Aplicação Histórica das Trombetas: A Sexta Trombeta

Pelo fato de não se prever arrependimento, a sexta trombeta segue a um segundo ai. Agora é dado a Satanás mais liberdade para revelar o seu verdadeiro caráter e para levar a cabo seu o objetivo diabólico de destruir a terra e todos os seus moradores. Entretanto, Deus permite a acção das forças do a agirem na hora exata que escolheu (ver Apoc. 9:15). Então, o ai desta trombeta dirige à confrontação definitiva final entre Satanás e os seus exércitos por um lado, e Cristo e os Seus exércitos pelo outro:
"O sexto anjo tocou a trombeta, e ouvi uma voz procedente dos quatro ângulos do altar de ouro que se encontra na presença de Deus, dizendo ao sexto anjo, o mesmo que tem a trombeta: Solta os quatro anjos que se encontram atados junto ao grande rio Eufrates. Foram, então, soltos os quatro anjos que se achavam preparados para a hora, o dia, o mês e o ano, para que matassem a terça parte dos homens. O número dos exércitos da cavalaria era de vinte mil vezes dez milhares; eu ouvi o seu número" (Apoc. 9:13-16).

Esta trombeta de guerra recorda primeiro à igreja o propósito misericordioso deste juízo, assinalando a sua origem do "altar de ouro que estava diante de Deus", em forma específica seus "chifres". Estes chifres representam o lugar onde o sacerdócio Levítico orvalhava o sangue da expiação para Israel (Lev. 4:7, 18, 25).
A voz celestial é a resposta divina às orações dos santos oprimidos (Apoc. 6:9). A resposta chega na ordem: "Solta os quatro anjos que estão atados junto ao grande rio Eufrates" (9:14).

Estes 4 anjos são claramente anjos maus, os líderes de uma multidão de demónios. O Eufrates é um símbolo importante, porque no Antigo Testamento representava os arqui-inimigos de Israel que invadiram sua terra como uma inundação transbordante (ver Isa. 8:8, 9; Jer. 46:2, 10). Soltar "os quatro anjos" no Eufrates no tempo do fim significa um conflito mundial contra o povo de Deus. O número "quatro" simboliza todas as direções da bússola (Apoc. 7:2; 20:7).

De novo João descreve os cavalos e os seus cavaleiros como havia descrito as lagostas na trombeta anterior: como poderes demoníacos inumeráveis (Apoc. 9:17-19). Ao mesmo tempo são os instrumentos do juízo divino sobre um mundo unido em rebelião contra Deus. Matam uma terça parte da humanidade (vs. 15, 18) por meio de "fogo, fumaça e enxofre'" que sai das "bocas" dos cavalos" (vs. 18, 19). A qualidade demoníaca destas três pragas está indicada pela frase repetida de que estas pragas infernais "saíam de sua boca" (vs. 18, 19; ver 16:13, 14).

Em essência, o significado deste juízo se desdobra posteriormente na segunda metade do Apocalipse, onde o rio Eufrates está de novo descrito como os seguidores mundiais da meretriz "Babilónia" (Apoc. 17:1, 15). Essas multidões se voltam finalmente contra Babilónia e a queimam com "fogo" (V. 16) para cumprir o propósito divino (V. 17).

O ponto de atividade da sexta trombeta está estritamente sobre a multidão esmagadora (João só "ouviu" seu número) de forças demoníacas que matam uma grande parte da humanidade. Essas pessoas estavam presumivelmente desprotegida contra as doutrinas e poderes demoníacos. Estavam sem o selo protetor de Deus, sendo adoradores de demónios e de ídolos (Apoc. 9:20). D. Ford o explicou assim:

"As multidões que rechaçaram o sangue da expiação, o incenso da justiça de Cristo, o refrigério dos rios e das fontes divinas, e a luz dos corpos celestiais, não tem amparo contra as doutrinas de demónios, e finalmente, não tem amparo contra os próprios demônios".14

É esclarecedora a observação de que a sexta trombeta apresenta uma contraparte surpreendente ao selamento dos 144.000 servos de Deus em Apocalipse 7. Jon Paulien apresenta um sumário de seus paralelos importantes:

"Em ambas as seções [Apoc. 7:1-4 e 9:14-16], atar e desatar estão relacionados com os quatro anjos. Em ambas as seções, está-se contando um povo: em Apocalipse 7 ao povo de Deus; em Apocalipse 9 a seus equivalentes demoníacos. E estes são os dois únicos lugares no Apocalipse que contêm as palavras misteriosas: 'Ouvi o número' [ékusa ton arithmón]'. Se o tempo de graça segue durante a sexta trombeta e termina com o toque da sétima trombeta, a sexta trombeta é o equivalente histórico exato de Apocalipse 7:18. É a última oportunidade para a salvação, exatamente antes do fim".15

Chega a ser evidente que Deus desenhou um plano básico de acordo com o qual a história humana seguirá seu curso e alcançará seu objetivo indicado. Quando Deus tirar o freio de Satanás, este adversário poderá unir todas suas forças terrestres e demoníacas. Por outro lado, Cristo concederá o poder do Espírito Santo em sua plenitude a seus seguidores, o remanescente fiel (Apoc. 18:1). Apesar de tudo, os 200 milhões de cavaleiros ímpios não poderão destruir aos 144.000 servos de Cristo porque possuem o selo da proteção divina. Estes movimentos notavelmente paralelos se desenvolvem em forma adicional em Apocalipse 16:13-16. Ali Cristo anima a seus fiéis a estar alerta e a estar vestidos com a armadura de sua justiça para que suas bênçãos permaneçam sobre eles (v. 15), enquanto os seguidores do dragão, a besta e o falso profeta em todo mundo se encaminham para seu "Armagedom" (vs. 13-16).

Enquanto a sexta trombeta mostra uma destruição e decepção demoníacas em aumento, ainda trata com o tempo anterior ao fim (Apoc. 10:6). Como ensinam de maneira impressionante as visões subsequentes de Apocalipse 10 e 11, a sexta trombeta também inclui o período da oportunidade final para todas as pessoas, com o fim de que respondam ao testemunho do tempo do fim do evangelho eterno de Cristo (ver Apoc. 10:11; 11:7). Metzger assinala:
"Embora as imagens sejam horrendas, a intenção total do toque das sete trombetas não é infligir vingança e sim levar as pessoas ao arrependimento. Embora não se faz nada para minimizar a gravidade do pecado e da rebelião contra Deus, há uma ênfase tremenda na paciência e misericórdia de Deus. Em vez de uma destruição total, só é afetado um terço (9:18) ou alguma outra fração do total. A fração é simbólica da misericórdia de Deus".16

O simbolismo do tempo que se usa em Apocalipse 9:15 indicando que se soltam os 4 anjos de destruição "para aquela hora, dia, mês e ano" (CI; cf. BJ, NBE, JS, RC, BLH) é significativo e merece uma atenção especial. O original tem o artigo definido [ten, o] antes de toda esta frase fazendo de todas as suas partes uma unidade sintática, sem considerar cada parte em forma separada.
A ideia tradicional de que Apocalipse 9:15 indica quatro períodos de tempo separados ou independentes, não pode dar-se por assentado desta frase bíblica. Também pode legitimamente entender-se como um momento no tempo divinamente indicado. Se o virmos dessa forma, a sexta trombeta assinala para frente, o fim do tempo de graça, quando começa a sétima trombeta com as últimas pragas. Esse momento de tempo pavoroso pode identificar-se com a declaração profética de Apocalipse 22:11: "quem é injusto continue sendo injusto... o justo continue fazendo justiça" (CI). Este decreto é pronunciado ao concluir o juízo investigativo (ver 14:7). O ser humano deve viver conforme a sua eleição para que manifestem o seu verdadeiro carácter. Cada pessoa de cada época manifestará na segunda Vinda de Cristo a quem escolheu pertencer. Portanto, a sexta trombeta ensina que Deus domina os tempos de Satanás e lhe determinou um tempo limite absoluto. Em forma parecida, Roy Naden comenta Apocalipse 9:15:
"A sexta trombeta termina na hora assinalada, num dia, num mês, num ano (note a quádrupla descrição indicando o significado 'universal' do momento). Quando soar essa hora, terminará o tempo de graça e não haverá mais oportunidade para que nenhuma pessoa mude a sua lealdade... O Pai baixará o pano de fundo do tempo de graça da história na mesma hora já determinada".17
Antes que chegue esse momento, Deus remove gradualmente sua proteção e seu poder restritivo, mostrando aos homens os frutos amargos de suas próprias idolatrias e seu ódio contra o Criador e contra seus fiéis seguidores. Estes juízos das 6 trombetas não representam a Deus como o executor dos decretos divinos. Antes demonstram o "poder vingador de Satanás sobre os que se rendem ao seu controle".18 Satanás se oporá em forma persistente a Deus e à proclamação do evangelho até a hora final do tempo de graça.

Enfoque Especial sobre os Acontecimentos do Tempo do Fim
As trombetas acentuam seu enfoque crescente no tempo do fim por meio da declaração de uma voz celestial: "Ai! Ai! Ai dos que moram na terra, por causa das restantes vozes da trombeta dos três anjos que ainda têm de tocar!" (Apoc. 8:13). Dessa maneira, as visões das 3 últimas trombetas são juízos intensificados ou "ais", e formam a transição das advertências divinas aos ais demoníacos. Paulien declara com acuidade: "Nestes ais, Deus, para seus próprios propósitos, permite que as forças do mal se incrementem até que alcancem virtualmente o domínio do cenário da terra".19

Como é típico no Apocalipse, o lado escuro está equilibrado por uma visão brilhante para o tempo do fim. Assim como João inseriu uma visão de israelitas vitoriosos em Apocalipse 7 entre o sexto selo e o sétimo, assim agora insere algumas visões animadoras para o povo de Deus do tempo do fim entre a sexta e a sétima trombeta, ou seja: Apocalipse 10 e 11:1-13.
O plano literário particular de um parêntese entre o sexto e o sétimo selo e de novo entre as trombetas correspondentes tem um propósito específico. Estes interlúdios são refletores que se ampliam sobre os acontecimentos do tempo do fim em conexão com o sexto episódio de cada série profética. Dessa forma, Apocalipse 7 apresenta o selamento dos 144.000 israelitas espirituais como o equivalente da cena espantosa de juízo do sexto selo (Apoc. 6:12-17).

Nas visões de Apocalipse 10 e 11, João introduz o equivalente positivo das ameaças e ais demoníacos das últimas trombetas. Isto significa que as visões de Apocalipse 7, 10 e 11 transladam o leitor ao tempo do fim, quer dizer, aos acontecimentos finais da era da igreja. Estas visões que iluminam estão designadas para consolar e animar o povo de Deus do tempo do fim. Os seguidores de Cristo recebem seu cuidado especial e são chamados por um mandato específico a cumprir sua missão apesar da oposição cruel e do sofrimento (Apoc. 7:14; 10:1-11). Receberão um poder extraordinário para dar seu testemunho quando se intensificar a luta entre o anticristo e a igreja remanescente. Deus vindicará no fim a suas testemunhas verdadeiras, que dão a ele toda a honra e a glória (Apoc. 11:1-13).

Hans K. LaRondelle
Referências:
14 D. Ford, Crisis! A Commentary on the Book of Revelation, t. 2, p. 458.
15 Paulien. "Seals and Trumpets: Some Current Discussions" [Os Selos e as Trombetas: Algumas Discussões Atuais], Simpósio sobre o Apocalipse, T. 1, p. 196.
16 Metzger, Breaking the Code. Understanding the Book of Revelation, p. 66.
17 Naden, P. 152.
18 Ellen White, GC 36.
19 Paulien, Decoding Revelation's Trumpets. Literary Allusions and Interpretation of Revelation 8:7-12, p. 417.

Preparação Pr. José Carlos Costa

Analisando Hebreus 9:12: Jesus Entrou no Lugar Santo ou Santíssimo?

A tradução de João Ferreira de Almeida Revista e Atualizada de Hebreus 9:12 afirma que Jesus entrou no Lugar Santíssimo por ocasião de sua ascensão aos Céus:
Hebreus 9:12: não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção.

Esta edição da Almeida se enganou em sua tradução do grego. Para fazer prova inequívoca deste fato iremos citar 10 traduções bíblicas que não concordam com a tradução da Almeida Revista e Atualizada:

A Edição em Espanhol Reina Valera afirma:
Hebreus 9:12: Y no por sangre de machos cabríos ni de becerros, mas por su propia sangre, entró una sola vez en el santuario, habiendo obtenido eterna redención.

A tradução mais exaltada da língua inglesa, a King James, afirma que Jesus entrou no Lugar Santo:
Hebreus 9:12: Neither by the blood of goats and calves, but by his own blood he entered in once into the holy place, having obtained eternal redemption for us.

A tradução Italiana de Giovanni Diodati (1649) afirma:
Hebreus 9:12: e non per sangue di becchi e di vitelli; ma per lo suo proprio sangue, è entrato una volta nel santuario, avendo acquistata una redenzione eterna.

A própria João Ferreira de Almeida Atualizada, afirma:
Hebreus 9:12: e não pelo sangue de bodes e novilhos, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez por todas no santo lugar, havendo obtido uma eterna redenção.

A Tradução das Testemunhas de Jeová (Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas de 1986), dizem:
Hebreus 9:12: ele entrou no lugar santo, não, não com o sangue de bodes e novilhos, mas com o seu próprio sangue, de uma vez para sempre e obteve [para nós] um livramento eterno.

A maior prova, no entanto, vem das traduções católicas que foram feitas por pessoas que passaram a vida estudando grego e latim:

A Bíblia AVE MARIA diz:
Hebreus 9:12: sem levar consigo o sangue de carneiros ou novilhos, mas com seu próprio sangue, entrou de uma vez por todas no santuário, adquirindo-nos uma redenção eterna.

A Bíblia da CNBB afirma:
Hebreus 9:12: Ele entrou no Santuário, não com o sangue de bodes e bezerros, mas com seu próprio sangue, e isto, uma vez por todas, obtendo uma redenção eterna.

The New American Bible (Católica)
Hebreus 9:12: he entered once for all into the sanctuary, not with the blood of goats and calves but with his own blood, thus obtaining eternal redemption.

A Revised Standart Version diz:
Hebreus 9:12: he entered once for all into the Holy Place, taking not the blood of goats and calves but his own blood, thus securing an eternal redemption.

A Bíblia Latino Americana atesta:
Hebreus 9:12: Y no fue la sangre de chivos o de novillos la que le abrió el santuario, sino su propia sangre, cuando consiguió de una sola vez la liberación definitiva.

Como podemos ver as traduções de Hebreus 9:12 constam que Jesus entrou no LUGAR SANTO ou no SANTUÁRIO por ocasião de sua ascensão. A razão é simples: quando se entra no Santuário o primeiro compartimento é o lugar santo. A Tradução Almeida Revista e Atualizada no Brasil está errada como mostra as demais edições internacionais, com destaque para a King James, que é exaltada por todas as igrejas dos países de fala inglesa. O testemunho das Bíblias católicas e da Bíblia das testemunhas de jeová é deveras interessante pois estas igrejas não possuem uma doutrina do Santuário e não sabem que Jesus apenas entrou no lugar santíssimo 18 séculos depois de sua ascensão.

Para saber mais: Bíblia de 1681 Confirma a Doutrina do Santuário.

Fonte