque registrado no livro de Génesis.
g. Georg Heinrich von Ewald foi professor de Antigo Testamento e de idiomas orientais na universidade of Göttingen e, de teologia na universidade de Tübingen.
h. Anglicanos, batistas, congregacionalistas, luteranos, metodistas, presbiterianos, e etc.
i. Alguns atribuem que Azazel seja alguma localidade geográfica, porém, não existe nenhum lugar registrado com esse nome. Moisés, frequentemente mencionava o nome das regiões e localidades citadas nos seus escritos, por exemplo: montes de Seir, monte Horebe, monte Sinai, deserto de Berseba, deserto de Sur, deserto de Sin, e etc. Outro fator que inviabiliza esta interpretação eram as constantes mudanças do acampamento de Israel que impossibilitaria a ida neste suposto local. Fonte: JENNINGS, D. (1837). Jewish Antiquities, 9.ª ed., London: Thomas Tegg and Son, book III, chap. VIII, p. 450; Azazel. (1915). International Standard Bible Encyclopedia, vol. I, Chicago: Howard-Severance Company, p. 343a.
j. Foi professor de Antigo Testamento na Balliol College, e de interpretação da Sagrada Escritura na Oxford University.
l. Foi autor e editor do "Dictionary of National Biography" e colaborador da "Encyclopædia Britannica" (1911).
m. Édouard Guillaume Eugène Reuss foi teólogo luterano e filósofo, estudou teologia na universidade de Göttingen e línguas orientais na universidade de Halle. Entre suas obras literárias, destaca-se a "Die Geschichte der Heiligen Schriften des Alten Testaments", que é uma enciclopédia da história de Israel, abrangendo deste o seu início até a invasão de Jerusalém pelo general Tito.
1. Levítico 16:16 cf Hebreus 9:13-14; Daniel 8:14 cf Hebreus 8:1-3, Hebreus 9:23-25.
2. Hasel, Studies in Biblical Atonement II: The Day of Atonement. In: Sanctuary and Atonement, p. 115 e 125.
3. Hasel, The "Little Horn", the Saints, and the Sanctuary in Daniel 8. In: Sanctuary and Atonement, p. 206-207; TREIYER, Day of Atonement, p. 252-253.
4. Isso indica que a situação da Terra durante o milênio reflete pelo menos, em parte, as condições da Terra no princípio, quando ela era "sem forma e vazia e as trevas cobriam a face do abismo." (Gênesis 1:2). Fonte: SDA Bible Commentary, edição revista, vol. 7, p. 879.
5. WHITE, E. G. Grande Conflito, O; São Paulo: CPB, sec. IV, cap. 41, p. 658-659.
6. II Tessalonicenses 2:7-8 cf. Apocalipse 16:18-21, Jeremias 25:31-33, Malaquias 4:1-3.
7. WHITE, E. G. ob. cit., p. 660.
8. KALISCH, M. M. (1872). A Historical and Critical Commentary on the Old Testament, vol. III, part. II, London: Longmans and Co., chap. XVI, p. 207b-208.
9. Ibidem, p. 209b.
10. Ibidem, p. 210a.
11. Azazel. (1902). The Jewish Encyclopedia, vol. II, New York: KTAV Publishing House, Inc., p. 366 (Azazel Personification of Imputiry).
12. HASTINGS, J.; et. al. (1909). Dictionary of the Bible, New York: Charles Scribner's Sons, p. 75b (Atonement, Day of).
13. ibidem, p. 77 (Azazel).
14. Azazel. (1901). Chambers's Encyclopaedia: A Dictionary of Universal Knowledge, vol. I, London: William & Robert Chambers, p. 621.
15. HENGSTENBERG, E. W. (1850). Egypt and the Books of Moses, N.Y.: Robert Carter & Brothers, chap. VI, p. 170-171.
16. Azazel. (1915). International Standard Bible Encyclopedia, vol. I, Chicago: Howard-Severance Company, p. 343-344. Too in: BEECHER, C. (1864). Redeemer and Redeemed: An Investigation of the Atonement and of Eternal Judgment, Boston: Lee and Shepard, p. 68.
17. Azazel. (1951). The New Schaff-Herzog Encyclopedia of Religious Knowledge, vol. I, Grand Rapids, MI: Baker Book House, p. 824.
18. DOUGLAS, J. D.; et. al. (2006). O Novo Dicionário da Bíblia, 3.ª ed., São Paulo: Vida Nova, p. 135.
19. Azazel. (1899). Encyclopaedia Biblica: A Critical Dictionary of the Literary Political and Religious History the Archaeology, Geography and Natural History of the Bible, vol. I, Toronto: George Morang & Company, colunn 395.
20. ZWEMER, S. M. (1907). Islan: A Challenge to Faith, New York: Student Volunteer Movement, chap. IV, p. 89.
21. SDA Bible Commentary, edição revista, vol. I, p. 778.

O Santuário

A passagem que, mais que todas as outras, havia sido tanto a base como a coluna central da fé do advento, foi a declaração: "Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado." Dan. 8:14. Estas palavras haviam sido familiares a todos os crentes na próxima vinda do Senhor. Era esta profecia repetida com alegria pelos lábios de milhares, como a senha de sua fé. Todos sentiam que dos acontecimentos nela preditos dependiam suas mais brilhantes expectativas e mais acariciadas esperanças. Ficara demonstrado que estes dias proféticos terminariam no outono de 1844. Em conformidade com o resto do mundo cristão, os adventistas admitiam, nesse tempo, que a Terra, ou alguma parte dela, era o santuário. Entendiam que a purificação do santuário fosse a purificação da Terra pelos fogos do último grande dia, e que ocorreria por ocasião do segundo advento. Daí a conclusão de que Cristo voltaria à Terra em 1844.
Porém, o tempo indicado passou e o Senhor não apareceu. Os crentes sabiam que a Palavra de Deus não poderia falhar; deveria haver engano na interpretação da profecia; onde, entretanto, estava o engano? Muitos cortaram temerariamente o nó da dificuldade, negando que os 2300 dias terminassem em 1844. Nenhuma razão se poderia dar para esta posição, exceto que Cristo não viera na ocasião esperada. Argumentaram que, se os dias proféticos houvessem terminado em 1844, Cristo teria então voltado para purificar o santuário mediante a purificação da Terra pelo fogo; e, visto que Ele não aparecera, os dias não poderiam ter terminado.
Embora a maioria abandonasse a anterior contagem dos períodos proféticos, negando a exatidão do movimento nela baseada, uns poucos não estavam dispostos a renunciar a pontos de fé e experiência que eram apoiados pelas Escrituras e pelo especial testemunho do Espírito de Deus. Criam ter adotado sólidos princípios de interpretação no estudo das Escrituras, sendo seu dever reter firmemente as verdades já adquiridas e continuar o mesmo método de exame bíblico. Com fervorosa oração examinaram sua atitude e estudaram as Escrituras para descobrir onde haviam errado. Como não pudessem ver engano nenhum em sua explicação dos períodos proféticos, foram levados a examinar mais particularmente o assunto do santuário.
Os Dois Santuários
Aprenderam, em suas pesquisas, que o santuário terrestre, construído por Moisés de acordo com o modelo a ele mostrado no monte, por ordem de Deus, era uma "alegoria para o tempo presente, em que se oferecem dons e sacrifícios" (Heb. 9:9); que seus dois lugares santos eram "figuras das coisas que estão no Céu" (Heb. 9:23); que Cristo, nosso grande Sumo Sacerdote, é "ministro do santuário, e do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem" (Heb. 8:2); que "Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo Céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus". Heb. 9:24.
O santuário do Céu, no qual Jesus ministra em nosso favor, é o grande original, de que o santuário construído por Moisés foi uma cópia. Assim como no santuário terrestre havia dois compartimentos, o santo e o santíssimo, existem dois lugares santos no santuário celestial. A arca contendo a lei de Deus, o altar de incenso e outros instrumentos, que se encontravam no santuário de baixo, também têm sua parte correspondente no santuário de cima. Em santa visão, foi permitido ao apóstolo João penetrar no Céu, e ele contemplou ali o castiçal e o altar de incenso e quando "abriu-se no céu o templo de Deus", contemplou também "a arca do Seu concerto". Apoc. 11:19.
Os que estavam buscando a verdade encontraram prova indiscutível da existência de um santuário no Céu. Moisés fez o santuário terrestre segundo o modelo que lhe foi mostrado. Paulo declara que aquele modelo era o verdadeiro santuário que está no Céu. Heb. 8:2 e 5. E João testifica de que o viu no Céu.
Em 1844, com a terminação dos 2300 dias, não mais existia o santuário terrestre havia já séculos; portanto, o santuário celestial era o único que poderia ser trazido à luz nessa declaração: "Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado." Dan. 8:14. Mas, como o santuário celestial necessitava de purificação? Retornando às Escrituras, os estudantes das profecias aprenderam que a purificação não era uma remoção de impurezas físicas, pois isso devia ser realizado com sangue e, portanto, devia ser uma purificação do pecado. Assim diz o apóstolo: "Era bem necessário que as figuras das coisas que estão no Céu assim se purificassem [o sangue de animais]; mas as próprias coisas celestiais com sacrifícios melhores do que estes [o precioso sangue de Cristo]." Heb. 9:23.
A fim de obter mais conhecimento da purificação apontada pela profecia, era necessário entender o ministério do santuário celestial. Isto poderia ser aprendido somente pelo ministério do santuário terrestre, visto que Paulo declara que os sacerdotes nele oficiavam e serviam "de exemplar e sombra das coisas celestiais". Heb. 8:5.
A Purificação do Santuário
Como antigamente os pecados do povo eram transferidos, em figura, para o santuário terrestre mediante o sangue da oferta pelo pecado, assim nossos pecados são, de fato, transferidos para o santuário celestial, mediante o sangue de Cristo. E como a purificação típica do santuário terrestre se efetuava mediante a remoção dos pecados pelos quais se poluíra, consequentemente, a real purificação do santuário celeste deve efetuar-se pela remoção, ou apagamento, dos pecados que ali estão registrados. Isso necessita um exame dos livros de registro para determinar quem, pelo arrependimento dos pecados e fé em Cristo, tem direito aos benefícios de Sua expiação. A purificação do santuário, portanto, envolve uma obra de juízo investigativo. Isto deve efetuar-se antes da vinda de Cristo para resgatar Seu povo, pois quando vier, Sua recompensa estará com Ele para dar a cada um segundo as suas obras. Apoc. 22:12.
Assim, os que seguiram a luz da palavra profética viram que, em vez de vir Cristo à Terra, ao terminarem em 1844 os 2.300 dias, entrou Ele então no lugar santíssimo do santuário celeste, a fim de levar a efeito a obra final da expiação, preparatória à Sua vinda.