Encerramento do Ministério de Cristo no Santuário Celestial

A pregação de um tempo definido para o juízo, na proclamação da primeira mensagem, foi ordenada por Deus. O cômputo dos períodos proféticos nos quais se baseava aquela mensagem, localizando o final dos 2.300 dias no outono de 1844, paira acima de qualquer contestação. — O Grande Conflito, 457. {CS 109.1}
“Eu continuei olhando”, diz o profeta Daniel, “até que foram postos uns tronos, e um Ancião de dias Se assentou: o Seu vestido era branco como a neve, e o cabelo de Sua cabeça como a limpa lã; o Seu trono chamas de fogo, e as rodas dele fogo ardente. Um rio de fogo manava e saía de diante d´Ele; milhares de milhares O serviam, e milhões de milhões estavam diante d´Ele: assentou-se o juízo, e abriram-se os livros.” Daniel 7:9, 10. {CS 109.2}
Assim foi apresentado à visão do profeta o grande e solene dia em que o caráter e vida dos homens passariam em revista perante o Juiz de toda a Terra, e cada homem seria recompensado “segundo as suas obras”. O Ancião de dias é Deus, o Pai. Diz o salmista: “Antes que os montes nascessem, ou que Tu formasses a Terra e o mundo, sim, de eternidade a eternidade, Tu és Deus.” Salmos 90:2. É Ele, fonte de todo ser e de toda lei, que deve presidir ao juízo. E santos anjos, como ministros e testemunhas, em número de “milhares de milhares, e milhões de milhões”, assistem a esse grande tribunal. {CS 109.3}
“E, eis que vinha nas nuvens do céu Um como o Filho do homem: e dirigiu-Se ao Ancião de dias, e O fizeram chegar até Ele. E foi-Lhe dado o domínio e a honra, e o reino, para que todos os povos, nações e línguas O servissem: O Seu domínio é um domínio eterno, que não passará.” Daniel 7:13, 14. A vinda de Cristo aqui descrita não é a Sua segunda vinda à Terra. Ele vem ao Ancião de dias, no Céu, para receber o domínio, a honra, e o reino, os quais Lhe serão dados no final de Sua obra de mediador. É esta vinda, e não o Seu segundo advento à Terra, que foi predita na profecia como devendo ocorrer ao terminarem os 2.300 dias, em 1844. Assistido por anjos celestiais, nosso grande Sumo-Sacerdote entra no lugar santíssimo, e ali comparece à presença de Deus a fim de Se entregar aos últimos atos de Seu ministério em prol do homem, a saber: realizar a obra do juízo de investigação e fazer expiação por todos os que se verificarem com direito aos benefícios da mesma. {CS 110.1}
Que únicos casos são considerados?
No cerimonial típico, somente os que tinham vindo perante Deus com confissão e arrependimento, e cujos pecados, por meio do sangue da oferta para o pecado, eram transferidos para o santuário, é que tinham parte na cerimónia do dia da expiação. Assim, no grande dia da expiação final e do juízo de investigação, os únicos casos a serem considerados são os do povo professo de Deus. O julgamento dos ímpios constitui obra distinta e separada, e ocorre em ocasião posterior. “É tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e, se primeiro começa por nós, qual será o fim daqueles que são desobedientes ao evangelho?” 1 Pedro 4:17. {CS 110.2}
Os livros de registro no Céu, nos quais estão relatados os nomes e ações dos homens, devem determinar a decisão do juízo. Diz o profeta Daniel: “Assentou-se o juízo, e abriram-se os livros.” O escritor do Apocalipse, descrevendo a mesma cena, acrescenta: “Abriu-se outro livro, que é o da vida; e os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras.” Apocalipse 20:12. {CS 110.3}
O livro da vida contém os nomes de todos os que já entraram para o serviço de Deus. Jesus ordenou a Seus discípulos: “Alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos Céus.” Lucas 10:20. Paulo fala de seus fiéis cooperadores, “cujos nomes estão no livro da vida”. Filipenses 4:3. Daniel, olhando através dos séculos para um “tempo de angústia, qual nunca houve”, declara que se livrará o povo de Deus, “todo aquele que se achar escrito no livro.” E João, no Apocalipse, diz que apenas entrarão na cidade de Deus aqueles cujos nomes “estão inscritos no livro da vida do Cordeiro.” Daniel 12:1; Apocalipse 21:27. {CS 110.4}
“Há um memorial escrito diante” de Deus, no qual estão registradas as boas ações dos “que temem ao Senhor, e para os que se lembram do Seu nome.” Malaquias 3:16. Suas palavras de fé, seus atos de amor, acham-se registrados no Céu. Neemias a isto se refere quando diz: “Deus meu, lembra-Te de mim; e não risques as beneficências que eu fiz à casa de meu Deus.” Neemias 13:14. No livro memorial de Deus toda ação de justiça se acha imortalizada. Ali, toda tentação resistida, todo mal vencido, toda palavra de terna compaixão que se proferir, acham-se fielmente historiados. E todo ato de sacrifício, todo sofrimento e tristeza, suportado por amor a Cristo, encontra-se registrado. Diz o salmista: “Tu contaste as minhas vagueações: põe as minhas lágrimas no Teu odre: não estão elas no Teu livro?” Salmos 56:8. {CS 111.1}
Há também um relatório dos pecados dos homens. “Porque Deus há-de trazer a juízo toda a obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom quer seja mau.” “De toda a palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo.” Disse o Salvador: “por tuas palavras serás justificado, e por tuas palavras serás condenado.” Eclesiastes 12:14; Mateus 12:36, 37. Os propósitos e intuitos secretos aparecem no infalível registro; pois Deus “trará à luz as coisas ocultas das trevas, e manifestará os desígnios dos corações.” 1 Coríntios 4:5. “Eis que está escrito diante de Mim: ... as vossas iniquidades, e juntamente as iniquidades de vossos pais, diz o Senhor.” Isaías 65:6, 7. {CS 111.2}
A obra de cada homem passa em revista perante Deus, e é registrada pela sua fidelidade ou infidelidade. Ao lado de cada nome, nos livros do Céu, estão escritos, com terrível exatidão, toda má palavra, todo ato egoísta, todo dever não cumprido, e todo pecado secreto, juntamente com toda artificiosa hipocrisia. Advertências ou admoestações enviadas pelo Céu, e que foram negligenciadas, momentos desperdiçados, oportunidades não aproveitadas, influência exercida para o bem ou para o mal, juntamente com seus resultados de vasto alcance, tudo é historiado pelo anjo relator. {CS 111.3}
A lei de Deus é a norma
A lei de Deus é a norma pela qual o caráter e vida dos homens serão aferidos no juízo. Diz o sábio: “Teme a Deus, e guarda os Seus mandamentos porque este é o dever de todo o homem. Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra.” Eclesiastes 12:13, 14. O apóstolo Tiago admoesta a Seus irmãos: “Assim falai, e assim procedei, como devendo ser julgados pela lei da liberdade.” Tiago 2:12. {CS 112.1}

Exortações Encontradas no Estudo do Santuário

Texto principal
"Tendo grande Sacerdote sobre a casa de Deus, aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura" (Hb 10:21, 22).

No livro de Hebreus, passagens sobre a fé cristã se alternam com passagens sobre a vida cristã. Em outras palavras, a teologia tem implicações práticas. O "quê" da fé leva ao "como" do viver a fé. Depois de pintar o magnífico quadro teológico de Cristo como nosso sacrifício e Sumo Sacerdote (Hb 7:1–10:18), o autor de Hebreus encorajou e exortou os cristãos a viver de acordo com as implicações dessas verdades. Essa exortação é especialmente vista em Hebreus 10:19-25.

Em grego, essa passagem é uma frase longa e complexa. Ela consiste de dois fatos básicos que levam a três exortações, cada uma delas começando com um apelo especial (aproximemo-nos, guardemos e consideremos). Cada uma das exortações contém um dos elementos da tríade familiar da fé, esperança e amor. Além disso, cada uma das exortações contém outro aspecto da fé cristã.

Nesta semana, estudaremos Hebreus 10:19-25 e suas exortações práticas para a vida cristã.

Acesso ao santuário celestial
1. Leia Hebreus 4:16; 6:19, 20; 10:19-21. A que os cristãos têm acesso, e o que isso significa para nós? Que esperança é oferecida ali e que impacto essa esperança deve ter sobre nossa vida e fé?

Pela fé, os cristãos têm acesso ao santuário celestial, ao próprio trono de Deus. Podemos buscar intimidade com Deus, porque nossa "entrada" se tornou possível pelo sangue de Cristo e porque Ele nos representa como Sumo Sacerdote. Os textos nos asseguram que nossa alma tem uma âncora, Jesus Cristo, que está na presença de Deus (Hb 4:14-16; 6:19, 20). A garantia para nós é de que Cristo obteve pleno acesso a Deus depois de ter sido empossado como Sumo Sacerdote celestial (Hb 6:20). Ao tomar posse, Cristo Se assentou no trono celestial, uma imagem que demonstra Seu status real (Ap 3:21).

A boa notícia para nós é que nosso Representante está na presença do Pai. Nenhum mero sacerdote terreno, pecador, ministra em nosso favor. Temos o melhor Sacerdote! Nada separa o Pai do Filho. Visto que Cristo é perfeito e sem pecado, não é preciso haver um véu que proteja Jesus, nosso Sumo Sacerdote, diante da santidade de Deus (Hb 10:20).

"O que a intercessão envolve? É a cadeia dourada que liga o homem finito ao trono do infinito Deus. O ser humano, para cuja salvação Jesus morreu, se dirige insistentemente ao trono de Deus, e sua petição é levada por Jesus que o comprou com o próprio sangue. Nosso grande Sumo Sacerdote coloca Sua justiça ao lado

O Conflito Cósmico Contra o Caráter de Deus

Texto especial
"Ouvi do altar que se dizia: Certamente, ó Senhor Deus, todo-­poderoso, verdadeiros e justos são os Teus juízos" (Ap 16:7).
Os adventistas do sétimo dia compreendem a realidade por meio do conceito bíblico do "grande conflito entre Cristo e Satanás". Para usar uma expressão da filosofia, é a "metanarrativa", a grande e abrangente história, que ajuda a explicar nosso mundo e as coisas que acontecem nele.


Muito importante nesse conflito é o santuário, que, como vimos, apresenta um tema recorrente que vai do começo ao fim da história da salvação: a redenção da humanidade mediante a morte de Jesus. Adequadamente compreendida, a mensagem do santuário também ajuda a ilustrar o caráter de Deus, que Satanás tem atacado desde o início do grande conflito no Céu.
Nesta semana, estudaremos alguns fatos importantes no grande conflito entre Cristo e Satanás, que revelam a verdade sobre o caráter de Deus e expõem as mentiras de Satanás.

Revolta no santuário celestial
1. Leia Ezequiel 28:12-17 e Isaías 14:12-15. O que esses versos ensinam sobre a queda de Lúcifer?

À primeira vista, Ezequiel 28:11, 12 parece estar falando apenas sobre um monarca terrestre. Vários aspectos, no entanto, sugerem que o texto realmente se refere a Satanás.

Para começar, esse ser é mencionado como o querubim da guarda ungido (ou "querubim ungido que cobre", Ez 28:14, Tradução Brasileira), o que relembra o lugar santíssimo do santuário terrestre, onde dois querubins cobriam a arca e a presença do Senhor (Êx 37:7-9). Esse ser celestial também andava "no meio das pedras afogueadas", isto é, no "monte santo de Deus" (Ez 28:14, RC) e no centro do "Éden, jardim de Deus" (Ez 28:13), ambas sendo expressões das figuras do santuário. A cobertura de pedras preciosas, descrita no verso 13, contém nove pedras que também são encontradas no peitoral do sumo sacerdote (Êx 39:10–13). Portanto, nesse ponto também temos mais referências ao santuário.

Depois de descrever o incomparável esplendor do querubim, o texto passa a falar de sua queda moral. Sua glória "subiu para a cabeça". Sua beleza tornou orgulhoso seu coração, seu esplendor corrompeu sua

A Última Mensagem Proféticas

Verso Principal
"Vi outro anjo voando pelo meio do Céu, tendo um evangelho eterno para pregar aos que se assentam sobre a Terra, e a cada nação, e tribo, e língua, e povo, dizendo, em grande voz: Temei a Deus e dai-Lhe glória, pois é chegada a hora do Seu juízo; e adorai Aquele que fez o Céu, e a Terra, e o mar, e as fontes das águas" (Ap 14:6, 7).
A mensagem do juízo em Daniel 7 e 8 está relacionada diretamente com o cenário do grande conflito descrito em Apocalipse 12–14, onde encontramos as mensagens dos três anjos, que contêm os temas da criação, juízo e evangelho (Ap 14:6-12). Esse texto apresenta o urgente chamado final a fim de que as pessoas se preparem para a segunda vinda de Jesus.

A mensagem do primeiro anjo é realmente o "evangelho eterno", porque é a mesma verdade que os

O ritual do templo judaico é modelo para o culto cristão?


por Isaac Meira



Nas publicações que tratam sobre culto e adoração, é comum o uso de episódios bíblicos do Antigo Testamento como normativos para o culto cristão. O problema fundamental aqui é saber como identificar nesses episódios os elementos prescritivos e os meramente descritivos. Em algumas publicações há a sugestão, implícita ou explícita, de que esses episódios contêm exemplos e orientações que devem ser seguidos à risca.[1]

Com frequência, é destacado o fato de que determinadas atividades ou instrumentos musicais aparecem na Bíblia em cenas de adoração “fora do templo”.  Assim, por associação, os cristãos não deveriam usar tais coisas “dentro da igreja” hoje, pois a igreja é o templo cristão. Há uma importante questão hermenêutica envolvida aqui: a analogia do templo judaico com os locais de culto cristão da atualidade.
A comparação pode ser resumida nas palavras de Bacchiocchi: “A música na igreja deveria diferir da música secular, porque a igreja, como o antigo Templo, é a Casa de Deus na qual nos reunimos para adorar ao Senhor e não para sermos entretidos.”[2]
Mas, será que o lugar onde ocorre o culto cristão é comparável ao templo judaico? Se sim, em que sentido?

Os cristãos e o templo de Jerusalém
O templo era, principalmente, lugar de sacrifícios e orações. As “reuniões” no templo eram diárias, mas por questões geográficas, era exigido do adorador o comparecimento em apenas três eventos por ano em Jerusalém (Dt 16:16).[3]

Quando estava em Jerusalém, Jesus frequentemente ia ao templo (Jo 2:13-17; 5:14; 7:14; 8:2; 10:23; 18:20). Após a ascensão de Cristo, os primeiros cristãos continuaram indo ao templo tanto para pregar (At 3:11-26; 5:20-25, 42) quanto para participar do cerimonial (At 15:1-5; 21:20; Gl 2:3-5; 5:1-5).

Os primeiros cristãos provavelmente não tinham uma compreensão clara dos significados da morte de Jesus e suas implicações sobre o culto. Alguns deles ainda ofereciam sacrifícios e celebravam festas judaicas (At 3:1; 20:16; 21:17-26; Hb 5:11-14).

Porém, mesmo permanecendo ligados à Jerusalém e ao templo (At 2:46; 3:1; 5:12, 20-21, 25, 42), os primeiros cristãos não tentaram transferir o cerimonial litúrgico do templo às reuniões cristãs (que aconteciam nas casas e também nas sinagogas). As primeiras décadas do cristianismo foram um período de transição e crescimento na compreensão da vida e morte de Jesus, e isso era refletido no culto cristão.

Os cristãos e as sinagogas
Após a destruição do templo (em 70 d. C.), e com uma melhor compreensão do significado do Evento Cristo, os cristãos continuaram se reunindo nas casas e nas sinagogas. As reuniões exclusivamente cristãs eram feitas nas casas, e o principal evento era a Santa Ceia.
Com o tempo, os cristãos deixaram de se reunir nas sinagogas com os judeus e passaram a fazer reuniões apenas nas “igrejas do lar”, nas casas. Para alguns autores, o modelo paradigmático dessas reuniões cristãs foram as sinagogas, e não o templo.

Os primeiros cristãos não se viam como uma nova religião fora do judaísmo. Eram considerados como uma das seitas do judaísmo, frequentavam as sinagogas, e, como o judaísmo era a única religião lícita no Império Romano da época (além da própria religião imperial), “se não fosse por sua identificação com o judaísmo (cf. At 18:12-16), o cristianismo teria pouca ou nenhuma chance de sobreviver no mundo grego-romano.”[4]

Alguns autores sugerem que as reuniões cristãs nas sinagogas teriam sido apenas circunstanciais, à medida em que os primeiros cristãos ainda se consideravam parte do judaísmo. Além disso, mesmo em suas reuniões nos lares, os primeiros cristãos teriam desenvolvido uma liturgia própria,  seguindo o estilo de culto das sinagogas.[5]

Outros autores duvidam que a sinagoga tenha sido modelo para o culto cristão do primeiro século.[6] Afirmam que o culto cristão era uma novidade cultural,[7] apenas incluindo alguns elementos da sinagoga, e não uma cópia de seu formato. De fato, posteriormente o formato do culto cristão passou a absorver mais elementos das reuniões das sinagogas, mas a ideia de que elas foram o grande paradigma para o culto cristão teria surgido tardiamente, por volta do século XVII.[8]  

Além disso, não há uma evidência bíblica forte de que as sinagogas, e sua liturgia, tenham surgido por ordem divina. Nem há qualquer recomendação bíblica para que os cristãos continuassem com o formato de culto das sinagogas, e nem mesmo há sequer uma justificativa bíblica para a existência das sinagogas.[9]

De qualquer forma, mesmo se o uso da sinagoga como modelo para o culto cristão primitivo tivesse sido divinamente orientado, esse fato por si só não deveria significar que os cristãos atuais estivessem obrigados a seguir rigidamente a liturgia e o estilo de culto das sinagogas do primeiro século.

Afirmada a Real Existência do Santuário Celestial

 “Ouve então nos céus, assento da tua habitação, a sua oração e a sua súplica, e faze-lhes justiça.” I Reis 8:49

INTRODUÇÃO: Conta-se a história de uma menina que vivia numa grande cidade. Com todas aquelas luzes da cidade, ela nunca teve a oportunidade de ver as estrelas. Certo verão a sua mãe levou-a para passar as férias no campo. Durante a noite, após o pôr-do-sol, as estrelas brilhavam como diamantes no céu. A menininha olhou para cima espantada, e ficou encantada com a beleza daquele céu cheio de estrelas. Então, exclamou: Ah, mamãe, se o céu é tão bonito do lado avesso, que maravilha deve ser do lado certo!

E é verdade! A bíblia mostra a beleza de como é o céu e de como será a eternidade. A bíblia está cheia de detalhes sobre a Nova Jerusalém. Mas, algumas pessoas não acreditam no céu. Há ainda outros que dizem

O Dia Escatológico da Expiação - Santuário Celestial

Texto principal:
"Ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado" (Dn 8:14).

Para melhor compreensão da mensagem do santuário, estude esta tabela, que mostra como a cena do grande juízo em Daniel 7 (estudada na semana passada) é o mesmo evento que a purificação do santuário em Daniel 8:14.
Nesta semana, estudaremos Daniel 8. Descobriremos a verdadeira questão do conflito entre o poder do chifre pequeno e Deus, e veremos por que a purificação do santuário, iniciada em 1844, é a perfeita resposta de Deus a esse desafio.

O ataque do chifre pequeno
1. Leia Daniel 8, focalizando principalmente os versos 9-14 e 23-25. Qual é o alvo do ataque do poder representado pelo chifre pequeno?

O poder representado pelo chifre pequeno interfere na adoração ao divino "Príncipe do exército" (v. 11; compare com Js 5:13-15) e remove dEle (Dn 8:11, 12) "o diário" (em hebraico tamid), uma palavra que se refere repetidas vezes ao sacrifício diário no ritual do santuário terrestre. Uma vez que o agente das atividades diárias [tamid] no santuário era um sacerdote, muitas vezes o sumo sacerdote, o chifre pequeno tentou usurpar o papel do (Sumo) Sacerdote, ordenar seu próprio "exército" falso, e tirar "o

O Julgamento Antes do Advento

Texto principal:
"O reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o Céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o Seu reino será reino eterno, e todos os domínios O servirão e Lhe obedecerão" (Dn 7:27).

Nota: Como o livro de Hebreus mostra claramente, depois de Sua morte e ressurreição, Jesus começou uma nova fase da Sua obra em nosso favor. Ele Se tornou nosso Sumo- Sacerdote no santuário celestial. As visões de Daniel 7 e 8 revelam que, em algum ponto da História, essa obra celestial de Cristo em nosso favor havia entrado em uma nova fase: o julgamento. Às vezes, isso é chamado de "Dia Escatológico da Expiação". Escatológico, porque se refere ao tempo do fim; Dia da Expiação, porque é prefigurado pelo ritual do Dia da Expiação no santuário terrestre.

Daniel 7, nosso foco nesta semana, contém uma sequência de reinos, simbolizados por quatro animais, que correspondem à sequência de Daniel 2: Babilônia, Média-Pérsia, Grécia e Roma.

Perceberemos que o julgamento é uma boa notícia, porque o Senhor atua por Seu povo. Ele julga em seu favor diante do Universo expectante e lhes concede entrada no reino eterno de Cristo, o clímax de todas as suas esperanças como seguidores do Senhor.

A visão e o juízo
"Um rio de fogo manava e saía de diante dEle; milhares de milhares O serviam, e miríades de miríades estavam diante dEle; assentou-se o tribunal, e se abriram os livros" (Dn 7:10).


Cristo Nosso Sumo-Sacerdote

Texto bíblico:
"Ora, o essencial das coisas que temos dito é que possuímos tal Sumo Sacerdote, que Se assentou à destra do trono da Majestade nos Céus, como ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem" (Hb 8:1, 2)

Depois de Sua ressurreição e ascensão ao santuário celestial, Cristo entrou em uma nova fase do plano da redenção (Hb 2:17). Com o cumprimento do indispensável requisito de Seu sacrifício, Ele foi empossado como sacerdote e começou Seu ministério sacerdotal intercedendo, com base em Seu sacrifício perfeito, em favor das pessoas cobertas por Seu sangue, mediante a fé. Seu ministério sacerdotal consiste em duas fases, ambas prefiguradas no santuário terrestre por meio do ministério diário e do ministério anual durante o Dia da Expiação.

Nesta semana, estudaremos a obra de Jesus durante Seu ministério diário e veremos alguns desdobramentos práticos de Sua obra em relação a nós. Podemos, de fato, encontrar grande conforto em saber que Jesus agora está na presença de Deus, aplicando em nosso favor os méritos de Seu sacrifício. A mensagem do santuário oferece esperança e encorajamento até mesmo ao mais fraco de Seus seguidores.

Nosso Sumo-Sacerdote
O livro do Novo Testamento que mais fala a respeito de Cristo como sacerdote é o de Hebreus. A espinha dorsal de Hebreus no Antigo Testamento consiste em dois versos citados do Salmo 110. O verso 1 é citado para confirmar que Cristo é exaltado acima de tudo, porque Ele sentou-Se à direita de Deus. Esse é um tema recorrente em Hebreus, que enfatiza a divindade e messianidade de Jesus (Hb 1:3; 4:14; 7:26; 8:1; 12:2). O verso 4 do Salmo 110 é usado para demonstrar que o sacerdócio de Cristo foi prefigurado por Melquisedeque (Hb 5:6).

1. De que forma Cristo cumpre o sacerdócio divinamente prometido, segundo a ordem de Melquisedeque? Compare Gn 14:18-20, Sl 110:4 e Hb 7:1-3

A Bíblia não apresenta muita informação sobre Melquisedeque. No entanto, o que ela revela mostra notáveis semelhanças com relação a Jesus. Melquisedeque é o rei da cidade de Salém (Salém significa "paz". Então ele é o "Rei da Paz"). Seu nome significa "Rei da Justiça", o que fala de seu caráter. Ele é separado da História, uma vez que sua linhagem familiar não é dada; seu nascimento e morte não são mencionados, por isso, parece que ele não teve início nem fim; ele é "sacerdote do Deus Altíssimo". O sacerdócio de Melquisedeque é superior ao sacerdócio levítico, porque por meio de Abraão, Levi deu o dízimo a Melquisedeque (Hb 7:4-10). Melquisedeque, portanto, é um tipo de Cristo.

Porém, Cristo é ainda mais. Arão foi o primeiro sumo-sacerdote em Israel. Hebreus 5:1-4 descreve o ofício sumo sacerdotal aarónico idealizado: nomeação divina, representante dos homens, mediação diante de Deus, compassivo e oferecimento de sacrifícios pelo povo e por si mesmo.

O livro de Hebreus retrata Cristo como o novo Sumo-Sacerdote. Ele é de uma ordem melhor até mesmo que a de Arão; Ele não apenas cumpriu os requisitos do sacerdócio aarónico, mas os ampliou. Jesus não tinha pecado, foi plenamente obediente e não precisou trazer uma oferta por Si mesmo. Ao contrário, Ele mesmo foi a oferta, tendo sido a mais perfeita oferta possível.

Jesus cumpriu tanto o sumo sacerdócio aarónico quanto o sumo sacerdócio de Melquisedeque, de maneira melhor que qualquer um desses sacerdotes, ou sacerdócios, fez ou poderia fazer. Ambos os tipos encontraram seu antítipo em Cristo.

Advogado e Intercessor
2. Que grande esperança e promessa encontramos em Romanos 8:31-34?

O pano de fundo dos versos 31-34 é uma cena de tribunal em que devemos visualizar a nós mesmos sendo julgados. Perguntas são feitas: "Quem será contra nós?" "Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus?" "Quem os condenará?" Tal situação poderia facilmente provocar arrepios em nós. Afinal, não estamos bem conscientes da nossa imperfeição humana e pecaminosidade?

Porém, não precisamos temer. A promessa de que nada nem ninguém pode nos separar do amor de Deus se centraliza em vários pontos importantes: "Deus é por nós" (v. 31), Deus entregou Seu Filho por nós (v. 32), Deus nos dá graciosamente todas as coisas (v. 32) e Deus nos justifica (v. 33). Jesus Cristo está do nosso lado. Ele é a resposta ao medo da condenação, pois morreu, ressuscitou, e agora está continuamente intercedendo por nós à direita de Deus, no santuário celestial (v. 34).

Se Alguém chegou ao ponto de morrer voluntariamente por nós, devemos confiar em Seu amor. A certeza revelada em Romanos 8:31-39 realmente fala sobre o tipo de Deus em quem acreditamos. Se entendermos que Deus nos ama de tal maneira que nada pode frustrar Seus propósitos para nós (v. 35-39), o tribunal divino se tornará um lugar de alegria e júbilo.

Essa verdade se torna ainda mais clara em 1 João 2:1, 2. A palavra grega parakletos indica um assessor jurídico ou advogado, alguém que aparece em favor de outro como "intercessor". Jesus é nosso Advogado e nos defende porque, de outro modo, não teríamos esperança.

Nosso advogado é "justo", o que nos dá a certeza de que o Pai ouvirá a intercessão de Cristo, porque Ele não poderia fazer nada que pudesse ser rejeitado por Seu justo Pai. Cristo intercede pelos que pecaram: Aquele que não tem pecado Se apresenta como o Justo que os representa.

Como você pode experimentar mais a verdade maravilhosa de que nada vai separá-lo do amor de Deus? Como você pode usar essa certeza como incentivo para viver de acordo com a vontade de Deus?

Mediador
3. "O qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade. Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, Homem, o qual a Si mesmo Se deu em resgate por todos: testemunho que se deve prestar em tempos oportunos" (1Tm 2:4-6). De acordo com esses versos, o que Cristo está fazendo por nós no Céu?

Cristo é chamado de único Mediador entre Deus e os homens. Não existe nenhum outro porque, na verdade, ninguém mais é necessário. Por meio da obra de Cristo como Mediador, salvação e conhecimento da verdade são disponíveis a todos (1Tm 2:4). A questão fundamental para todos nós é se aproveitaremos o que Cristo nos ofereceu, independentemente de nosso estatuto, etnia, caráter ou ações passadas.

"Mediador" é um termo do antigo mundo comercial e jurídico da Grécia. Ele descreve alguém que negocia ou atua como árbitro entre duas partes, para remover uma discórdia ou para alcançar um objetivo comum, a fim de estabelecer um contrato ou aliança.

Em Hebreus, Cristo como Mediador está ligado à nova aliança (Hb 8:6; 9:15; 12:24). Ele fez a reconciliação. Embora o pecado tivesse destruído a íntima comunhão entre a humanidade e Deus, o que poderia ter levado à destruição da humanidade, Cristo veio ao mundo e restaurou a conexão. Isso é reconciliação. Somente Ele é o elo entre Deus e a humanidade. Por meio desse elo podemos desfrutar pleno relacionamento de aliança com o Senhor.

A referência de Paulo a Ele como "Cristo Jesus, homem" expressa Sua qualidade única de ser tanto humano quanto divino (1Tm 2:5). Salvação e mediação estão ancoradas precisamente na humanidade de Jesus e na voluntária oferta de Si mesmo. Por ser, ao mesmo tempo, Deus e homem, Jesus é capaz de ligar o Céu e a Terra com laços que nunca podem ser rompidos.

"Jesus Cristo veio ao mundo para que pudesse unir o homem finito com o infinito Deus, e conectar a Terra com o Céu, que, pelo pecado e transgressão se haviam divorciado" (Ellen G. White, Sermons and Talks, v. 1, p. 253 [Sermões e Palestras, v. 1, p. 253]).

Pense nisto: há um Ser divino-humano no Céu, agora, intercedendo em seu favor. O que isso diz sobre seu valor aos olhos de Deus? Como essa verdade deve impactar sua maneira de viver e tratar os outros?

O grande Sumo-Sacerdote
4. O que os textos a seguir revelam sobre o ministério de Cristo como Sumo-Sacerdote? Hb 2:17, 18; 3:6; 4:14, 15; 7:24-28; 8:1-3

Jesus é o "grande Sumo-Sacerdote" (Hb 4:14). Ele é superior a todos os Sumos-sacerdotes e governantes da Terra. A Bíblia atribui uma série de qualidades a Jesus como grande Sumo-Sacerdote:

Misericordioso e fiel (Hb 2:17). Essas duas características se harmonizam com o papel de Cristo como Mediador, pois Ele nos concede Seus dons ("misericordioso") e é leal a Seu Pai e a nós ("fiel").

Ele Se compadece das nossas fraquezas (Hb 2:18; 5:2, 7). Uma vez que Ele viveu como ser humano, podemos crer que Ele é um compassivo e perfeito Ajudador. No entanto, Ele não está na mesma situação em que nós estamos, porque é "sem pecado" (Hb 4:15).

Ele está acima de nós. Como Sumo Sacerdote, Jesus não está na comunidade dos cristãos, como Moisés esteve entre os israelitas. Ele está acima de nós, como um Filho que preside a casa de Seu Pai (Hb 3:6). Cristo desfruta de plena autoridade entre os santos.

Ele foi tentado como nós somos. A origem divina de Jesus não Lhe deu direitos exclusivos. Ele foi tentado à nossa semelhança (Hb 4:15). As tentações escolhidas no deserto da Judeia mostram que Ele foi tentado nas dimensões física, mental e espiritual (Mt 4:1-11).

Ele intercede por nós. Cristo comparece "por nós" no santuário celestial, na presença de Deus (Hb 9:24; Hb 7:25). Graças a Deus que temos um Representante divino para Se apresentar no julgamento em nosso lugar.

Jesus está no Céu "por nós". O que significa isso? Que certeza e segurança você encontra nessa maravilhosa verdade?

O Único Sacrifício
Como vimos, um propósito essencial do ritual do santuário terrestre era revelar, por meio de símbolos, tipos, e profecias em miniatura, a morte e ministério sumo sacerdotal de Jesus. O pecado é algo terrível demais para ser resolvido meramente com a morte de animais (por mais tristes e infelizes que essas mortes tenham sido). Em vez disso, todo aquele sangue derramado devia apontar para a única solução para o pecado, a morte do próprio Jesus. O pecado é, na verdade, tão perverso que foi necessária a morte dAquele que era igual a Deus (Fp 2:6), a fim de expiar o pecado.

5. Leia Hebreus 10:1-14. Como essa passagem contrasta a função e obra do ritual do santuário terrestre com a morte e ministério sumo sacerdotal de Jesus?

Muitas verdades cruciais ressoam desse texto. Umas das mais importantes é que a morte de todos aqueles animais não foi suficiente para resolver o problema do pecado: "É impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados" (Hb 10:4). Eles apenas apontavam para a solução, mas não eram a solução. A solução era Jesus, Sua morte e Seu ministério no santuário celestial em nosso favor.

Observe outro ponto crucial nesse texto: a suficiência total da morte de Cristo. Embora os sacrifícios de animais tivessem que ser repetidos muitas vezes, dia após dia, ano após ano, o sacrifício único de Jesus foi suficiente (afinal, considere quem foi sacrificado!) para expiar os pecados de toda a humanidade. Deus revelou poderosamente essa verdade fundamental quando o véu interior do santuário terrestre foi rasgado de modo sobrenatural, após a morte de Jesus (Mt 27:51).

Considere os danos, a dor, a perda, o medo e o desespero causados pelo pecado. Como podemos aprender no dia-a-dia, momento a momento, a nos apegarmos a Jesus como única solução para o problema do pecado em nossa vida?

Estudo adicional
Leia no SDA Bible Commentary [Comentário Bíblico Adventista], v. 7A, Apêndice C, p. 680-692: "The Atonement, Part II – High-Priestly Application of Atoning Sacrifice" [A Expiação, Parte II – Aplicação Sumo Sacerdotal do Sacrifício Expiatório].

"Afaste-se da voz de Satanás, deixe de fazer sua vontade, e permaneça ao lado de Jesus, mantendo os atributos de Jesus, o Possuidor de ternas e finas sensibilidades, que pode tornar Sua própria a causa dos aflitos e sofredores. O homem que muito foi perdoado, amará muito. Jesus é o Intercessor compassivo, misericordioso e fiel Sumo Sacerdote. Ele, a Majestade do Céu, o Rei da glória, pode olhar para o homem finito, sujeito às tentações de Satanás, sabendo que sentiu o poder das artimanhas de Satanás" (Ellen G. White, Christian Education [Educação Cristã], p. 160).

"A consciência pode ser libertada da condenação. Pela fé em Seu sangue, todos podem ser aperfeiçoados em Cristo Jesus. Graças a Deus por não estarmos lidando com impossibilidades. Podemos pretender santificação. Podemos fruir o favor de Deus. Não devemos estar ansiosos acerca do que Cristo e Deus pensam de nós, mas do que Deus pensa de Cristo, nosso Substituto" (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, v. 2, p. 32, 33).

Perguntas para reflexão
1. Leia Hebreus 2:17. Por que foi necessário que Jesus Se tornasse humano e sofresse antes que Se tornasse nosso Sumo-Sacerdote?

2. Pense nas seguintes palavras: "Não devemos estar ansiosos acerca do que Cristo e Deus pensam de nós, mas do que Deus pensa de Cristo, nosso Substituto." Como isso nos ajuda a entender o conceito de ser aperfeiçoado "em Cristo Jesus"?

3. Nosso Sumo-Sacerdote, Jesus Cristo, é a certeza da nossa salvação. Ele aplica os efeitos e benefícios de Seu sacrifício e sangue. Com Ele ao nosso lado, não temos nada a temer. Como podemos tomar essas verdades maravilhosas, expressas no livro de Hebreus, e aplicá-las a nós mesmos, especialmente em momentos de tentação?


4. O livro de Hebreus diz claramente que o sacrifício de Jesus, de "uma vez por todas" (Hb 9:26), foi tudo o que era necessário para resolver o problema do pecado. O que isso deve nos dizer sobre qualquer prática religiosa que pretenda repetir esse sacrifício tendo em vista o perdão dos pecados?

Cristo, Nosso Sacrifício

A obra da redenção não foi um pensamento posterior na mente de Deus, nem uma improvisação, um plano B, resultante de uma surpresa introduzida pelo pecado e suas consequências. Ao contrário, o plano divino para a salvação da humanidade foi formulado antes da fundação do mundo. O vidente de Patmos se refere ao “Cordeiro que foi morto, desde a fundação do mundo” (Ap 13:8). Um aspecto central na obra da redenção é o sofrimento e morte de Jesus. Por essa razão, afirma-se que, no coração da religião cristã, encontra-se uma cruz. Sobre essa cruz, Deus lidou com o problema introduzido pelo pecado e realizou a salvação do pecador.
Historicamente, a cruz se situa no tempo há uns dois mil anos. Entretanto, podemos dizer que essa cruz, antes de ser erguida no Calvário, foi planeada no coração de Deus desde a fundação do mundo.

Devido à sua importância, é extremamente perigoso o pensamento de que a morte de Jesus não seja substitutiva. Alguns consideram o pensamento da substituição como irrelevante, ou muito violento, ou mesmo insuficiente.
Mas qual é o conceito bíblico? Isto é o que estudaremos nesta semana.

Jesus em Isaías 53
Alguns autores consideram o texto de Isaías 52:13-53:12 como o mais importante do Antigo Testamento. Independentemente da importância que lhe é atribuída, ele é o mais citado/aludido no Novo Testamento, visto ser uma das mais completas descrições da obra redentora do Messias. Com ela se anunciava, sem margem para dúvidas, que a única solução para o problema introduzido pelo pecado seria a obra do Servo do Senhor.

Isaías 53 fala de rejeição: o Servo foi rejeitado enquanto viveu (53:1-3). E o clímax da rejeição ocorreu na morte do Servo (53:4-9). Por que morreu? Que significado tem Sua morte? Ele morreu em nosso lugar, como nosso Substituto. Sua obra foi em nosso favor. Não morreu por causa de Seus pecados, visto que não pecou, e sim, por causa dos nossos. Teologicamente, foi uma morte expiatória e uma expiação vicária.

A morte do Servo foi iniciativa divina, evidência de Sua graça, livremente estendida ao pecador. No verso 6 lemos que “o Senhor fez cair sobre Ele a iniquidade de todos nós”, uma linguagem que nos remete a Levítico 16.

O verso 7 declara que o Servo foi levado como um Cordeiro  ao matadouro. O cordeiro era o animal mais representativo do sistema sacrifical. Mas aqui estava o verdadeiro Cordeiro, “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1:29). Ao ser sacrificado, o Messias cumpriu todo o simbolismo dos sacrifícios levíticos, tornando-os desnecessários.

Resumindo a obra realizada pelo Servo sofredor, Ele purificou, carregou as enfermidades, assumiu as dores, o castigo Lhe foi imposto, Seus ferimentos trouxeram a cura, Ele ofereceu a vida em expiação, Ele justificou, entregou-Se à morte e intercedeu pelos outros. Mas o Servo não permaneceria morto. Voltaria a viver. Seria exaltado (52:13) e ficaria satisfeito ao ver que não morrera em vão. Muitos seriam justificados em virtude de Seu sacrifício expiatório.

Essa descrição profética da morte sacrifical de Cristo foi oferecida por Isaías como a única forma eficaz para a expiação do pecado. Cristo Se tornou o que nós somos para que fôssemos restaurados à comunhão com Deus.

Para reflexão: Pense na grandeza da obra de Cristo realizada na cruz do Calvário em seu favor. A obra foi definitiva. Não é necessário repetir-se. Que resposta você tem dado a essa manifestação da graça infinita? Foi por você. Aceite a oferta! O caminho da salvação está aberto. O Messias o espera.

Substituição suficiente
Todo o sistema de ofertas do Antigo Testamento apontava para a morte substitutiva de Jesus. Ele foi a oferta final pelos pecados da humanidade. Não havia outra saída. A salvação se fundamenta no sacrifício único de Jesus. O caminho para a glória passa pelo Calvário. A paixão precede a glória. Não existe glória sem paixão. A cruz precede a coroa. O clamor de Jesus no Getsémani, pedindo ao Pai que, se possível, passasse o cálice adiante, revela de forma inequívoca que o caminho da cruz não podia ser evitado, caso o plano da salvação devesse ser concretizado.

Paulo desenvolveu essa ideia no capítulo 2 de Hebreus. De Seu exaltado estatuto (Hb 1:5-14), recebendo a adoração e o serviço dos anjos, Jesus Se tornou temporariamente inferior a tais seres celestiais. De que forma? Tornando-Se homem e sendo posto à morte. Ele “provou” a morte por, em favor de, e em lugar de, todos os homens. A expressão “provar a morte” descreve graficamente “a realidade difícil e dolorosa de morrer que é experimentada pelo homem e que foi sofrida também por Jesus.” A amargura da morte experimentada “não foi a de um nobre mártir aspirando a um status de santidade, mas como o Salvador, sem pecado, que morreu para libertar os pecadores da maldição da morte espiritual”. O Calvário é o caminho para a reconciliação entre o homem pecador e o Deus santo. Assim, o Calvário, longe de ser uma derrota, é uma estrondosa vitória. Embora, historicamente, a cruz tenha sido o ponto mais baixo na carreira de Jesus, paradoxalmente foi também o mais elevado. Contextualmente, o sofrimento e a morte de Jesus pavimentam o caminho para a glória. Humilhação e exaltação funcionam como dois aspectos complementares de uma única obra. A expressão “coroado de glória e de honra” (v. 9) relembra a investidura de Aarão como sumo sacerdote (Êx 28:2, 40), o que antecipa o argumento posterior de que Jesus é nosso Sumo Sacerdote.

O sangue de Cristo
O dilema humano presente na carta aos hebreus é a contaminação, e o agente para efetuar a purificação é o sangue. Porém, não o sangue de touros e bodes, que pode até realizar uma purificação exterior ou cerimonial, mas não tem o poder de purificar a consciência. O apóstolo apresenta um tipo de sangue superior, o sangue do próprio Cristo. Em muitas ocasiões, o autor destaca a superioridade do sangue de Cristo em relação ao sistema ritual do santuário, com seus repetidos sacrifícios de animais e consequente derramamento de sangue.

Enquanto o sumo sacerdote entrava no lugar santíssimo do santuário terrestre, com sangue de animais, apenas uma vez ao ano – acesso limitado –, Cristo entrou com Seu próprio sangue no santuário celestial para sempre – acesso ilimitado. A obra de Cristo em Hebreus é enfatizada por meio das repetidas referências a Seu sangue, que assegura o perdão a quem O aceitar. Seu sangue, sendo superior, foi derramado uma vez para sempre para purificar os pecados. Seu sangue nos aperfeiçoa e nos torna santos. Naturalmente, não se trata do sangue de Cristo em si, mas da ação de Se oferecer a Deus como um sacrifício sem mácula (9:14) e os resultados positivos para aqueles que se apropriam de Sua oferta de perdão e purificação.

Para reflexão: Temos permitido que o sangue salvífico  de Cristo realize, com todo o seu poder, tudo aquilo que é capaz de fazer em nossa vida? Seu poder purificador tem atingido cada área de nossa vida, ou temos limitado seu acesso e assim conservado algum “pecado acariciado”?


Sacrifício imaculado
A lei ordenava que o animal oferecido em sacrifício no santuário devia ser perfeito. A razão para isto é que ele simbolizava a Cristo, a oferta sacrifical por excelência. O apóstolo Pedro deixou isso bem claro quando afirmou que fomos resgatados pelo “precioso sangue, como de Cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo” (1Pe 1:18, 19). Não é possível ao homem oferecer alguma coisa por si mesmo, visto que é naturalmente imperfeito. Somente o Substituto celestial pode expiar os pecados da humanidade. Ao homem compete apenas aceitar a oferta graciosamente oferecida pelo Céu em seu favor.
Jesus Cristo é a oferta perfeita: “santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores” (Hb 7:26). Embora tenha sido tentado em todas as coisas, Jesus nunca cedeu à tentação. Era sem pecado e não cometeu pecado algum. A expressão “a Si mesmo Se ofereceu sem mácula a Deus” (9:14) indica porque o sacrifício de Cristo é “absoluto e final.” Ao qualificar Cristo como “sem mácula” (ámomon - ἄμωμον) o autor nos remete aos sacrifícios realizados no santuário. Esse termo denota a ausência de defeitos no animal sacrifical (Nm 6:14; 19:2). Com isso é enfatizada a perfeição do sacrifício de Cristo. Jesus é não apenas o Sumo Sacerdote sem pecado (4:15; 7:26), como também a vítima “sem mácula”. A oferta de Si mesmo a Deus, sem mácula, foi a culminação de uma vida de perfeita obediência (5:8-9; 10:5-10).

Para reflexão: Como professo seguidor de Cristo, entendo o chamado para ser santo e irrepreensível (Ef 1:4)? O que está faltando em minha vida para que se realize em mim o propósito de Deus?

Um grande perigo
Paulo demonstrou a superioridade de Jesus mediante diferentes comparações, exaltou a suficiência de Seu sacrifício, de Seu sangue que purifica nossa consciência, assegurando-nos uma santa ousadia para entrar à presença de Deus. Entretanto, em alguns pontos ele apresenta advertências que vão se tornando progressivamente mais sérias, e que merecem nossa profunda consideração.
Em primeiro lugar, ele advertiu contra o perigo de abandonar a verdade (Hb 2:1-4). A seguir, advertiu acerca do perigo de não entrar em Seu repouso por causa da dureza do coração (3:8-11). Depois, há o perigo de não alcançar a maturidade espiritual, caindo pelo caminho, após tudo o que alguém experimentou na vida cristã, e não mais ser levado ao arrependimento (6:4, 5). O resultado disto é uma expectativa aterradora de juízo e do fogo que consome os inimigos de Deus (10:27). Viver deliberadamente em pecado após alcançar o conhecimento da verdade é algo muito sério (10:26). Com isso é novamente crucificado o Filho de Deus e exposto à ignomínia (6:6). É calcar aos pés o Filho de Deus e profanar o sangue da aliança e ultrajar o Espírito da graça (10:29). Esse é um tipo de apostasia que pode levar a pessoa a rejeitar definitivamente a Cristo.
Como exposto na lição, “poucos cristãos rejeitariam abertamente o sacrifício de Cristo, ou mesmo pensariam em algo semelhante”. O perigo é que sutilmente podemos assumir uma posição com respeito às realidades espirituais que termine em completa apostasia. Por isso, é necessário que estejamos atentos a nós mesmos, à nossa vida espiritual, aos exercícios espirituais – comunhão, relacionamento e missão.

Para reflexão: De alguma forma sutil, estaríamos nós abandonando as verdades da salvação? A fé entregue aos santos? O que podemos fazer para renovar nossa fidelidade a Cristo?

Conclusão
Jesus morreu em meu lugar. Ele é meu Substituto. Pagou com  sangue o preço da minha salvação. Por que, então, muitas vezes me encontro negociando com Deus o tipo de discipulado que desejo oferecer-Lhe? Não entendo que, agindo assim, estou amesquinhando a morte de Cristo? Por que é tão difícil para mim, pecador, entregar-me completamente a Cristo? O que posso fazer?

Para mais informações, ver Millard J. Erickson, Christian Theology, 2ª ed. (Grand Rapids, MI: Baker, 2004 [7ª impressão]), 818-840; Raoul Dederen, ed., Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia (Tatuí, SP: CPB, 2011), 193-205.
Gerhard von Rad, Teologia do Antigo Testamento (São Paulo: ASTE, 1974), v. 2, p. 248.
Para uma análise do significado da preposição hyper, usada em Hebreus 2:9, ver Erickson, p. 831.
Johannes Behm, Theological Dictionary of the New Testament, v. 1, p. 677.
S. J. Kistemaker & W. Hendriksen,  New Testament Commentary: Exposition of Hebrews (Grand Rapids: Baker Book House, 1953-2001), v. 15, p. 67.

W. L. Lane, Word Biblical Commentary: Hebrews 9-13 (Dallas: Word, Incorporated, 2002), v. 47B, p. 239.

O Dia da Expiação

Verso Principal:
"Quem, ó Deus, é semelhante a Ti, que perdoas a iniquidade e Te esqueces da transgressão do restante da Tua herança? O Senhor não retém a Sua ira para sempre, porque tem prazer na misericórdia. Tornará a ter compaixão de nós; pisará aos pés as nossas iniquidades e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar" (Mq 7:18, 19).
O Dia da Expiação, ou Yom Kippur, conforme revelado em Levítico 16, é o ritual mais solene do Antigo Testamento. Ele foi intencionalmente colocado no centro do livro de Levítico, que está no centro dos cinco livros de Moisés, para ilustrar o "santíssimo" caráter desse ritual. Mencionado também como o sábado dos sábados (Lv 16:31, International Standard Version), o dia requeria a cessação de todo trabalho, o que é único para um festival israelita anual. Esse fato coloca esse dia justamente dentro do conceito do sábado, um tempo para descansar no que Deus, como Criador e Redentor, fez (e fará) por nós.

A purificação anual
1. Leia Levítico 16:16, 30. O que era purificado no Dia da Expiação?

Ao longo do ano, todos os tipos de pecados e impurezas rituais eram transferidos para o santuário. O Dia da Expiação era o tempo para sua remoção. Havia três partes principais no Dia da Expiação:

1.1. A oferta da purificação pelo sacerdote. O sumo sacerdote sacrificava um novilho por seus pecados, certificando-se de que ele (o sacerdote) estaria puro ao entrar no santuário e realizar o ritual para purificá-lo.

1.2. A oferta de purificação do bode "para o Senhor" (Lv 16:8). Durante o ano, as ofertas de purificação levavam todos os pecados dos israelitas para o santuário. O Dia da Expiação era o momento de remover esses pecados do santuário. Esse processo era feito mediante o sangue do bode "para o Senhor".

1.3. O ritual da eliminação com o bode vivo para Azazel. Deus queria afastar os pecados de Seu povo para longe do santuário e do acampamento. Portanto, outro bode vivo era enviado ao deserto.

2. Leia Levítico 16:15. O que acontecia com o bode mencionado nesse texto, e o que ele simbolizava?

Visto que não havia confissão do pecado nem imposição de mãos envolvidas com o bode para o Senhor, seu sangue não era portador de pecado. Assim, ele não contaminava, mas, em vez disso, purificava. O efeito é claramente descrito nos versos 16 e 20. O sumo sacerdote fazia expiação com o sangue do bode do Senhor, purificando todo o santuário. O mesmo procedimento também efetuava a purificação do povo para que, quando o santuário fosse purificado de todos os pecados das pessoas, elas também fossem purificadas. Nesse sentido, o Dia da Expiação era único, pois somente nesse dia tanto o santuário quanto o povo eram purificados.

O Dia da Expiação era a segunda etapa de uma expiação em duas fases. Na primeira fase, durante o ano, os israelitas eram perdoados. Seus pecados não eram apagados, mas confiados ao próprio Deus, que havia prometido cuidar deles. A segunda fase não se relacionava tanto com o perdão, porque as pessoas já estavam perdoadas. Na verdade, o verbo "perdoar" não ocorre em Levítico 16 nem em Levítico 23:27-32. Isso nos mostra que o plano da salvação lida com algo mais do que apenas o perdão dos nossos pecados, um ponto que tem ainda mais sentido quando compreendido no contexto mais amplo do grande conflito.
Comentário:

Além do perdão
3. Leia Levítico 16:32-34. Qual era a principal tarefa do sumo sacerdote no Dia da Expiação?

A principal função do sumo sacerdote era a de servir de mediador entre Deus e a humanidade. Sua tarefa no Dia da Expiação era imensa. Administrava o sistema do Santuário e realizava diversos rituais de sacrifícios e ofertas (Hb 8:3). Ele realizava quase todos os rituais, exceto o de levar o bode para Azazel ao deserto, embora ele desse a ordem para fazer isso.

No Dia da Expiação, o "grande" sacerdote, como ele também era chamado, se tornava um exemplo vivo de Cristo. Assim como a atenção do povo de Deus se voltava para o sumo sacerdote, Jesus é o centro exclusivo de nossa atenção. Como as atividades do sumo sacerdote na Terra traziam purificação para as pessoas, igualmente a obra de Jesus no santuário celestial faz o mesmo por nós (Rm 8:34; 1Jo 1:9). Assim como no Dia da Expiação a única esperança do povo estava no sumo sacerdote, nossa única esperança está em Cristo.

"O sangue de Cristo, embora devesse livrar da condenação da lei o pecador arrependido, não cancelaria o pecado; este ficaria registrado no santuário até a expiação final; assim, no cerimonial típico, o sangue da oferta pelo pecado removia do penitente o pecado, mas este permanecia no santuário até o dia da expiação" (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 357).

De acordo com Levítico 16:16-20, o sumo sacerdote entrava no lugar santíssimo e o purificava das impurezas rituais, transgressões e pecados. Então, ele transferia todas as iniquidades, transgressões e pecados de Israel para o bode vivo e os enviava, por meio do bode, para o deserto. Assim, todas as falhas morais de Israel eram removidas, o que alcançava o único objetivo do Dia da Expiação: a purificação moral que ia além do perdão. Não era necessário um novo perdão nesse dia. Deus já havia perdoado seus pecados.

Enquanto lutamos para abandonar os pecados, como podemos aprender a depender totalmente dos méritos de Cristo como nossa única esperança de salvação?

Azazel
4. Leia Levítico 16:20-22. O que acontecia com o bode vivo?
O ritual com o bode vivo não era uma oferta. Depois que a sorte era lançada para decidir qual dos dois bodes seria para o Senhor e qual seria para Azazel (bode emissário; em inglês, o termo muitas vezes é traduzido como scapegoat [bode expiatório]), apenas o bode para o Senhor é mencionado como oferta de purificação (v. 9, 15). Por outro lado, o bode para Azazel é chamado de "bode vivo". Ele não era morto, provavelmente para evitar qualquer ideia de que o ritual constituísse um sacrifício. O bode vivo entrava em ação somente depois que o sumo sacerdote terminava a expiação de todo o santuário (v. 20). Este ponto deve ser enfatizado: o ritual que se seguia com o bode vivo não tinha nada a ver com a efetiva purificação do santuário ou do povo. Eles já tinham sido purificados.

Quem ou o que é Azazel? Os antigos intérpretes judeus identificavam Azazel como o anjo caído, principal originador do mal e líder dos anjos maus. Nós o conhecemos como símbolo do próprio Lúcifer.

O ritual com o bode vivo era um rito de eliminação que realizava a remoção final dos pecados, que seriam colocados sobre o seu originador e depois retirados do povo para sempre. A "expiação" era feita sobre ele no sentido punitivo
(Lv 16:10), visto que o bode suportava a responsabilidade final pelo pecado.

Então Satanás desempenha um papel em nossa salvação, como alguns falsamente acusam que ensinamos? Claro que não! Satanás nunca, de nenhuma forma, carrega o pecado por nós como substituto. Só Jesus fez isso, e é uma blasfémia pensar que Satanás tivesse alguma parte em nossa redenção.

O ritual com o bode vivo encontra paralelo na lei da testemunha falsa (Dt 19:16-21). O acusador e o acusado se apresentavam diante do Senhor, representado pelos sacerdotes e juízes. Era realizada uma investigação e, se fosse comprovado que o acusador era uma testemunha falsa, ele devia receber a punição que pretendia para o inocente (por exemplo, o perverso Hamã que levantou uma forca para o leal Mordecai).

Graças a Deus por Seu misericordioso perdão e pelo fato de que Ele não mais Se lembrará dos nossos pecados (Jr 31:34). Como podemos aprender a nos esquecermos dos nossos pecados, uma vez que eles estão perdoados? Por que é tão importante fazer isso?

No Dia da Expiação
"Em tais condições, no ministério do tabernáculo e do templo que mais tarde tomou seu lugar, ensinava-se ao povo cada dia as grandes verdades relativas à morte e ministério de Cristo e, uma vez ao ano, sua mente era transportada para os acontecimentos finais do grande conflito entre Cristo e Satanás, e para a final purificação do Universo, de pecado e pecadores" (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 358).

5. Leia Levítico 16:29-31 e 23:27-32. O que Deus esperava que os israelitas fizessem no Yom Kippur (Dia da Expiação)? Como esses princípios se aplicam a nós, que vivemos no antitípico "Dia da Expiação"?

Se alguém no antigo Israel não seguisse essas instruções, devia ser eliminado e destruído (Lv 23:29, 30). O Dia da Expiação realmente significava nada menos do que vida e morte. Ele exigia completa lealdade para com Deus.

Imagine que alguém tivesse confessado seus pecados durante a primeira fase da expiação ao longo do ano, ou seja, por meio dos sacrifícios diários, mas não levasse a sério o Dia da Expiação. Por seu desrespeito ao que Deus desejava demonstrar nesse dia, essa pessoa teria demonstrado sua deslealdade para com o Senhor.

Isso significa que uma pessoa que professa fé em Deus ainda pode perder a salvação. Como adventistas do sétimo dia, não acreditamos na expressão "uma vez salvo, salvo para sempre", porque a Bíblia não ensina isso. Estamos seguros em Cristo apenas enquanto vivemos pela fé e nos entregamos a Ele, clamando por Seu poder para a vitória, quando tentados, e Seu perdão, quando caímos.

O Yom Kippur de Isaías
Em Isaías 6:1-6, o profeta viu o Rei celestial sentado em um "alto e sublime" trono no templo. A visão é uma cena de juízo que apresenta Deus como vindo para o julgamento (Is 5:16). Isaías viu o verdadeiro Rei, identificado no Evangelho de João como Jesus Cristo (Jo 12:41).

Embora Isaías fosse profeta de Deus e chamasse as pessoas ao arrependimento, entendia que, na presença de Deus, ele estava perdido. Confrontado com a santidade e glória de Deus, Isaías percebeu sua própria pecaminosidade e também a impureza de seu povo. Santidade e pecado são incompatíveis. Como Isaías, precisamos chegar à conclusão de que não podemos passar pelo juízo divino confiando em nós mesmos. Nossa única esperança é ter um Substituto.

6. Que paralelos para o Dia da Expiação aparecem em Isaías 6:1-6?
A combinação de um templo cheio de fumaça, um altar, julgamento e expiação para o pecado e a impureza, lembra claramente o Dia da Expiação. Isaías experimentou seu próprio "Dia da Expiação", por assim dizer.

Atuando como sacerdote, um serafim (que literalmente significa "aquele que arde") tomou uma brasa viva do altar, o que pressupõe algum tipo de oferta, para remover o pecado do profeta. Essa é uma imagem apropriada para a purificação do pecado, que é possível mediante o sacrifício de Jesus e Seu ministério de mediação sacerdotal. Isaías reconheceu isso como um ritual de purificação e se manteve quieto enquanto a brasa tocava seus lábios. Assim a sua "iniquidade foi tirada" e seu pecado perdoado (Is 6:7). A voz passiva no verso 7 mostra que o perdão é concedido por Aquele que está sentado no trono. O Juiz também é o Salvador.

A divina obra de purificação nos leva do "ai de mim!" para "eis-me aqui, envia-­me a mim". Compreender a obra celestial no Dia da Expiação leva à disposição para a proclamação, porque um verdadeiro entendimento conduz à segurança e certeza. A razão disso é sabermos que, no juízo, temos um Substituto, Jesus Cristo, cuja justiça (simbolizada pelo sangue) nos permitirá ficar sem medo da condenação (Rm 8:1). Gratidão motiva a missão. Pecadores absolvidos são os melhores embaixadores de Deus (2Co 5:18-20), porque eles sabem que Deus os libertou.

Estudo adicional

"Ocorre agora o acontecimento prefigurado na última e solene cerimónia do Dia da Expiação. Quando se completava o ministério no lugar santíssimo, e os pecados de Israel eram removidos do santuário em virtude do sangue da oferta pelo pecado, o bode emissário era, então, apresentado vivo perante o Senhor; e na presença da congregação o sumo sacerdote confessava sobre ele "todas as iniquidades dos filhos de Israel, e todas as suas transgressões, segundo todos os seus pecados", pondo-os sobre a cabeça do bode (Lv 16:21, RC). Semelhantemente, ao completar-se a obra de expiação no santuário celestial, na presença de Deus e dos anjos do Céu e da multidão dos remidos, serão então postos sobre Satanás os pecados do povo de Deus. Ele será declarado culpado de todo o mal que os fez cometer" (Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 658).