Os judeus designam o livro de Génesis segundo a primeira palavra do texto hebreu, Bereshith no princípio. Entretanto, o Talmud judeu chama-lhe o "Livro da criação do mundo". O nome Génesis significa "origem" ou "fonte", foi tirado da LXX onde este termo foi usado pela primeira vez, para indicar o conteúdo do livro.
Judeus e cristãos por igual consideraram Moisés, o grande legislador e dirigente dos hebreus durante o êxodo, como o autor do livro. Esta convicção foi disputada algumas vezes por opositores pagãos no período inicial do cristianismo, mas nunca foi posta em dúvida seriamente por nenhum cristão nem judeu até meados do século XVIII. Há mais de dois séculos, puseram-se em duvida crenças e opiniões tradicionais em todo aspecto do pensamento humano.
O livro foi escrito ao redor de 1.500 anos a.C enquanto os hebreus estavam ainda em escravidão no Egito. Contém um esboço da história deste mundo que abrange muitos séculos. Os primeiros capítulos não podem ser colocados num marco histórico, segundo a concepção corrente do que é história. Não temos história do mundo antediluviano, salvo a que foi escrita por Moisés. Não temos registos arqueológicos, a não ser só o testemunho mudo e frequentemente escuro dos fósseis.
Todo estudante atento conhece o tema principal do livro: primeiro a narração da aliança de Deus com os poucos fiéis que O amaram e serviram e segundo, a profundidade da depravação na qual caíram os que deixaram Deus e seus os preceitos. O livro do Génesis é o primeiro registo permanente da revelação divina concedida aos homens.
Embora saibamos que somente em tempos posteriores é que o santuário foi dado ao povo, é possível encontrar momentos e ocasiões que já nos lembrariam o mesmo. Algumas pesquisas no livro do Génesis trazem-nos informações claras de que Deus já estava a apresentar um projecto chamado santuário, mesmo que em forma de "miniatura".
Nesse livro encontram-se vários pontos que nos fazem lembrar o santuário, vejamos:
01. Em Gén. 2:8 Deus plantou um jardim ao Oriente. Como sabemos na história o templo (a sua entrada) também foi direccionada para o Oriente (leste). Ex 36:20-30; Ez 47:1.
02. Gén. 2:8 — Deus plantou. Em Ex 15:17 Deus promete plantar o santuário na montanha santa.
04. Gén. 2:9 — A árvore da vida é descrita como estando no centro do jardim. No hebraico BETWK (meio). Este é o mesmo termo que é usado em Ex 25:8 onde Deus pede que seja construído um santuário para que pudesse habitar no meio do povo. (Moisés escolheu as mesmas palavras).
05. Gén. 3:8 — Deus andando no jardim. A descrição de Deus caminhando ao redor é encontrada apenas 2 vezes em todo o Antigo Testamento. A primeira é em Gén. 3:8 e a segunda em Dt 23:14, onde apresenta o Senhor andando no meio do arraial.
06. Gén. 2:10 — O rio fluindo do meio do jardim faz lembrar o rio que flui do santuário. Ez 47:1-12, Ap 22:1.
07. A lista dos metais no Jardim do Éden (ouro, berilo, bdélio, ônix) são apenas mencionados na Bíblia em conexão com o santuário. (Ex 25:7; 28:9, 20; 35:9; 39:6,13; Nm 11:7). Nm 11:7 — apresenta o maná como sendo da cor do berilo (esta é a única vez que o berilo é mencionado).
08. O serviço de sacrifícios, embora não se mencione tão abertamente aqui, foi instituído nesse tempo. O relato dos sacrifícios de Caim e Abel, mostra que estavam familiarizados com esse ritual. Se Deus não tivesse ensinado a lição em relação aos sacrifícios, teria sido desnecessária a aprovação da oferenda de Abel e a desaprovação da de Caim. Ao Caim não acusar Deus de preferências ou parcialidade, coloca em evidência que tanto ele como seu irmão sabiam o que era para ser feito. Deus já tinha ensinado a lição do Cordeiro. A oferenda de Abel foi uma demonstração de fé, a de Caim pelas obras. Ao sacrificar o animal, Abel mostrara fé no plano da redenção. Gén. 4
09. Uma espada que se revolvia. Deus colocara uma espada no portão do paraíso, para que Adão e Eva não tivessem acesso a árvore e comessem do fruto da vida. Na bíblia, a luz foi sempre símbolo de presença divina. Lembra o Shekinah, glória de Deus, aparece entre os dois querubins no propiciatório (Ex 25:22; Is.37:16). A frase "uma espada que se revolvia" é uma tradução do hebreu que diz "um fulgor da espada". Não havia nenhuma espada literal que guardasse o portão do paraíso. Mas bem havia o que parecia ser o cintilante reflexo da luz de uma espada "que se revolvia por todos os lados" com grande rapidez, fazendo refulgir dardos de luz que irradiavam de um centro intensamente brilhante. Além disso a forma do verbo hebreu, "mithhappéketh", "revolvia por todos lados", significa em realidade "dando-se volta a todos lados". A "espada" parecia girar sozinha sobre si mesma. Esta radiante luz vivente não era a não ser a glória do Shekinah, a manifestação da presença divina. Ante ela, durante séculos, os leais a Deus reuniam-se para O adorar. Gén. 3:24 - Devemos então notar algo interessante, no Éden vemos 2 anjos e uma luz intensa ao meio, em Êxodo, encontramos 2 anjos e a luz do Shekná ao meio, está havendo no Génesis, uma projecção do futuro, através da presença de 2 querubins e uma glória ao centro.
10. No Éden há três separações de espaço: Terra, Jardim e o Meio do Jardim. No monte Sinai, encontramos também três separações de espaço: o acampamento do povo, o local onde os anciãos se encontravam com Moisés, e, o lugar onde apenas Moisés poderia ir. São os três espaços do santuário: pátio, lugar santo e lugar santíssimo. Gén. 2:8-9 - Ex 19:20-24.
11. Quando Deus terminou a Criação Ele abençoou o que tinha feito. Quando o santuário foi completado Moisés viu toda a obra e abençoou o povo. Gén. 2:3 - Ex. 39:43.
12. No santuário e no templo de Salomão muitos elementos da natureza estavam nas paredes (palmeiras, flores, vinhas, amêndoas). Os estudiosos crêem que isto é uma referência à criação. 1Re 6:29, 32, 35; 7:49.
13. Após o pecado Deus desce e põe vestes em Adão e Eva. LABASH KETONET. Estes são os termos exactos que Moisés usa para descrever as vestes do sacerdócio. (Lev. 8:7—13; Num. 20:28). As únicas vezes que na bíblia mostra Deus vestindo alguém são Adão e Eva e os Sacerdotes. Isto implica que Deus estava vestindo Adão e Eva e determinando-os como sacerdotes. Gén. 3:21.
14. A criação do mundo foi feita em 6 dias e no sétimo Deus criou o sábado, descansando nele. A descrição do santuário é feita em 6 seções, terminando com o sábado. (Gén. 1 e 2; Ex 25— 31).
15. Gén. 2:15 — O trabalho de Adão era cultivar a terra. Há aí duas palavras críticas: ABAD — servir, e SHAMAR — guardar. Estas mesmas duas palavras são usadas para descrever o trabalho dos levitas no santuário. (Nm 3:7, 8).
16. No santuário e no templo de Salomão havia muitos elementos da natureza nas paredes (palmeiras, flores, vinhas, amêndoas). Os estudiosos crêem que isto é uma referência à criação. (Ex 25:3 1 — 40; 1Rs 7:49; 7:26, 29, 36; 1Rs 6:29, 32, 35).
Não existe um único verssículo bíblico que diga ser o Éden o primeiro santuário, contudo, o nosso objectivo aqui foi mostrar que na mente de Deus a ideia chamada santuário já estava a ser colocada em prática de forma pedagógica a ensinar os primeiros habitantes.
Deus seja louvado, pois este maravilhoso projecto já tinha nascido (Gén. 3:15) na mente do Supremo.
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