Texto bíblico:
"Ora, o essencial das coisas que temos dito é que
possuímos tal Sumo Sacerdote, que Se assentou à destra do trono da Majestade
nos Céus, como ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o Senhor
erigiu, não o homem" (Hb 8:1, 2)
Depois de Sua ressurreição e ascensão ao santuário
celestial, Cristo entrou em uma nova fase do plano da redenção (Hb 2:17). Com o
cumprimento do indispensável requisito de Seu sacrifício, Ele foi empossado
como sacerdote e começou Seu ministério sacerdotal intercedendo, com base em
Seu sacrifício perfeito, em favor das pessoas cobertas por Seu sangue, mediante
a fé. Seu ministério sacerdotal consiste em duas fases, ambas prefiguradas no
santuário terrestre por meio do ministério diário e do ministério anual durante
o Dia da Expiação.
Nesta semana, estudaremos a obra de Jesus durante Seu
ministério diário e veremos alguns desdobramentos práticos de Sua obra em
relação a nós. Podemos, de fato, encontrar grande conforto em saber que Jesus
agora está na presença de Deus, aplicando em nosso favor os méritos de Seu
sacrifício. A mensagem do santuário oferece esperança e encorajamento até mesmo
ao mais fraco de Seus seguidores.
Nosso Sumo-Sacerdote
O livro do Novo Testamento que mais fala a respeito de
Cristo como sacerdote é o de Hebreus. A espinha dorsal de Hebreus no Antigo
Testamento consiste em dois versos citados do Salmo 110. O verso 1 é citado
para confirmar que Cristo é exaltado acima de tudo, porque Ele sentou-Se à
direita de Deus. Esse é um tema recorrente em Hebreus, que enfatiza a divindade
e messianidade de Jesus (Hb 1:3; 4:14; 7:26; 8:1; 12:2). O verso 4 do Salmo 110
é usado para demonstrar que o sacerdócio de Cristo foi prefigurado por
Melquisedeque (Hb 5:6).
1. De que forma Cristo cumpre o sacerdócio divinamente
prometido, segundo a ordem de Melquisedeque? Compare Gn 14:18-20, Sl 110:4 e Hb
7:1-3
A Bíblia não apresenta muita informação sobre Melquisedeque.
No entanto, o que ela revela mostra notáveis semelhanças com relação a Jesus.
Melquisedeque é o rei da cidade de Salém (Salém significa "paz".
Então ele é o "Rei da Paz"). Seu nome significa "Rei da
Justiça", o que fala de seu caráter. Ele é separado da História, uma vez
que sua linhagem familiar não é dada; seu nascimento e morte não são
mencionados, por isso, parece que ele não teve início nem fim; ele é
"sacerdote do Deus Altíssimo". O sacerdócio de Melquisedeque é
superior ao sacerdócio levítico, porque por meio de Abraão, Levi deu o dízimo a
Melquisedeque (Hb 7:4-10). Melquisedeque, portanto, é um tipo de Cristo.
Porém, Cristo é ainda mais. Arão foi o primeiro sumo-sacerdote
em Israel. Hebreus 5:1-4 descreve o ofício sumo sacerdotal aarónico idealizado:
nomeação divina, representante dos homens, mediação diante de Deus, compassivo
e oferecimento de sacrifícios pelo povo e por si mesmo.
O livro de Hebreus retrata Cristo como o novo Sumo-Sacerdote.
Ele é de uma ordem melhor até mesmo que a de Arão; Ele não apenas cumpriu os
requisitos do sacerdócio aarónico, mas os ampliou. Jesus não tinha pecado, foi
plenamente obediente e não precisou trazer uma oferta por Si mesmo. Ao
contrário, Ele mesmo foi a oferta, tendo sido a mais perfeita oferta possível.
Jesus cumpriu tanto o sumo sacerdócio aarónico quanto o sumo
sacerdócio de Melquisedeque, de maneira melhor que qualquer um desses
sacerdotes, ou sacerdócios, fez ou poderia fazer. Ambos os tipos encontraram
seu antítipo em Cristo.
Advogado e
Intercessor
2. Que grande esperança e promessa encontramos em Romanos
8:31-34?
O pano de fundo dos versos 31-34 é uma cena de tribunal em
que devemos visualizar a nós mesmos sendo julgados. Perguntas são feitas:
"Quem será contra nós?" "Quem intentará acusação contra os
eleitos de Deus?" "Quem os condenará?" Tal situação poderia
facilmente provocar arrepios em nós. Afinal, não estamos bem conscientes da
nossa imperfeição humana e pecaminosidade?
Porém, não precisamos temer. A promessa de que nada nem
ninguém pode nos separar do amor de Deus se centraliza em vários pontos
importantes: "Deus é por nós" (v. 31), Deus entregou Seu Filho por
nós (v. 32), Deus nos dá graciosamente todas as coisas (v. 32) e Deus nos
justifica (v. 33). Jesus Cristo está do nosso lado. Ele é a resposta ao medo da
condenação, pois morreu, ressuscitou, e agora está continuamente intercedendo
por nós à direita de Deus, no santuário celestial (v. 34).
Se Alguém chegou ao ponto de morrer voluntariamente por nós,
devemos confiar em Seu amor. A certeza revelada em Romanos 8:31-39 realmente
fala sobre o tipo de Deus em quem acreditamos. Se entendermos que Deus nos ama
de tal maneira que nada pode frustrar Seus propósitos para nós (v. 35-39), o
tribunal divino se tornará um lugar de alegria e júbilo.
Essa verdade se torna ainda mais clara em 1 João 2:1, 2. A
palavra grega parakletos indica um assessor jurídico ou advogado, alguém que
aparece em favor de outro como "intercessor". Jesus é nosso Advogado
e nos defende porque, de outro modo, não teríamos esperança.
Nosso advogado é "justo", o que nos dá a certeza
de que o Pai ouvirá a intercessão de Cristo, porque Ele não poderia fazer nada
que pudesse ser rejeitado por Seu justo Pai. Cristo intercede pelos que
pecaram: Aquele que não tem pecado Se apresenta como o Justo que os representa.
Como você pode experimentar mais a verdade maravilhosa de
que nada vai separá-lo do amor de Deus? Como você pode usar essa certeza como
incentivo para viver de acordo com a vontade de Deus?
Mediador
3. "O qual deseja que todos os homens sejam salvos e
cheguem ao pleno conhecimento da verdade. Porquanto há um só Deus e um só
Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, Homem, o qual a Si mesmo Se deu
em resgate por todos: testemunho que se deve prestar em tempos oportunos"
(1Tm 2:4-6). De acordo com esses versos, o que Cristo está fazendo por nós no
Céu?
Cristo é chamado de único Mediador entre Deus e os homens.
Não existe nenhum outro porque, na verdade, ninguém mais é necessário. Por meio
da obra de Cristo como Mediador, salvação e conhecimento da verdade são
disponíveis a todos (1Tm 2:4). A questão fundamental para todos nós é se
aproveitaremos o que Cristo nos ofereceu, independentemente de nosso estatuto,
etnia, caráter ou ações passadas.
"Mediador" é um termo do antigo mundo comercial e
jurídico da Grécia. Ele descreve alguém que negocia ou atua como árbitro entre
duas partes, para remover uma discórdia ou para alcançar um objetivo comum, a
fim de estabelecer um contrato ou aliança.
Em Hebreus, Cristo como Mediador está ligado à nova aliança
(Hb 8:6; 9:15; 12:24). Ele fez a reconciliação. Embora o pecado tivesse
destruído a íntima comunhão entre a humanidade e Deus, o que poderia ter levado
à destruição da humanidade, Cristo veio ao mundo e restaurou a conexão. Isso é
reconciliação. Somente Ele é o elo entre Deus e a humanidade. Por meio desse
elo podemos desfrutar pleno relacionamento de aliança com o Senhor.
A referência de Paulo a Ele como "Cristo Jesus,
homem" expressa Sua qualidade única de ser tanto humano quanto divino (1Tm
2:5). Salvação e mediação estão ancoradas precisamente na humanidade de Jesus e
na voluntária oferta de Si mesmo. Por ser, ao mesmo tempo, Deus e homem, Jesus
é capaz de ligar o Céu e a Terra com laços que nunca podem ser rompidos.
"Jesus Cristo veio ao mundo para que pudesse unir o
homem finito com o infinito Deus, e conectar a Terra com o Céu, que, pelo
pecado e transgressão se haviam divorciado" (Ellen G. White, Sermons and
Talks, v. 1, p. 253 [Sermões e Palestras, v. 1, p. 253]).
Pense nisto: há um Ser divino-humano no Céu, agora,
intercedendo em seu favor. O que isso diz sobre seu valor aos olhos de Deus?
Como essa verdade deve impactar sua maneira de viver e tratar os outros?
O grande Sumo-Sacerdote
4. O que os textos a seguir revelam sobre o ministério de
Cristo como Sumo-Sacerdote? Hb 2:17, 18; 3:6; 4:14, 15; 7:24-28; 8:1-3
Jesus é o "grande Sumo-Sacerdote" (Hb 4:14). Ele é
superior a todos os Sumos-sacerdotes e governantes da Terra. A Bíblia atribui
uma série de qualidades a Jesus como grande Sumo-Sacerdote:
Misericordioso e fiel (Hb 2:17). Essas duas características
se harmonizam com o papel de Cristo como Mediador, pois Ele nos concede Seus
dons ("misericordioso") e é leal a Seu Pai e a nós
("fiel").
Ele Se compadece das nossas fraquezas (Hb 2:18; 5:2, 7). Uma
vez que Ele viveu como ser humano, podemos crer que Ele é um compassivo e
perfeito Ajudador. No entanto, Ele não está na mesma situação em que nós
estamos, porque é "sem pecado" (Hb 4:15).
Ele está acima de nós. Como Sumo Sacerdote, Jesus não está
na comunidade dos cristãos, como Moisés esteve entre os israelitas. Ele está
acima de nós, como um Filho que preside a casa de Seu Pai (Hb 3:6). Cristo
desfruta de plena autoridade entre os santos.
Ele foi tentado como nós somos. A origem divina de Jesus não
Lhe deu direitos exclusivos. Ele foi tentado à nossa semelhança (Hb 4:15). As
tentações escolhidas no deserto da Judeia mostram que Ele foi tentado nas
dimensões física, mental e espiritual (Mt 4:1-11).
Ele intercede por nós. Cristo comparece "por nós"
no santuário celestial, na presença de Deus (Hb 9:24; Hb 7:25). Graças a Deus
que temos um Representante divino para Se apresentar no julgamento em nosso
lugar.
Jesus está no Céu "por nós". O que significa isso?
Que certeza e segurança você encontra nessa maravilhosa verdade?
O Único Sacrifício
Como vimos, um propósito essencial do ritual do santuário
terrestre era revelar, por meio de símbolos, tipos, e profecias em miniatura, a
morte e ministério sumo sacerdotal de Jesus. O pecado é algo terrível demais
para ser resolvido meramente com a morte de animais (por mais tristes e
infelizes que essas mortes tenham sido). Em vez disso, todo aquele sangue
derramado devia apontar para a única solução para o pecado, a morte do próprio
Jesus. O pecado é, na verdade, tão perverso que foi necessária a morte dAquele
que era igual a Deus (Fp 2:6), a fim de expiar o pecado.
5. Leia Hebreus
10:1-14. Como essa passagem contrasta a função e obra do ritual do
santuário terrestre com a morte e ministério sumo sacerdotal de Jesus?
Muitas verdades cruciais ressoam desse texto. Umas das mais
importantes é que a morte de todos aqueles animais não foi suficiente para
resolver o problema do pecado: "É impossível que o sangue de touros e de
bodes remova pecados" (Hb 10:4). Eles apenas apontavam para a solução, mas
não eram a solução. A solução era Jesus, Sua morte e Seu ministério no
santuário celestial em nosso favor.
Observe outro ponto crucial nesse texto: a suficiência total
da morte de Cristo. Embora os sacrifícios de animais tivessem que ser repetidos
muitas vezes, dia após dia, ano após ano, o sacrifício único de Jesus foi
suficiente (afinal, considere quem foi sacrificado!) para expiar os pecados de
toda a humanidade. Deus revelou poderosamente essa verdade fundamental quando o
véu interior do santuário terrestre foi rasgado de modo sobrenatural, após a
morte de Jesus (Mt 27:51).
Considere os danos, a dor, a perda, o medo e o desespero
causados pelo pecado. Como podemos aprender no dia-a-dia, momento a momento, a
nos apegarmos a Jesus como única solução para o problema do pecado em nossa
vida?
Estudo adicional
Leia no SDA Bible Commentary [Comentário Bíblico
Adventista], v. 7A, Apêndice C, p. 680-692: "The Atonement, Part II –
High-Priestly Application of Atoning Sacrifice" [A Expiação, Parte II –
Aplicação Sumo Sacerdotal do Sacrifício Expiatório].
"Afaste-se da voz de Satanás, deixe de fazer sua
vontade, e permaneça ao lado de Jesus, mantendo os atributos de Jesus, o
Possuidor de ternas e finas sensibilidades, que pode tornar Sua própria a causa
dos aflitos e sofredores. O homem que muito foi perdoado, amará muito. Jesus é
o Intercessor compassivo, misericordioso e fiel Sumo Sacerdote. Ele, a
Majestade do Céu, o Rei da glória, pode olhar para o homem finito, sujeito às
tentações de Satanás, sabendo que sentiu o poder das artimanhas de
Satanás" (Ellen G. White, Christian Education [Educação Cristã], p. 160).
"A consciência pode ser libertada da condenação. Pela
fé em Seu sangue, todos podem ser aperfeiçoados em Cristo Jesus. Graças a Deus
por não estarmos lidando com impossibilidades. Podemos pretender santificação.
Podemos fruir o favor de Deus. Não devemos estar ansiosos acerca do que Cristo
e Deus pensam de nós, mas do que Deus pensa de Cristo, nosso Substituto"
(Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, v. 2, p. 32, 33).
Perguntas para
reflexão
1. Leia Hebreus 2:17. Por que foi necessário que Jesus Se
tornasse humano e sofresse antes que Se tornasse nosso Sumo-Sacerdote?
2. Pense nas seguintes palavras: "Não devemos estar
ansiosos acerca do que Cristo e Deus pensam de nós, mas do que Deus pensa de
Cristo, nosso Substituto." Como isso nos ajuda a entender o conceito de
ser aperfeiçoado "em Cristo Jesus"?
3. Nosso Sumo-Sacerdote, Jesus Cristo, é a certeza da nossa
salvação. Ele aplica os efeitos e benefícios de Seu sacrifício e sangue. Com
Ele ao nosso lado, não temos nada a temer. Como podemos tomar essas verdades
maravilhosas, expressas no livro de Hebreus, e aplicá-las a nós mesmos,
especialmente em momentos de tentação?
4. O livro de Hebreus diz claramente que o sacrifício de
Jesus, de "uma vez por todas" (Hb 9:26), foi tudo o que era
necessário para resolver o problema do pecado. O que isso deve nos dizer sobre
qualquer prática religiosa que pretenda repetir esse sacrifício tendo em vista
o perdão dos pecados?
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