O título nos manuscritos gregos mais antigos é simplesmente "Prós Hebráious" (Aos Hebreus). Este título é particularmente apropriado, já que o livro trata principalmente do significado do santuário e os serviços, temas que sem dúvida devem ter sido de especial significado para os primitivos cristãos de origem Hebreia ou judia. A paternidade literária do livro aos Hebreus foi motivo de debates desde os primeiros tempos. Muitos atribuíam o livro a Paulo, mas outros opunham-se intensamente a esta opinião. Orígenes, pai da igreja que escreveu a começos do século III, concluía o seu exame do livro com esta declaração: "Quem o tenha escrito é só conhecido por Deus" (chamado por Eusébio, História eclesiástica vi, 25, 14). Outros pais pensavam que o autor pode ter sido Barnabé, Apolo, Clemente ou Lucas.
Esta incerteza quanto à paternidade literária da Epístola aos Hebreus foi um factor importante na relutância de muitos antigos cristãos do ocidente do Império Romano para aceitá-lo como canónico.
Nos séculos seguintes cessou a discussão sobre a paternidade literária de Hebreus, e a maioria dos cristãos aceitou como obra de Paulo, opinião que foi apoiada em forma geral até aos tempos modernos; então agitou-se de novo a polémica, debatida especialmente pelos eruditos.
As evidências contra o ponto de vista de que Paulo ter escrito a Epístola aos Hebreus foram extraídas principalmente de considerações quanto ao estilo literário e o conteúdo do livro. É possível que o vocabulário de um autor e o seu estilo variem segundo o tema de que trate, mas essas variações serão principalmente nos termos técnicos, característicos dos diversos temas a respeito dos quais se escreva.
Apreciando o tema no seu conjunto, o estilo literário geral aos Hebreus difere notavelmente de qualquer das epístolas que levam o nome de Paulo. O estilo Paulino tem a marca inconfundível de vívidos e ferventes passagens que revelam a corrente impetuosa dos pensamentos do autor. Mas Hebreus apresenta um tema completamente organizado e mantém um nível retórico mais elevado que o de qualquer outro livro.
Por meio da descoberta dos papiros bíblicos do Chester Beatty, do século III, ficou manifesto alguma provável evidência em favor da paternidade literária paulina da Epístola aos Hebreus. No códice que contém as epístolas paulinas, Hebreus acha-se entre Romanos e 1 Coríntios. Embora este fato não demonstre a paternidade literária paulina da epístola aos Hebreus, é um significativo indício de que desde cedo na história da igreja havia quem acreditasse que Hebreus devia ser incluída como parte dos escritos do Paulo.
Aceita-se geralmente que Hebreus foi escrito antes da queda de Jerusalém. O número de dirigentes da igreja era muito reduzido nos anos anteriores ao ano 70 d.c. Qual desses dirigentes poderia ter exposto um tema tão profundo como o que se apresenta no livro de Hebreus? A pessoa mais possível é, sem dúvida alguma, Paulo. Dizer que o autor foi um cristão desconhecido desse período, só levanta um novo problema: como é possível que um cristão que possuísse o discernimento teológico necessário e a capacidade lógica suficiente para produzir uma obra como Hebreus, pudesse ter ficado no anonimato n um tempo quando os dirigentes cristãos eram tão poucos, mas tão completo o registo que se tinha dos mesmos?
Paulo e quem o acompanhava, compreendiam suficientemente bem os ritos mosaicos e as cerimónias para os avaliar correctamente e lhes dar o seu devido lugar no plano da salvação, Paulo conhecia a natureza transitória desse sistema e sabia que já havia se cumprido o período para a sua utilidade. A igreja cristã de origem judia, cujo centro estava em Jerusalém. Os cristãos de origem judia ainda guardavam as festas, seguiam sacrificando como em anos anteriores e continuavam no seu zelo pela lei cerimonial. Tinham só um vago conceito da obra de Cristo no santuário celestial; sabiam pouco de seu ministério; não compreendiam que os seus sacrifícios eram inúteis devido ao grande sacrifício do Calvário. Esses milhares de cristãos judaicos "todos... ciumentos pela lei", teriam que enfrentar uma crise quando fossem destruídos a cidade e o templo. Isto evidentemente ocorreu só um curto tempo depois de que se escreveu a Epístola aos Hebreus. Tinha chegado o tempo quando os olhos dos cristãos de origem judia deviam abrir-se às realidades celestiais. Quando o templo fora destruído, ser-lhes-ia necessário que a sua fé se apoiasse em algo seguro e firme que não falhasse. Se sua atenção pudesse fixar-se no Sumo-Sacerdote celestial, no santuário e nos sacrifícios melhores que os de bezerros, não desfaleceriam quando desaparecesse o santuário terrestre. Mas se não tinham esta esperança, se careciam de uma visão do santuário do céu, sentiram-se confundidos e perplexos quando vissem a destruição do templo em que tanto acreditavam.
Acredita-se que nessa hora de crise apareceu o livro de Hebreus. Continha precisamente à ajuda necessária: luz sobre o tema do santuário, de Cristo como Sumo Sacerdote, do sangue "que fala melhor que o de Abel" (Hb 12:24); do repouso que fica para os filhos de Deus (Heb. 4:9).
O capítulo 8 de Hebreus é definido por muitos como um esboço da mentalidade filoplatónica do autor sagrado. Em outras palavras, ele vê a realidade como uma estrutura em dois andares. O andar inferior é o mundo físico e temporal. Mas este mundo inferior é apenas cópia ou imitação do mundo superior. Assim também o templo terreno é apenas uma cópia do templo celestial. Os sacerdotes terrenos ministram na mera cópia, mas o Filho ministério no real santuário celestial. Como podemos entender a inter-relação da obra mediadora no santuário terrestre e celestial?
Vamos então tomar por base de que Paulo é o autor de Hebreus!
Hebreus foi escrito para cristãos indecisos que estavam pensando em abandonar a fé e voltar ao judaísmo. Resumidamente, Paulo falou: “Não abandonem a Jesus. Pois se o abandonarem, o que sobrará? Não há significado nenhum no ritual do santuário se ele não apontar para Cristo. Se vocês rejeitarem o antítipo, para que servirá o tipo?”
Todo o livro de Hebreus é a respeito do santuário? Não! O santuário ocupa o centro do livro. No entanto, todo o livro é usado para mostrar a superioridade de Cristo. Ele é maior que os anjos, que Josué, Moisés, Sumo-Sacerdote, sacrifícios, é o melhor sangue, o melhor santuário, o melhor concertam, etc. Todas as sombras do AT apontam para Jesus, não o podiam rejeitar.
Paulo usa a tipologia para estabelecer a doutrina no seu livro. Este livro tem sido o campo de batalha para muitos dos que se opõem a esta doutrina da IASD. Foi este livro que fez com que Ballenger rejeitasse a doutrina. Foi a mesma situação com Desmond Ford.
Alguns dizem que Hebreus e Levítico não batem, estão em descontinuidade, vejamos se isso é verdade.
Alguns argumentos usados para afirmar a descontinuidade:
Afirmam que existem muitos conceitos de Philo e Platão. Ambos argumentam a favor do dualismo. Existem coisas no céu e as mesmas na terra. As do céu são eternas, e as da terra são transitórias. As coisas do céu são ideias abstractas, e as da terra são tangíveis, concretas. As únicas que duram para sempre são as abstractas celestes. Estes argumentos são usados por alguns evangélicos. No entanto, não é isso que encontramos no restante da Bíblia. Você não encontra o dualismo no resto da Bíblia. No entanto, esta ideia tem crescido dentro da mentalidade ocidental. Afirmam que não existe nada real no céu, simplesmente algo abstracto, intangível. A mentalidade hebraica é concreta e não abstracta. Toda palavra hebraica tem uma figura, uma ilustração, por trás dela. Quando lemos Hebreus, não encontramos os mesmos argumentos que existem em Philo e Platão. Como poderia haver um Cristo real no céu? Segundo eles, Jesus seria algo abstracto também. No entanto, o livro diz que Jesus é real, concreto. Está num santuário real, exercendo um sacerdócio real. Não existem metáforas neste livro. Apresenta a realidade celestial.
Outro argumento é que o autor de hebreus nem mesmo conhece a sua própria Bíblia. Não sabia como era o santuário, errou na localização dos móveis. Falam isso baseados em Hb 9, v. 2, 3, 4, onde se tem a impressão que o autor coloca o altar de incenso dentro do santíssimo. Você acha que o desconhecimento do autor é o melhor argumento para este texto? Quando estudamos atenciosamente, percebemos que Paulo conhecia muito bem. É preciso um estudo acurado do texto grego.
“Na oferta do incenso o sacerdote era levado mais directamente à presença de Deus do que em qualquer outro ato do ministério diário. Como o véu interno do santuário não se estendia até ao alto do edifício, a glória de Deus, manifestada por cima do propiciatório, era parcialmente visível no primeiro compartimento. Quando o sacerdote oferecia incenso perante o Senhor, olhava em direcção à arca; e, subindo a nuvem de incenso, a glória divina descia sobre o propiciatório e enchia o lugar santíssimo, e muitas vezes ambos os compartimentos, de tal maneira que o sacerdote era obrigado a afastar-se para a porta do santuário. Como naquele cerimonial típico o sacerdote olhava pela fé ao propiciatório que não podia ver, assim o povo de Deus deve hoje dirigir suas orações a Cristo, seu grande Sumo Sacerdote que, invisível aos olhares humanos, pleiteia em seu favor no santuário celestial.” Cristo em Seu Santuário, 33.
“Diante do véu do lugar santíssimo, estava um altar de intercessão perpétua; diante do lugar santo, um altar de expiação contínua.”
Ex 30:10 – Indica o altar de incenso como sendo algo do santíssimo, sendo conectado ao Dia da Expiação.
Paulo foi além da prática. Foi até à teologia do santuário. Foi além da descrição, foi até à função, colocando junto ao santíssimo tendo em vista a sua função e não a localização geográfica. Será que Paulo era um ignorante em santuário? NÃO!!! Era um especialista!
Outros afirmam que não podemos usar os tipos do VT para irmos aos antítipos do NT. Mas o que Paulo está fazendo em Hebreus? É exactamente isto!
Hb 8:3-5 – No AT havia um sacrifício, portanto o sacerdote celestial também oferece um sacrifício. Aqui está indo do Tipo para o Antítipo, e não o contrário. O autor usa a palavra: “necessidade”. Se é necessário no Tipo, é necessário no Antítipo também. Hb 9:23, 24 – Necessário. Qual o apoio que Paulo tinha? O tipo apoiando o antítipo. Mas, se foi este o raciocínio de Paulo, porque não usarmos?
Veja algumas expressões usadas em Hebreus pelo apóstolo:
"Necessidade" – Hb 8:3; 9:23
"Tipos e Antítipos" – Hb 8:5; 9:24 - “Em relação a.”
"Cópia" – Hb 8:5; 9:24 – Cópia do que?
“Aletinós” – 8:2; 9:24 – Verdade/Real
“Skia” – 8:5; 10:1 – sombra só pode ser de alguma coisa não acha?
Aqui é preciso ter alguns cuidados com a tipologia. Se é uma sombra, não se pode ter uma visão completa. Não adianta tentar explicar todos os detalhes daquilo que se vê apenas por sombra. Deus nos deu as informações necessárias, mas não todas as respostas ou todas as informações e detalhes. Se tentarmos ir além, teremos problemas.
No primeiro século depois de Cristo, havia um rabino chamado Hillel, que estabeleceu sete princípios sólidos de hermenêutica, que são usados até hoje. Um deles é “Qal wahómer”, significando “do leve para o pesado”, semelhante ao latim “a fortiori”. Isto implica que o segundo é muito maior que o primeiro. Em Hebreus é isto que ocorre: o segundo é muito maior que o primeiro. O que Ford e outros argumentam é que isto não pode ocorrer. Mas ao vermos os termos acima, vemos que o que Paulo faz é usar esta técnica hermenêutica.
O mundo chega ao seu fim cada dia mais céptico. Desde os dias de Tomé a descrença naquilo que não se vê impera. A confiança no mundo físico faz parte do cotidiano humano. Estamos perdendo de vista realidades muito mais superiores. Realidades estas que não somente desmascaram um pensamento distorcido da verdade (pensamento grego), mas vindica o carácter e a soberania de Deus. A nossa escolha delimitará o nosso futuro. Se decidirmos hoje confiar nas coisas do alto, deixaremos os sofismas do passado, a confiança nas coisas corruptíveis e viveremos a altura do plano proposto para cada filho e filha de Deus. Não deseja você usufruir a realidade superior que Deus reserva para seus filhos?
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