Texto principal:
"Ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e
manhãs; e o santuário será purificado" (Dn 8:14).
Para melhor compreensão da mensagem do santuário, estude
esta tabela, que mostra como a cena do grande juízo em Daniel 7 (estudada na
semana passada) é o mesmo evento que a purificação do santuário em Daniel 8:14.
Nesta semana, estudaremos Daniel 8. Descobriremos a
verdadeira questão do conflito entre o poder do chifre pequeno e Deus, e
veremos por que a purificação do santuário, iniciada em 1844, é a perfeita
resposta de Deus a esse desafio.
O ataque do chifre
pequeno
1. Leia Daniel 8,
focalizando principalmente os versos 9-14 e 23-25. Qual é o alvo do ataque do
poder representado pelo chifre pequeno?
O poder representado pelo chifre pequeno interfere na
adoração ao divino "Príncipe do exército" (v. 11; compare com Js
5:13-15) e remove dEle (Dn 8:11, 12) "o diário" (em hebraico tamid),
uma palavra que se refere repetidas vezes ao sacrifício diário no ritual do
santuário terrestre. Uma vez que o agente das atividades diárias [tamid] no
santuário era um sacerdote, muitas vezes o sumo sacerdote, o chifre pequeno
tentou usurpar o papel do (Sumo) Sacerdote, ordenar seu próprio
"exército" falso, e tirar "o
diário". Nesse caso, dado o contexto profético (durante o tempo de Roma papal), obviamente o ataque é contra o ministério sacerdotal de Cristo.
diário". Nesse caso, dado o contexto profético (durante o tempo de Roma papal), obviamente o ataque é contra o ministério sacerdotal de Cristo.
Esse poder usurpa as responsabilidades do Sacerdote
celestial e interrompe na Terra a adoração contínua a Deus. Ele age como outro
"capitão do exército", fazendo uma guerra espiritual contra o divino
Príncipe do Céu, Seu santuário e Seu povo. Torna-se um instrumento terrestre de
Satanás. É dito que "grande é o seu poder, mas não por sua própria força"
(Dn 8:24). Suas atividades refletem uma guerra cósmica travada em dois níveis,
o terreno e o celestial.
O chifre pequeno surge logo após o carneiro (Média-Pérsia) e
o bode (Grécia). Portanto, deve ser identificado historicamente com Roma, que
sucedeu os reinos da Média-Pérsia (Dn 8:20) e Grécia (Dn 8:21). Embora o chifre
pequeno tenha começado como Roma imperial, a maior ênfase está em Roma papal, o
foco principal da visão.
Como foi dito anteriormente, o "diário" (tamid) se
refere à contínua mediação sacerdotal de Cristo no santuário celestial (Hb
7:25; 8:1, 2). A eliminação do "diário" pelo chifre pequeno
representa a introdução de tais inovações papais como a mediação sacerdotal, o
sacrifício da missa, o confessionário, e a adoração de Maria, mediante as quais
esse poder teve êxito em eliminar o conhecimento e a dependência do ministério
contínuo de Cristo no santuário celestial.
Nenhum de nós está imune ao perigo de tentar assumir o lugar
de Deus. Estamos nós fazendo isso, ainda que sutilmente?
"Até
quando?"
A presunção do chifre pequeno leva ao clamor por julgamento.
Como o carneiro e o bode se engrandeceram e foram destruídos (Dn 8:4, 7, 8),
igualmente o poder nele representado se exaltou (Dn 8:9-11). Por isso, vem a
pergunta: "Até quando durará a visão"?
2. Quais questões
específicas motivam a pergunta de Daniel 8:13?
Embora a pergunta enfatize algumas atividades do chifre
pequeno, talvez as mais terríveis, ela ainda inclui a extensão de toda a visão,
ou seja, abrange os eventos mostrados na visão de Daniel 8.
Nas Escrituras, a pergunta "até quando?" sempre
pede pela mudança nas condições prevalecentes em determinado momento. Deus e
Seus profetas a dirigem ao povo (Êx 10:3; Nm 14:27 e 1Rs 18:21). O povo também
a dirige a Deus (Sl 94:3; Ap 6:10) e o anjo faz essa pergunta ao Senhor (Zc
1:12). O clamor angelical "até quando?" (Dn 8:13; 12:6) é um lamento
a respeito de uma aflição contínua. É um apelo por mudança e uma súplica pelo
julgamento divino. Tal pergunta expressa a expectativa de que Deus finalmente
triunfará.
Como em Zacarias 1:13, onde o Senhor respondeu com
"palavras boas, palavras consoladoras", a resposta para a pergunta de
Daniel 8:13 surge imediatamente: "Até duas mil e trezentas tardes e
manhãs; e o santuário será purificado" (v. 14).
Uma vez que entendermos a condição humana e o tempo
profético em que vivemos, não podemos permanecer em silêncio. O clamor
"até quando?" precisa avançar. Ao olhar para o mundo, como podemos
deixar de suplicar que o Senhor venha e anuncie um novo mundo, no qual "habita
justiça" (2Pe 3:13)? Embora Deus esteja agora atuando, como prometido em
Daniel 8:14, queremos que Ele acabe com o reino do mal e volte na glória que
Ele prometeu muitas vezes.
Você já perguntou a Deus: "Até quando?" Você
continua acreditando que Deus está no controle, por mais tristes que pareçam as
perspectivas imediatas, e não importando "quando" as coisas serão
resolvidas?
Restauração do
santuário
3. Leia Daniel 8:14.
O que acontece no fim das "duas mil e trezentas tardes e manhãs"?
A expressão "tardes e manhãs" reflete a linguagem
do relato da criação; portanto significa um dia (Gn 1:5, 8, etc.). Isso implica
que Deus, usando Seu poder criador, combaterá as atividades destrutivas do
chifre pequeno e seu exército. De acordo com o requerimento da pergunta de
Daniel 8:13, o Criador provoca uma mudança na condição prevalecente.
A resposta em Daniel 8:14 pode ser lida assim: "Até
duas mil e trezentas tardes-manhãs, então o santo [santuário] será restaurado
[purificado]". Um estudo dos termos paralelos a "restaurar" (a
partir da palavra hebraica zdq) mostra que essa palavra tem três significados
principais: no contexto relacional, denota restauração (Is 10:22); no contexto
do santuário, indica limpeza ou purificação (Jó 4:17; 25:4), e no contexto
legal, denota vindicação (Jó 34:5). O mesmo verbo é usado para se referir à
intervenção de Deus no juízo, quando os retos são vindicados, ou declarados
justos (1Rs 8:32; Is 50:8). A palavra santo, usada em Daniel 8:14 (geralmente
traduzida como "santuário"), também é usada em associação com pessoas
santas (Dn 12:7). Na verdade, Daniel 8:24 deixa claro que o poder do chifre
pequeno, como ocorre em Daniel 7, ataca o povo "santo" de Deus.
Assim, a restauração do "santo" (ou "santuário")
em Daniel 8:14 inclui a solução para todos os problemas citados anteriormente
na pergunta. Não apenas será pronunciado o julgamento contra o poder do chifre
pequeno, mas o santuário será purificado. O povo de Deus e Seu santuário
alcançarão sua legítima condição. Isso encontra paralelo no que acontecia no
Dia da Expiação (Lv 16:20, 30).
A obra de restauração em Daniel 8 é igual ao juízo divino em
Daniel 7, onde o julgamento foi proferido em favor dos santos e contra o poder
maligno do chifre pequeno.
O mundo precisa saber que a justiça e o juízo, como preditos
em Daniel 8:14, acontecerão e que agora é o tempo de aceitar a salvação
oferecida em Jesus.
Leia Apocalipse 14:6, 7. Como esses versos se relacionam
diretamente com o juízo de Daniel 7 e a purificação do santuário em Daniel 8?
Dia da Expiação em
Daniel 8
4. Como resultado do Dia da Expiação, o que ocorrerá com o
povo de Deus e com o chifre pequeno?
O alvo do ataque do chifre pequeno é o santuário celestial
de Deus e Seu povo. O que o futuro reserva para eles? Essa é a pergunta de
Daniel 8:13. No entanto, somente o Dia da Expiação pode trazer o santuário e o
povo de Deus de volta à sua legítima condição e, assim, justificar o
procedimento divino. Portanto, a resposta em Daniel 8:14 deve ser uma atividade
do Dia da Expiação. Na verdade, o Dia da Expiação é o único dia sagrado que
mostra a mesma combinação de temas importantes conforme apresentados no clímax
da visão de Daniel 8: simbolismo do santuário, purificação do santuário e das
pessoas, juízo e criação.
Há também vários termos em Daniel 8 que fazem alusão ao Dia
da Expiação. O chifre pequeno atua em "rebelião" (Dn 8:12, 13), um
termo que ocorre especificamente em Levítico 16:16, 21. Esse termo descreve um
pecado desafiador, e somente no Dia da Expiação o santuário pode ser purificado
desse pecado. A palavra santo (Qodesh) liga explicitamente Daniel 8:14 com
Levítico 16, onde ela ocorre para designar o lugar santíssimo (Lv 16:2, 3, 16,
17, 20, 23, 27, 33). O fato de que o "santo" é restaurado ao seu
lugar de direito faz-nos lembrar o Dia da Expiação, quando o "santo"
era purificado da "rebelião" (Lv
16:16). O uso específico das imagens de animais, do carneiro e do bode, também é uma alusão ao Dia da Expiação (Lv 16:5), assim como a designação adicional do bode como "peludo" (Dn 8:21), descrição utilizada para os dois bodes no Dia da Expiação.
16:16). O uso específico das imagens de animais, do carneiro e do bode, também é uma alusão ao Dia da Expiação (Lv 16:5), assim como a designação adicional do bode como "peludo" (Dn 8:21), descrição utilizada para os dois bodes no Dia da Expiação.
A guerra travada pelo chifre pequeno no reino da religião é
combatida e interrompida pela intervenção divina realizada no contexto do Dia
da Expiação escatológico. Por fim, o terror encontrará seu fim, e o povo de
Deus, a verdadeira adoração e o santuário serão restaurados à sua legítima
posição. Em última análise, o próprio Deus será vindicado. Como Deus
demonstrava no Dia da Expiação que Ele é justo em Seus procedimentos e
julgamentos, perdoando fiéis e condenando desleais e rebeldes, assim o Dia da
Expiação escatológico comprovará que Deus é justo quando salva e quando pune.
Entre as coisas que aprendemos com Daniel 8:14, está o fato
de que, mesmo depois de todos esses séculos, o Senhor não Se esqueceu de Suas
promessas, e que Ele punirá o mal e recompensará Seus santos. Como você pode se
apegar a essas promessas, especialmente nos momentos de provação? Afinal, sem
elas, que esperança você teria?
Daniel 8 e 9
A palavra para visão (em hebraico chazon), na pergunta de
Daniel 8:13, se refere a toda a visão de Daniel 8:3-11 (veja Dn 8:1, 2, 13, 15)
e inclui o tempo da Média-Pérsia (carneiro), Grécia (bode) e Roma papal (chifre
pequeno). Quando a duração da visão é dada como "duas mil e trezentas
tardes e manhãs", devemos, portanto, entender que a visão se estende do tempo
da Média-Pérsia até o tempo do fim. O texto enfatiza repetidamente que a visão
se refere ao "tempo do fim" (Dn 8:17, 19) e "a dias ainda mui
distantes" (Dn 8:26). Devido à sua extensão, um período literal de dois
mil e trezentos dias não é de modo nenhum suficiente para cobrir o período de
tempo da visão. Portanto, é preciso interpretá-la pelo princípio do dia-ano
como sendo dois mil e trezentos anos, seguindo o exemplo de Ezequiel 4:5, 6 e
Números 14:34.
A questão permanece: Quando os dois mil e trezentos anos
começam?
Estudiosos da Bíblia, tanto judeus quanto cristãos, têm
visto uma forte ligação entre Daniel 8:14 e 9:24-27, vista há muito tempo como
uma poderosa profecia apontando para a vinda do Messias, Jesus.
5. Leia Daniel
9:24-27. O que acontece nesses versos? Qual é a relação entre esses eventos
e Daniel 8:14?
Embora a palavra "visão" (chazon) refira-se a toda
a profecia de Daniel 8, outra palavra, mareh, traduzida como "visão",
aponta especificamente para a "visão [mareh] das tardes e manhãs" (Dn
8:26). É essa mareh [visão], dos dois mil e trezentos dias, que Daniel não
entendeu (Dn 8:27). O anjo havia explicado todo o restante.
Vários anos depois, o mesmo anjo, Gabriel, apareceu a Daniel
para lhe dar uma mensagem a fim de que ele pudesse entender a visão [mareh] dos
dois mil e trezentos dias (Dn 9:23). A profecia das setenta semanas nos ajuda a
compreender o elemento de tempo profético de Daniel 8:14. O verbo
"decretado" [determinado], no início de Daniel 9:24, e que é melhor
traduzido como "dividido" ou "cortado", sugere
especificamente que as setenta semanas fazem parte do período maior de dois mil
e trezentos dias. Assim, a profecia das setenta semanas é "cortada"
da profecia maior de dois mil e trezentos dias de Daniel 8:14. Isso nos dá o
ponto de partida para o período profético descrito em Daniel 8:14.
Estudo adicional
Leia de Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 409-422:
"O Santuário Celestial, Centro de Nossa Esperança?", p. 423-432:
"Quando Começa o Julgamento Divino".
Em Daniel 9:24-27, o início das setenta semanas é marcado
pela "saída da ordem para restaurar e edificar Jerusalém" (Dn 9:25).
Esdras relata a respeito de três decretos relacionados a Jerusalém e ao templo,
mas apenas o terceiro (Esdras 7:12-26) é o mais eficaz. O rei persa Artaxerxes
I emitiu o decreto em 457 a.C. Ele envolvia tanto a reconstrução do templo
quanto a edificação de Jerusalém como centro político e administrativo (Ed
7:25, 26). Apenas esse decreto é seguido por ação de graças pela influência
divina sobre o rei (Ed 7:27, 28). Somente tendo 457 a.C. como ponto de partida,
as 70 semanas (490 anos) atingem o tempo de Cristo, o "Ungido", o
"Príncipe" de Daniel 9:25-27. A profecia das setenta semanas
apresenta o evento exato para datar o início das duas mil e trezentas tardes e
manhãs. Elas começam em 457 a.C. e terminam depois de dois mil e trezentos
anos, em 1844 d.C.
Perguntas para
reflexão
1. Obtenha uma explicação mais detalhada da ligação entre
Daniel 8:14 e a profecia de Daniel 9:24-27. O que essa ligação revela sobre a
importância de Daniel 8:14?
2. "O assunto do santuário e do juízo de investigação,
deve ser claramente compreendido pelo povo de Deus [...]. Caso contrário, será
impossível exercerem a fé que é essencial neste tempo [...]" (O Grande
Conflito, p. 488). O que ela quis dizer com essas palavras? Por que é tão
importante entender essas coisas?
3. Daniel 7 e 8 lidam unicamente com Roma, e nada mais. Não
com o comunismo (como alguns disseram no passado) nem com o Islã (como alguns
dizem). Como podemos permanecer fiéis à Bíblia sem ofender outras pessoas? Por
que devemos mostrar que nossa preocupação é com um sistema e não com as pessoas
envolvidas nele?
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