A festa de Sucot é caracterizada principalmente pela obrigação do povo judeu de habitar em cabanas. A sucá lembra as tendas (ou as nuvens celestiais) que serviram como habitação para nossos antepassados durante os 40 anos que passaram no deserto do Sinai, após o Êxodo do Egito.
Há ainda uma outra explicação: após Rosh Hashaná e Yom Kipur é natural nos preocuparmos com o julgamento e os decretos Divinos. Será que nossas preces em Yom Kipur foram aceitas? Será que fomos perdoados? Mesmo sem saber a resposta e esperando pelo julgamento, construímos cabanas logo após Yom Kipur.
Sim, é inacreditável! O ato de deixar a nossa residência permanente e mudar-nos para a sucá pode ser considerado um exílio. Daí deduzimos o quanto nossos atos são preciosos e importantes perante D’us. O judaísmo ensina que mesmo os atos mais simples e aparentemente insignificantes são de grande valor para o Eterno.
Os significados das leis da sucá
As leis das sucá, além de serem bastante específicas, dão-nos importantes lições de vida.
O Talmud ensina que a palavra sucá é derivada de schach que, em hebraico, significa cobertura. A sucá é uma habitação formada por paredes e teto. Para a fabricação das divisórias pode-se usar qualquer tipo de material sólido (pedra, madeira, ferro, vegetal, plástico e até junco). Porém, para construir a cobertura da cabana onde se deve habitar durante Sucot só é permitido usar material vegetal recém-cortado, como folhagem, bambu e madeira, entre outros.
As paredes da sucá simbolizam o status social do indivíduo ou da família que a constrói. Elas representam sua posição socioeconômica e o patrimônio adquirido ao longo dos anos. Por isso, a construção das paredes da sucá pode ser feita com qualquer tipo de material, do mais simples ao mais luxuoso. É até permitido construir uma sucá com paredes de ouro ou prata. Mas a lei determina que o schach que é o elemento fundamental da sucá seja feito de um vegetal cortado, que praticamente não tem valor econômico.
Para cumprir o mandamento da sucá, deve-se habitar debaixo da sombra provida pelo schach. Esta sombra representa a proteção Divina que todas as pessoas das mais bem-sucedidas às mais humildes necessitam e almejam. Por representar a Proteção Divina, o schach não pode ser feito de material industrializado pelo ser humano. Ao cobrirmos a sucá com o vegetal tal qual é encontrado na natureza, a nossa intenção é demonstrar que somos todos parecidos e todos necessitamos da proteção do Criador .
Outra lei referente a sucá é a exigência de que dentro da cabana a sombra seja mais importante de que a luminosidade. Por isso, devemos colocar bastante folhagem no schach para que a luz do sol não penetre tanto na sucá. O sol, neste caso representa as posses materiais. Em Sucot, nossa preocupação é com a sombra e a proteção Divina, que aquecem muito mais que o astro-rei.
A Sucá também não pode ser construída com paredes que tenham altura maior que 9,6 m. O Talmud explica a razão: se as paredes da sucá fossem mais altas, a pessoa estaria sentada sob a sombra das paredes e não do schach, como manda a lei. E esta, apesar de aparentar ser exclusivamente técnica, tem uma simbologia significativa. A pessoa deve residir sob a sombra do schach, ou, como vimos, a proteção Divina. Se sentasse debaixo da sombra resultantes de paredes altas, a pessoa estaria demonstrando que confia mais em suas posses materiais simbolizado pelas paredes da sucá, como explicado acima do que no amparo de D’us.
É esta a finalidade explícita para a construção da Sucá. Uma outra lei de Sucot estabelece que uma sucá que foi construída no ano anterior perde sua validade se não for, de alguma forma, alterada. O Talmud explica que o mandamento da sucá, como outros da Torá, deve ser cumprido de forma ativa: Taassé veló min Heassui o que quer dizer, em hebraico “faça e não [repita o mandamento] que já está cumprido”.
Conclusão
Para concluir, existe ainda um outro motivo pelo fato de comemoramos Sucot no mês de Tishrei. A sucá, devido à fragilidade de sua estrutura, é uma moradia provisória. De fato, a Torá exige que a sucá seja construída como uma moradia provisória; caso contrário, é inválida para o cumprimento do mandamento. Por que a sucá deve ser uma cabana e não uma bela residência? Para nos lembrar que a vida é passageira. Ao se referir à vida do ser humano, o Salmista declara: “Yamav ketsel over” seus dias são como uma sombra que passa. Consta no Midrash que nossa vida na Terra não é comparável à sombra de uma parede, nem à de uma árvore, mas à sombra de um pássaro que voa.
Aquele que se conscientiza deste grande ensinamento do judaísmo, desde o início do ano, saberá valorizar seu tempo e transformar cada dia de sua existência terrestre numa vida útil e produtiva.
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