Texto principal
"Tendo grande Sacerdote sobre a casa de Deus,
aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração
purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura" (Hb 10:21,
22).
No livro de Hebreus, passagens sobre a fé cristã se alternam
com passagens sobre a vida cristã. Em outras palavras, a teologia tem
implicações práticas. O "quê" da fé leva ao "como" do viver
a fé. Depois de pintar o magnífico quadro teológico de Cristo como nosso
sacrifício e Sumo Sacerdote (Hb 7:1–10:18), o autor de Hebreus encorajou e
exortou os cristãos a viver de acordo com as implicações dessas verdades. Essa
exortação é especialmente vista em Hebreus 10:19-25.
Em grego, essa passagem é uma frase longa e complexa. Ela
consiste de dois fatos básicos que levam a três exortações, cada uma delas
começando com um apelo especial (aproximemo-nos, guardemos e consideremos).
Cada uma das exortações contém um dos elementos da tríade familiar da fé,
esperança e amor. Além disso, cada uma das exortações contém outro aspecto da
fé cristã.
Nesta semana, estudaremos Hebreus 10:19-25 e suas exortações
práticas para a vida cristã.
Acesso ao santuário
celestial
1. Leia Hebreus 4:16;
6:19, 20; 10:19-21. A que os cristãos têm acesso, e o que isso significa
para nós? Que esperança é oferecida ali e que impacto essa esperança deve ter
sobre nossa vida e fé?
Pela fé, os cristãos têm acesso ao santuário celestial, ao
próprio trono de Deus. Podemos buscar intimidade com Deus, porque nossa
"entrada" se tornou possível pelo sangue de Cristo e porque Ele nos
representa como Sumo Sacerdote. Os textos nos asseguram que nossa alma tem uma
âncora, Jesus Cristo, que está na presença de Deus (Hb 4:14-16; 6:19, 20). A
garantia para nós é de que Cristo obteve pleno acesso a Deus depois de ter sido
empossado como Sumo Sacerdote celestial (Hb 6:20). Ao tomar posse, Cristo Se assentou
no trono celestial, uma imagem que demonstra Seu status real (Ap 3:21).
A boa notícia para nós é que nosso Representante está na
presença do Pai. Nenhum mero sacerdote terreno, pecador, ministra em nosso
favor. Temos o melhor Sacerdote! Nada separa o Pai do Filho. Visto que Cristo é
perfeito e sem pecado, não é preciso haver um véu que proteja Jesus, nosso Sumo
Sacerdote, diante da santidade de Deus (Hb 10:20).
"O que a intercessão envolve? É a cadeia dourada que
liga o homem finito ao trono do infinito Deus. O ser humano, para cuja salvação
Jesus morreu, se dirige insistentemente ao trono de Deus, e sua petição é
levada por Jesus que o comprou com o próprio sangue. Nosso grande Sumo
Sacerdote coloca Sua justiça ao lado
do suplicante sincero, e a oração de Cristo se mistura com a do suplicante humano" (Ellen G. White, Para Conhecê-Lo, p. 78).
do suplicante sincero, e a oração de Cristo se mistura com a do suplicante humano" (Ellen G. White, Para Conhecê-Lo, p. 78).
Temos uma grande certeza de que podemos ter íntima comunhão
com o Pai, por causa do que Jesus fez e está fazendo por nós!
O que significa o fato de que Jesus está intercedendo por
você no Céu? Por que você precisa tanto dessa intercessão?
Purificado e sincero
2. Quais são as
condições para nos aproximarmos de Deus no santuário celestial? Hb 10:22
De acordo com esse verso, os adoradores devem cumprir quatro
condições quando se aproximam de Deus:
A) Aproximar-se com um coração sincero. O coração é nosso
ser interior, nossos pensamentos, nossas motivações, emoções, nossa vontade e
nosso caráter. Deus deseja que sejamos sinceros. No entanto, o coração só pode
se tornar sincero se for purificado. Isso não significa que somos perfeitos,
mas que estamos nos esforçando para revelar o caráter de Cristo.
B) Aproximar-se em plena certeza de fé. Como vimos no
estudo de ontem, não há mais razão para duvidar de que teremos acesso a Deus.
C) Aproximar-se com o coração purificado de má
consciência. A aspersão do coração é uma linguagem do santuário que se
refere ao sangue aspergido sobre o povo no tabernáculo do deserto (Êx 24:8; Lv
8:23, 24), o que os purificava ritualmente, mas não podia purificar sua
consciência (Hb 9:9, 13). No entanto, a purificação no verdadeiro tabernáculo
do Céu é uma purificação da consciência, efetuada pelo sangue de Cristo (Hb
9:14). A justificação do pecador arrependido é simbolizada por essa
purificação. Podemos ter uma consciência purificada porque fomos perdoados.
D) Aproximar-se com o corpo lavado com água pura.
Isso parece referência ao batismo cristão, mas também podemos entender essa
expressão em sentido mais espiritual, como a "lavagem de água pela Palavra"
(Ef 5:26), quando lemos a Bíblia e aplicamos seus princípios à nossa vida.
Em Tiago 4:7, 8, o autor luta contra a atitude da mente
dividida de seus leitores. Aparentemente, eles haviam perdido sua dedicação
exclusiva a Deus. Haviam feito concessões e estavam em perigo imediato. Ele usa
linguagem associada à pureza no santuário. A ideia de que só é possível
aproximar-se de Deus se ocorrer a purificação é realmente um conceito
relacionado ao santuário.
Deve ficar claro que somente Deus pode purificar nosso
coração. A questão é: Que escolhas podemos fazer, por mais difíceis que sejam,
para permitir que Sua graça opere em nossa vida?
Fé: seja confiante
Leia Hebreus 10:19-25 novamente. Um tema que aparece
repetidamente é a "confiança". No Novo Testamento, a palavra grega
para "confiança" (Hb 10:19) se refere a ousadia, coragem e intrepidez
que descrevem nosso relacionamento com Deus.
Originalmente, a palavra se referia à liberdade para falar,
que, nesse contexto, poderia significar especificamente que a pessoa podia
livremente se aproximar de Deus em oração. Esse tipo de abertura em nosso
relacionamento com Deus produz uma alegre confiança. O motivo e objeto da nossa
confiança é que temos um Sumo Sacerdote no Céu, mediante o qual podemos ter
acesso à presença de Deus. Esse acesso é ilimitado e não é bloqueado por coisa
nenhuma, exceto nós mesmos e nossas escolhas erradas. Temos um convite aberto
para entrar no santuário celestial.
De onde vem essa confiança? Ela não é produzida por nós
mesmos, mas pelo reconhecimento de que o sangue de Jesus conquistou para nós o
acesso à presença de Deus.
3. Há outros textos
em Hebreus que falam sobre confiança e certeza: Hb 3:6, 14; 4:16; 6:11,
11:1. Que tipo de confiança esses textos descrevem?
Certeza e confiança não nos ancoram em nós mesmos, mas
unicamente em Cristo. Essas condições não dependem de quem somos, mas de quem é
nosso Mediador. Curiosamente, não há nenhuma sugestão de que os cristãos teriam
menos do que "plena certeza" (Hb 6:11; 10:22). Obviamente, o novo
caminho, que foi aberto para sempre mediante a morte de Jesus, conduzirá sem
falta à plena confiança. Nada menos que isso é esperado.
Há duas formas de obter a confiança cristã e mantê-la pela
fé. Uma delas é pela própria fé (Ef 3:12); a outra é pelo fiel serviço cristão
aos outros (1Tm 3:13). Ambos os aspectos são necessários e importantes. Além
disso, em Hebreus, a certeza de fé e a exortação para demonstrar a fé cristã
andam de mãos dadas. A vida cristã nunca é separada da fé cristã.
Quais coisas desafiam sua confiança em Deus ou sua plena
certeza da boa vontade divina para com você? O que você pode fazer para se
proteger desse perigo espiritual?
Esperança: ser firme
e inabalável
4. Leia os textos
abaixo. O que há em comum entre eles? A que os cristãos devem se apegar? Hb
3:6 ; Hb 3:14; Hb 4:14; Hb 6:18; Hb 10:23
Além de ter certeza da salvação, é importante perseverar e
manter a esperança que nos é oferecida. Em Hebreus, apegar-se ("guardar
firme") é um apelo solene. Tem-se a impressão de que alguns cristãos
estavam se afastando da fé e da esperança cristã. O apóstolo precisou
encorajá-los a não desistir. O texto expressa de modo muito semelhante as
coisas que valem a pena ser mantidas: esperança, confiança, certeza e
confissão. Em um sentido objetivo, todos esses termos se referem à crença
cristã. Podemos fazer essas coisas porque nossa esperança não está em nós
mesmos, mas em Jesus e no que Ele fez por nós. No momento em que nos
esquecermos dessa verdade fundamental, certamente perderemos a confiança.
Estes textos nos desafiam a ser firmes desde o
"princípio" (Hb 3:14) "até ao fim" (Hb 3:6, 14; 6:11).
Fazer isso "sem vacilar" (Hb 10:23) é uma indicação de fé imutável e
inabalável. Sejam quais forem as circunstâncias, nossa esperança permanece a
mesma, nosso compromisso com Deus não muda, porque podemos crer que Ele é fiel
e fará o que prometeu.
Não há dúvida de que Deus é fiel à Sua Palavra. Ele cumpriu
a promessa que tinha feito a Abraão e Sara (Rm 4:19-21); cumpriu a promessa da
primeira vinda de Cristo (Gl 3:19) e cumprirá a promessa de Sua segunda vinda
(Hb 12:26). No entanto, a última promessa de Deus é a vida eterna, a qual Ele
prometeu mesmo antes do princípio do tempo (Tt 1:2; 1Jo 2:25).
A fidelidade de Deus é imutável. Mesmo que sejamos
"infiéis, Ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-Se a Si
mesmo" (2Tm 2:13). Nossa infidelidade ou descrença não mudará a intenção
divina para conosco. Suas promessas não são abaladas pelas nossas falhas
morais. As promessas ainda estarão disponíveis para nós, porque fidelidade é
parte da natureza divina.
É muito fácil ficar desanimado por causa dos nossos pecados.
Como podemos vencer esses pecados e, ao mesmo tempo, não desistir da fé quando
erramos? Por que devemos nos apegar a essas promessas, especialmente quando
falhamos?
Amor: incentivando
uns aos outros
"Consideremo-nos também uns aos outros, para nos
estimularmos ao amor e às boas obras" (Hb 10:24).
Considerando que a exortação em Hebreus 10:23 focaliza a
atitude individual, a exortação seguinte em Hebreus 10:24 é dirigida à
comunidade cristã. Não andamos sozinhos em nosso caminho com Cristo. Devemos
cuidar uns dos outros de forma constante.
O desafio de amar uns aos outros é um componente tradicional
do comportamento cristão (Jo 13:34, 35; Gl 5:13). No entanto, amar uns aos
outros não acontece naturalmente. O ato de "considerar" sugere
reflexão concentrada e cuidadosa. Somos instados a prestar atenção aos nossos
irmãos e considerar como poderíamos encorajá-los a amar os semelhantes e a
fazer boas obras. Infelizmente, é mais fácil provocar e hostilizar os outros do
que estimulá-los ao amor cristão, não é mesmo?
Então, vamos consolidar nossos esforços para trabalhar pelo
melhor da comunidade, de modo que, por causa do nosso incentivo ao amor, os
outros também não consigam deixar de amar e realizar boas obras.
5. Leia Hebreus
10:24, 25. O que "amor" e "boas ações" têm a ver com o
ato de congregar com os irmãos?
Um ponto salientado pela epístola aos Hebreus é que devemos
expressar amor uns aos outros nas reuniões cristãs. Se alguém não vai ao culto,
como pode cumprir a lei do amor de Cristo? Algumas pessoas podem pensar que têm
"boas" razões para se ausentar das reuniões cristãs. No entanto, a
epístola aos Hebreus aborda a questão sensível de que, no fim, pode ser a sua
própria apatia que os leva a faltar às reuniões. Se alguém quiser, sempre
encontrará razões para deixar de frequentar a igreja e outras reuniões cristãs.
Essas razões, entretanto, são irrelevantes em contraste com a razão para ir às
reuniões: ser uma bênção aos outros.
Essa prática se torna ainda mais urgente à medida que o dia
da volta de Cristo se aproxima. No início de Hebreus 10:19-25, o autor advertiu
os cristãos a se aproximarem de Deus no santuário celestial e, em sua
conclusão, ele relembrou que o Dia do Senhor se aproximava deles. A vinda de
Cristo deve ser sempre a principal motivação para o comportamento cristão.
Em sua igreja, quem você deseja incentivar com as suas
palavras, ações, ou apenas por sua presença? Se você tem esse propósito
estabelecido, pode fazer grande diferença na vida das pessoas e, por sua vez,
ser igualmente abençoado.
Estudo adicional
"O Mediador, em Seu ofício e obra, excederia
grandemente em dignidade e glória o sacerdócio terreno, simbólico. [...] Esse
Salvador devia ser um mediador, para ficar entre o Altíssimo e Seu povo.
Mediante essa provisão, um caminho foi aberto pelo qual o pecador culpado pode
encontrar acesso a Deus pela mediação de outro. O pecador não podia se
aproximar em sua própria pessoa, com sua culpa sobre ele, e sem maior mérito do
que possuía em si mesmo. Unicamente Cristo podia abrir o caminho, apresentando
uma oferta à altura das exigências da lei divina.[...]. A extensão das
terríveis consequências do pecado nunca poderia ter sido conhecida, se o
remédio provido não tivesse sido de valor infinito" (Ellen G. White, The
Spirit of Prophecy [Espírito de Profecia], v. 2, p. 11).
"A fé na expiação e intercessão de Cristo nos manterá
firmes e inabaláveis em meio às tentações que pressionam a igreja
militante" (Ellen G. White, SDA Bible Commentary [Comentário Bíblico
Adventista], v. 7A, p. 484).
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