Aqui está uma pergunta intrigante: O que sabia Jesus sobre o Seu Ministério? O texto a seguir é um relato imaginário do reconhecimento consciente de Jesus sobre o Templo, durante a Sua primeira celebração da Páscoa, em Jerusalém, como “filho da lei”. Está baseado na descrição de Ellen White sobre o Templo, escritos hebraicos daquele período e pesquisa actuais sobre a arquitectura do Templo. Apenas caminhe pela estrada de Nazaré e Jerusalém e descubra, com Jesus, não apenas a beleza, mas o significado do Templo.
O menino Jesus está no Seu quinto dia de caminhada, de Nazaré rumo a Jerusalém. É um adolescente de 12 anos e é agora um “filho da lei”. Mais do que um rito de passagem, essa é a Sua primeira celebração da Páscoa em Jerusalém! Ao tornar-Se mais maduro, começa a perceber que a Sua principal responsabilidade é a obediência à lei e a Seu Pai celestial.
O grupo faz paragens nos lugares familiares da história dos seus antepassados: Dotã, Sicar, Betel. Às vezes, hospedam-se em pousadas. Às vezes, dormem sob as estrelas. O jovem gosta da brisa da noite, do cheiro da mostarda silvestre, do arrulhar de uma pomba.
No quinto dia, finalmente, os peregrinos aproximam-se da cidade de Jerusalém. Jesus está ansioso para ver Jerusalém. “Não hoje”, disse José. “Vamos passar a noite com os nossos parentes em Emaús.”
“Muito bem”, concordou Maria. “Precisamos tomar banho e lavar as nossas roupas.”
Emaús está repleta de peregrinos. Alguns caminharam ou viajaram durante semanas. Vieram de países vizinhos, como o Egipto e até de Roma, para ver o “Edifício mais bonito do mundo”; o santo Templo de Jerusalém! “Caio, o romano, não o descreveu assim?”, observa José.
À medida que os peregrinos sobem o Monte das Oliveiras, uma mulher começa a cantar: “Os nossos pés já se encontram dentro das tuas portas, ó Jerusalém! (…) Haja paz dentro dos teus muros e segurança nas tuas cidades!” (Sal. 122:2,7). Todos se unem a ela.
Assim que chegam ao topo da montanha e que vista! Eleva-se acima da cidade, está o maravilhoso Edifício, incrivelmente alto, e o sol nascente é reflectido nas suas paredes revestidas de ouro. Uma coroa de deslubrante mármore branco quase toca o céu. É impressionante! Jesus tinha crescido a ouvir histórias sobre o Templo. Os judeus de todos os lugares têm orgulho da sua beleza. Um grande rabino descreve-o como “a luz do mundo”. Mesmo a mais eloquente linguagem, porém, é incapaz de prevenir os peregrinos daquela visão.
O grupo é recebido por um sacerdote idoso que gosta de falar sobre o Templo, “O rei Herodes dobrou o tamanho do monte do Templo”, explica ele. “Ele queria que o Templo fosse como era nos dias de Salomão. Aumentou a sua altura dos 60 covados especificados por Ciro, para 100 covados. (1) Acrescentou quartos ao redor e acima do santuário, assim como pátios e prédios para os gentios. Ele usou dez mil pedreiros e carpinteiros. Herodes queria que o judaísmo fosse a religião mundial. Quando o Messias vier, não dominaremos o mundo?
Acompanhe-me: deste ponto podemos ver o local onde é queimado incenso todos os dias, o lugar santo.” “O Templo é tão alto!”, exclamou o mancebo à Sua mãe. “E olhe os pilares! E aquela é a vinha dourada da qual a mãe me falou?”
“Sim”, interrompe o sacerdote. “Cada cacho de uva é do tamanho de um homem. Foi um presente do rei Herodes, mas pessoas de todo o império contribuíram com uma folha ou uva. Olha com mais atenção. Talvez consigas ver o santo véu. Ele tem 40 covados de comprimento e 20 covados de largura. Na realidade, são dois véus com um covado de distância entre si. No Dia da Expiação, o sumo sacerdote atravessa o primeiro, passa por entre os véus para o outro lado, e só então chega ao lugar santíssimo.
Todos os anos são feitos novos véus por 82 virgens, cuidadosamente escolhidas para a tarefa. São necessários trezentos sacerdotes para os levantar!”
“Olhem!”, grita um peregrino. “Aquele é o altar? É enorme!” (2)
“É verdade!”, diz o sacerdote. “Desse modo, todos podem ver os sacrifícios. E observar as piras. Duas queimam constantemente e quatro em dias especiais.” Pessoas de todas as direcções estão a convergir para os amplos degraus diante dos portões gêmeos, na parte baixa do muro sul.
“É o sacrifício da manhã”, diz Maria. “Devemos apressar-nos!”
Entram pelo portão da direita, sobem através de um túnel iluminado e lindamente decorado, e chegam ao monte do Templo.
Enquanto os fiéis judeus se apinham em direção ao Templo, os visitantes gentios seguem em direção à Stoa Real. Há ali um muro baixo, o soreg, circundando o pátio interior. Placas, em três idiomas, avisam os não judeus a não entrarem, “sob pena de morte”.
Quando chegam ao Pórtico de Salomão, a família vai para a tesouraria, também conhecida como Pátio das Mulheres. Ao entrar no vasto recinto, podem ver o coral de levitas, acompanhado por uma orquestra arrumada em 15 degraus semicirculares. De uma torre do Templo, homens com trompetes de prata chamam os adoradores para celebrar o sacrifício da manhã. O coral e orquestra apresentam o Salmo escolhido para o primeiro dia. “Do Senhor é a terra e tudo o que nela existe, o mundo e os que nele vivem.” (Sal. 24:1).
No pátio, há galerias elevadas em três lados, para as mulheres, revestidas com caixas em forma de trompete. Os homens permanecem no piso térreo. Através de um lindo portão, eles entram no Pátio dos Israelitas, onde os cordeiros são sacrificados como ofertas pelo pecado. Com a mão do pai sobre os Seus ombros, o adolescente observa o sangue do cordeiro ser recebido numa bacia e entregue ao sacerdote. Uma fila de sacerdotes descalços passa para a frente as bacias com sangue, trocando as cheias pelas vazias, que retornam para o sacrifício seguinte. Quando o sacerdote mais próximo ao altar recebe a oferta e o lança sobre ele, uma trompete soa. O jovem chora. Será que reconhece ser Ele mesmo o Cordeiro de Deus?
Ali está a grande bacia, apoiada por doze touros enormes. Os sacerdotes necessitam de água para lavar o sangue que lhes salpica as mãos e também o pátio. A bacia é cheia, todos os dias, com água abundante, que chega ali pelo magnífico aqueduto romano.
O sacerdote, que presidirá ao altar de incenso apenas uma vez na vida, sobe os dez degraus até ao Templo e solemente acende o incensário. “As orações do povo de Deus”, sussurra José. O menino surpreende-Se com a entrada de vinte metros de altura do lugar sagrado. Ele examina tudo. Textos das Escrituras passam pela Sua mente.
Ele fica a saber que os sacerdotes e rabis se reúnem no terraço do Templo para falar sobre as Escrituras. Os fariseus desafiam o conhecimento dos saduceus. Unindo-se a eles, o jovem ouve com atenção e faz perguntas; algumas delas exigem séria reflexão e até pesquisa.
Logo após o sacrifício da tarde, um grupo de sacerdotes, com as mãos levantadas pronunciam a antiga bênção: “O Senhor sobre ti levante o Seu rosto…” (Núm. 6.24-26).
No Sábado Pascal, há milhares de pessoas no monte do Templo. Os trompetistas anunciam o sábado, o coral canta o povo adora.
Assim, por uma semana emocionante, a família de Nazaré desfruta da majestade e da inspiração do santo Templo.
Tantas coisa para ver e ouvir! A ceia pascal é celebrada com os parentes em Emaús; então voltam ao monte do Templo, onde milhares de pessoas enchem os pátios e a Stoa Real. Eles ouvem ouvem muitos idiomas entrageiros. Quando sentem fome, compram tâmaras e pão nas lojas do lado de fora dos muros com a moeda do Templo. Jesus, procura ficar sózinho, aparta-Se dos Seus pais e permanece nos pátios do Templo.
Termina a Páscoa e os peregrinos voltam para casa. José e Maria esperam que o filho Se encontre com eles ao cair da noite. Mas Ele não está entre o grupo de Nazaré. Preocupados, voltam rapidamente a Jerusalém. Eles procuram-n´O durante três dias no monte do Templo. Finalmente, encontram-n´O rodeado pelos mestres! Ele está envolvido numa discussão teológica!
Com lágrimas de alegria Maria grita: “Filho! Como pudeste fazer isto connosco? Estamos à Tua procura há três dias!”
“Porque Me procurais?” disse o jovem, levantando-Se. “Não sabem que preciso tratar dos negócios de Meu Pai?” Os Seus pais ficam confusos, mas Maria nunca mais se esqueceu dessa resposta. Jesus sabe que realmente é o “Filho da lei” e que ainda há muito a ser feito nos “negócios do Seu Pai”.
Notas:(1) Estudiosos consideram o côvado entre 45-52 centímetros.
(2) Aproximadamente 15X15 metros e 7,3 metros de altura.
• Todos os textos foram extraídos da Nova Versão Internacional.
Autor: Pr. Oliver Jacques (reformado, mora em Fallbrook, Califórnia, E.U.A. Serviu como pastor, evangelista, missionário e administrador/presidente de União IASD.