Altar de Incenso no Lugar Santo


Ex. 30.1-10; 30.34-38
O Altar de Incenso é a terceira peça descrita pela Bíblia no Lugar Santo. Enquanto o candelabro estava no lado sul do tabernáculo e a Mesa de Pão da Propiciação estava no lado norte, o Altar de Incenso posicionou-se no centro dos dois e “diante do véu que está diante da arca do testemunho” (Ex 30.6).
As suas dimensões quadradas eram de um côvado, tanto o comprimento quanto a sua largura. Eram dois côvados de altura, meio côvado a mais da Mesa de Pão da Propiciação no Lugar Santo (Ex 25.23) e da Arca da Aliança no Lugar Santo dos Santos, sem o Propiciatório e os Querubins (Ex 25.10).
O material usado na sua composição era madeira de acácia (Ex 30.1),mas, tudo foi forrado com ouro puro (30.3).
Desde que o Lugar Santo era o lugar de comunhão com Deus e do ministério do Sacerdote na adoração de Deus, o Altar de Incenso e o seu incenso nos ensina da importância do agrado de Deus com reverência em nossa adoração e comunhão. A presença do Altar de Incenso nesta parte do Tabernáculo nos ensina que um coração puro faz a nossa adoração e as nossas orações a Deus aceitáveis diante de Deus. Essa pureza de coração que agrada a Deus não vem dos exercícios da nossa 'religiosidade' mas do Espírito Santo conformando-nos à imagem de Cristo. Ele não somente nos move à uma obediência maior da Palavra de Deus mas, ajuda-nos a orar segundo a vontade de Deus (Rm 8.26). No foco da salvação e na vida cristã, não podemos agradar o Pai sem a Pessoa de Cristo (Jo 14.6) e não há participação em Cristo sem a operação do Espírito Santo (Jo 3.5; II Ts 2.13, 14; Tt 3.5). Tudo isso operado pela Palavra de Deus (a salvação - Rm 10.17; a vida Cristã - Jo 17.17).
Cristo, O Altar do Incenso e O Perfume das Orações.
Cristo é tanto o Altar do Incenso quanto o Incenso queimado nele. Cristo é a madeira e o ouro do altar pois essa composição manifesta a Sua:
Humanidade e Divindade – Hb 2.9, “Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos”.; Fp 2.8, 9, “Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus,7 Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; 8 E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz”. Jo 1:14 E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigénito do Pai, cheio de graça e de verdade.
Aceitação com Deus pelo Local do Altar – Diante do Véu (30.6)
O fato que o Altar de Incenso e não o Altar de Bronze foi colocado diante do véu manifesta a presença da misericórdia de Deus para com o pecador na salvação e para com o cristão no seu andar diário (Is 55.1-7; Sl 89.14, “Justiça e juízo são a base do teu trono; misericórdia e verdade irão adiante do teu rosto”). A justiça de Deus tem que ser satisfeita para qualquer pecador esperar ter aproximação amável a Deus. A justiça de Deus se satisfaz com o Sacrifício que Ele deu, Jesus Cristo o Cordeiro de Deus para que o pecador arrependido que tem fé em Cristo seja salvo eternamente (Jo 1.29; 3.16; Is 53.11; Cl 2.14). O cristão, no seu andar diário, precisa se lembrar deste sacrifício eterno, feito uma vez, para ser purificado constantemente (I Jo 1.8,9).
A Pessoa de Cristo aceitável ao Pai – Mt 3.17; 17.4; Jo 3.35, “O Pai ama o Filho, e todas as coisas entregou em suas mãos”.
As Orações de Cristo aceitáveis pelo Pai – Jo 12.27, 28, “Agora a minha alma está perturbada; e que direi eu? Pai, salva-me desta hora; mas para isto vim a esta hora. 28 Pai, glorifica o teu nome. Então veio uma voz do céu que dizia: Já o tenho glorificado, e outra vez o glorificarei”. Jo 11.42, “Eu bem sei que sempre me ouves” Jo 14.13, 14, “E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. 14 Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei”.
As Orações de Cristo Sempre Diante de Deus - Hb 7:25, “Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles”. I Jo 1.8,9, “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. 9 Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça”. (I Rs 8.46-53).
A Reverência em Nossa Adoração
O Altar de Incenso pela sua posição diante do véu que está diante da Arca do Testemunho, diante do Propiciatório, onde Deus Se ajunta com o Sumo sacerdote (30.6) ensina-nos que a oração no culto à Deus pede reverência. Note também que o Altar de Incenso foi carregado com varais forradas a ouro puro (30.4,5). Tudo disso nos ensina que mesmo que por Cristo temos ousadia a entrar na presença de Deus (Hb 10.19; Ef 3.12, “No qual temos ousadia e acesso com confiança, pela nossa fé nele”), não entramos n´Esta Presença Augusta de qualquer jeito. Entramos com louvor à santidade do Seu nome (Mt 6.9, “Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome”). E entramos com reverência, pois, invocamos o “Pai” nosso.
É relembrada essa devida reverência no culto pela ênfase dada à posição do Altar do Incenso em relação da presença de Deus repetidas vezes (“diante do véu que está diante da arca do testemunho, diante do propiciatório, que está sobre o testemunho, onde Eu me ajuntarei contigo”, 30.6; “diante do testemunho”, 30.36). É relembrada essa reverência exigente pela ênfase dada por Deus nas instruções também: Não oferecerá certas coisas (30.9), e a insistência por Deus de instruir que deve ser “coisa santíssima vos será” (30.36) e “santo será para o Senhor” (30.37).
Cristo - O Perfume do Altar
É Cristo, O Seu Amado, o elemento cheiroso na salvação e no andar diário do cristão. O sacrifício de Cristo aplaca a ira do Deus justo (Jo 3.16, 36). Cristo é o perfume da vida do cristão pois junto com o sangue do novilho da expiação para os pecados do Sacerdote (Lv 16.11-14) foram levadas as brasas de fogo do altar e nos seus punhos o incenso aromático moído para dentro do véu.
A nossa pregação de Cristo é um perfume, uma fragrância agradável para os que chegam ao conhecimento de Cristo. Os que pregam Cristo são perfume diante de Deus, não importando o ‘sucesso’ da mensagem (II Co 2.14-17).
Se pregamos apenas as regras da Lei, a obediência da Palavra de Deus, as orações fervorosas pelos santos, mártires, à mãe de Jesus, pregamos uma pregação faltando a fragrância que agrada a Deus. Se pregamos várias encarnações, observação das ordenanças de qualquer igreja, as obras de caridade, e se abstemos de casamento ou de carnes, o nosso sacrifício a Deus está sendo oferecido com fogo estranho.
Fogo estranho é uma abominação a Deus trazendo a mais séria condenação (Nadabe e Abiú - Lv 10.1-2; 250 rebeldes com Coré – Nm 16.35; Izias o jovem rei – II Cr 26.16-19; Acaz - 28.1-5). Não creia e não pregue qualquer outra salvação senão Cristo!
As consequências de não limitar-se a Cristo para TUDO na sua esperança de ser salvo são graves e eternas. As consequências de limitar-se a Cristo para TUDO na sua esperança de ser salvo são doces, fragrantes e eternamente assim.
O Coração Puro na Adoração Aceitável
Especiarias usadas com o incenso manifestam Cristo na Sua plenitude como Intercessor.
As especiarias eram específicas e únicas para este uso no Altar do Incenso (30.37,38).
As especiarias, depois de compostas, eram moídas para serem usadas (30.36).
As especiarias eram compostas de proporções exatas mas sem medida exata de quantia e ensina nisso que não pode ser limitada o quanto Cristo ora por nós (Hb 7:25 Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles”; Hb 7.24, “Mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo”). Aromáticas, incenso puro, temperado, puro e santo, moído para ser coisa santíssima (30.34-38).
O Levantar das mãos santas
O Coração Puro nas Orações Aceitáveis
Ap 8:3 E veio outro anjo, e pôs-se junto ao altar, tendo um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito incenso, para o pôr com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro, que está diante do trono.
Ap 8:4 E a fumaça do incenso subiu com as orações dos santos desde a mão do anjo até diante de Deus.
 
 
Autor: Pr Calvin Gardner

O Tabernáculo e Cerimónias - I


O tabernáculo foi construído de tal maneira que podia ser todo desmontado e levado com os israelitas em todas as suas jornadas. Era, portanto, pequeno, não tendo mais de vinte metros de comprimento, e seis de largura e altura. Contudo, era uma estrutura magnificente. A madeira empregada para a edificação e seu aparelhamento era a acácia, menos sujeita a arruinar-se do que qualquer outra que se podia obter no Sinai. As paredes consistiam em tábuas verticais colocadas em encaixes de prata, e mantidas firmemente por colunas e barras que as ligavam; e todas estavam cobertas de ouro, dando ao edifício a aparência de ouro maciço. O teto era formado de quatro jogos de cortinas, sendo a mais interior de “linho fino torcido, e azul, púrpura, e carmesim; com querubins as farás de obra esmerada” (Êxo. 26:1); as outras três eram respectivamente de pêlo de cabras, pele de carneiro tingida de vermelho, e pele de teixugo, dispostas de tal maneira que proporcionassem proteção completa.

O edifício era dividido em dois compartimentos por uma rica e linda cortina, ou véu, suspensa de colunas chapeadas de ouro; e um véu semelhante fechava a entrada ao primeiro compartimento. Estes véus, como a cobertura interior que formava o teto, eram das mais belas cores, azul, púrpura e escarlata, lindamente dispostas, ao mesmo tempo que trabalhados a fios de ouro e prata havia neles querubins para representarem a hoste angélica, que se acha em conexão com o trabalho do santuário celestial, e são espíritos ministradores ao povo de Deus na Terra…
A tenda sagrada ficava encerrada em um espaço descoberto chamado o pátio, que estava rodeado de cortinas ou anteparos, de linho fino, suspensos de colunas de cobre. A entrada para este recinto ficava na extremidade oriental. Era fechado com cortinas de custoso material e bela confecção, se bem que inferiores às do santuário. Sendo os anteparos do pátio apenas da metade da altura das paredes do tabernáculo aproximadamente, o edifício podia ser perfeitamente visto pelo povo do lado de fora. No pátio, e bem perto da entrada, achava-se o altar de cobre para as ofertas queimadas, ou holocaustos. Sobre este altar eram consumidos todos os sacrifícios feitos com fogo ao Senhor, e as suas pontas eram aspergidas com o sangue expiatório. Entre o altar e a porta do tabernáculo, estava a pia, que também era de cobre, feita dos espelhos que tinham sido ofertas voluntárias das mulheres de Israel. Na pia os sacerdotes deveriam lavar as mãos e os pés sempre que entravam nos compartimentos sagrados ou se aproximavam do altar para oferecerem uma oferta queimada ao Senhor.
No primeiro compartimento, ou lugar santo, estavam a mesa dos pães da proposição, o castiçal ou candelabro, e o altar de incenso. A mesa com os pães da proposição ficava do lado do norte. Com a sua coroa ornamental era ela coberta de ouro puro. Sobre esta mesa os sacerdotes deviam cada sábado colocar doze pães, dispostos em duas colunas, e aspergidos com incenso. Os pães que eram removidos, sendo considerados santos, deviam ser comidos pelos sacerdotes. Do lado do sul estava o castiçal de sete ramos, com as suas sete lâmpadas. Seus ramos eram ornamentados com flores artisticamente trabalhadas, semelhantes a lírios, e o todo era feito de uma peça de ouro maciço. Não havendo janelas no tabernáculo, nunca ficavam apagadas todas as lâmpadas a um tempo, mas espargiam sua luz dia e noite. Precisamente diante do véu que separava o lugar santo do santíssimo e da presença imediata de Deus, achava-se o áureo altar de incenso. Sobre este altar o sacerdote devia queimar incenso todas as manhãs e tardes; suas pontas eram tocadas com o sangue da oferta para o pecado, e era aspergido com sangue no grande dia de expiação. O fogo neste altar fora aceso pelo próprio Deus, e conservado de maneira sagrada. Dia e noite o santo incenso difundia sua fragrância pelos compartimentos sagrados, e fora, longe, em redor do tabernáculo.
Além do véu interior estava o santo dos santos, onde se centralizava a cerimônia simbólica da expiação e intercessão, e que formava o elo de ligação entre o Céu e a Terra. Nesse compartimento estava a arca, uma caixa feita de acácia, coberta de ouro por dentro e por fora, e tendo uma coroa de ouro em redor de sua parte superior. Fora feita para ser o receptáculo das tábuas de pedra, sobre as quais o próprio Deus escrevera os Dez Mandamentos. Daí o ser ela chamada a arca do testemunho de Deus, ou a arca do concerto, visto que os Dez Mandamentos foram a base do concerto feito entre Deus e Israel.
A cobertura da caixa sagrada chamava-se propiciatório. Este era feito de uma peça inteiriça de ouro, e encimado por querubins do mesmo metal, ficando um de cada lado. Uma asa de cada anjo estendia-se ao alto, enquanto a outra estava fechada sobre o corpo em sinal de reverência e humildade. Ezeq. 1:11.
Continua…
Fonte: Patriarcas e Profetas, Ellen Gold White, págs. 347 e 348

TABERNÁCULO E CERMÓNIAS - II

A posição dos querubins, tendo o rosto voltado um para o outro, e olhando reverentemente abaixo para a arca, representava a reverência com que a hoste celestial considera a lei de Deus, e o seu interesse no plano da redenção.
Acima do propiciatório estava o shekinah, manifestação da presença divina; e dentre os querubins Deus tornava conhecida a Sua vontade. Mensagens divinas às vezes eram comunicadas ao sumo sacerdote por uma voz da nuvem. Algumas vezes uma luz caía sobre o anjo à direita, para significar aprovação ou aceitação; ou uma sombra ou nuvem repousava sobre o que ficava ao lado esquerdo, para revelar reprovação ou rejeição.
A lei de Deus, encerrada na arca, era a grande regra de justiça e juízo. Aquela lei sentenciava a morte ao transgressor; mas acima da lei estava o propiciatório, sobre o qual se revelava a presença de Deus, e do qual, em virtude da obra expiatória, se concedia o perdão ao pecador arrependido. Assim …”a misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram”. Sal. 85:10.
Nenhuma linguagem pode descrever a glória do cenário apresentado dentro do santuário – as paredes chapeadas de ouro que refletiam a luz do áureo castiçal, os brilhantes matizes das cortinas ricamente bordadas com seus resplendentes anjos, a mesa e o altar de incenso, brilhante pelo ouro; além do segundo véu a arca sagrada, com os seus querubins, e acima dela o santo shekinah, manifestação visível da presença de Jeová; tudo não era senão um pálido reflexo dos esplendores do templo de Deus no Céu, o grande centro da obra pela redenção do homem.
Aproximadamente meio ano foi ocupado na construção do tabernáculo. Quando este se completou, Moisés examinou toda a obra dos construtores, comparando-a com o modelo a ele mostrado no monte, e com as instruções que de Deus recebera. “Como o Senhor a ordenara, assim a fizeram; então Moisés os abençoou.” Êxo. 39:43. Com ávido interesse as multidões de Israel juntaram-se em redor para ver a estrutura sagrada. Enquanto estavam a contemplar aquela cena com satisfação reverente, a coluna de nuvem pairou sobre o santuário e, descendo, envolveu-o. “E a glória do Senhor encheu o tabernáculo.” Êxo. 40:34. Houve uma revelação da majestade divina, e por algum tempo mesmo Moisés não pôde entrar ali. Com profunda emoção o povo viu a indicação de que a obra de suas mãos fora aceita. Não houve ruidosas manifestações de regozijo. Temor solene repousava sobre todos. Mas sua alegria de coração transbordou em lágrimas de regozijo, e murmuravam em voz baixa ardorosas palavras de gratidão de que Deus houvesse condescendido em habitar com eles.
Por determinação divina a tribo de Levi foi separada para o serviço do santuário. Nos tempos primitivos cada homem era o sacerdote de sua própria casa. Nos dias de Abraão, o sacerdócio era considerado direito de primogenitura do filho mais velho. Agora, em lugar dos primogênitos de todo o Israel, o Senhor aceitou a tribo de Levi para a obra do santuário.

Por meio desta honra distinta manifestou Ele Sua aprovação à fidelidade da mesma, tanto por aderir ao Seu serviço como por executar Seus juízos quando Israel apostatou com o culto ao bezerro de ouro. O sacerdócio, todavia, ficou restrito à família de Arão. A este e seus filhos, somente, permitia-se ministrar perante o Senhor; o resto da tribo estava encarregada do cuidado do tabernáculo e de seu aparelhamento, e deveria auxiliar os sacerdotes em seu ministério, mas não deveria sacrificar, queimar incenso, ou ver as coisas sagradas antes que estivessem cobertas.
De acordo com as suas funções, foi indicada ao sacerdote uma veste especial. “Farás vestidos santos a Arão teu irmão, para glória e ornamento” (Êxo. 28:2) – foi a instrução divina a Moisés. A veste do sacerdote comum era de linho alvo, e tecida em uma só peça. Estendia-se até quase aos pés, e prendia-se à cintura por um cinto branco de linho, bordado de azul, púrpura e vermelho. Um turbante de linho, ou mitra, completava seu traje exterior. A Moisés, perante a sarça ardente, foi determinado que tirasse as sandálias, porque a terra em que estava era santa. Semelhantemente os sacerdotes não deveriam entrar no santuário com sapatos nos pés. Partículas de pó que a eles se apegavam, profanariam o lugar santo. Deviam deixar os sapatos no pátio, antes de entrarem no santuário, e também lavar tanto as mãos como os pés, antes de ministrarem no tabernáculo, ou no altar dos holocaustos. Desta maneira ensinava-se constantemente a lição de que toda a contaminação devia ser removida daqueles que se aproximavam da presença de Deus.
As vestes do sumo sacerdote eram de custoso material e de bela confecção, em conformidade com a sua elevada posição. Em acréscimo ao traje de linho do sacerdote comum, usava uma vestimenta de azul, também tecida em uma única peça. Ao longo das fímbrias era ornamentada com campainhas de ouro, e romãs de azul, púrpura e escarlate. Por sobre isto estava o éfode, uma vestidura mais curta, de ouro, azul, púrpura, escarlate e branco. Era preso por um cinto das mesmas cores, belamente trabalhado. O éfode não tinha mangas, e em suas ombreiras bordadas de ouro achavam-se colocadas duas pedras de ônix, que traziam os nomes das doze tribos de Israel.
Sobre o éfode estava o peitoral, a mais sagrada das vestimentas sacerdotais. Este era do mesmo material que o éfode. Era de forma quadrada, media um palmo, e estava suspenso dos ombros por um cordão de azul, por meio de argolas de ouro. As bordas eram formadas de uma variedade de pedras preciosas, as mesmas que formam os doze fundamentos da cidade de Deus. Dentro das bordas havia doze pedras engastadas de ouro, dispostas em fileiras de quatro, e como as das ombreiras, tendo gravados os nomes das tribos. As instruções do Senhor foram: “Arão levará os nomes dos filhos de Israel no peitoral do juízo sobre o seu coração, quando entrar no santuário, para memória diante do Senhor continuamente.” Êxo. 28:29. Assim ” o Mashiach”, o grande Sumo Sacerdote, pleiteando com Seu sangue diante do Pai, em prol do pecador, traz sobre o coração o nome de toda alma arrependida e crente. Diz o salmista: “Eu sou pobre e necessitado; mas o Senhor cuida de mim.” Sal. 40:17.

À direita e à esquerda do peitoral havia duas grandes pedras de grande brilho. Estas eram conhecidas por Urim e Tumim. Por meio delas fazia-se saber a vontade de Deus pelo sumo sacerdote. Quando se traziam perante o Senhor questões para serem decididas, uma auréola de luz que rodeava a pedra preciosa à direita, era sinal do consentimento ou aprovação divina, ao passo que uma nuvem que ensombrava a pedra à esquerda, era prova de negação ou reprovação.
A mitra do sumo sacerdote consistia no turbante de alvo linho, tendo presa ao mesmo, por um laço de azul, uma lâmina de ouro que trazia a inscrição: “Santidade ao Senhor.” Êxo. 28:36. Todas as coisas ligadas ao vestuário e conduta dos sacerdotes deviam ser de molde a impressionar aquele que as via, dando-lhe uma intuição da santidade de Deus, santidade de Seu culto, e pureza exigida daqueles que iam à Sua presença…
Nenhum olho mortal a não ser o do sumo sacerdote devia ver o compartimento interno do santuário. Apenas uma vez ao ano podia o sacerdote entrar ali, e isto depois da mais cuidadosa e solene preparação. Com tremor entrava perante Deus, e o povo, com reverente silêncio, aguardava a sua volta, tendo erguido o espírito em oração fervorosa pela bênção divina. Diante do propiciatório o sumo sacerdote fazia expiação por Israel; e na nuvem de glória Deus Se encontrava com ele. Sua demora ali, além do tempo costumeiro, enchia-os de receio de que, por causa de seus pecados ou dos dele, houvesse sido morto pela glória do Senhor.
O culto cotidiano consistia no holocausto da manhã e da tarde, na oferta de incenso suave no altar de ouro, e nas ofertas especiais pelos pecados individuais. E também havia ofertas para os sábados, luas novas e solenidades especiais.

Toda manhã e tarde, um cordeiro de um ano era queimado sobre o altar, com sua apropriada oferta de manjares, simbolizando assim a consagração diária da nação a Jeová, e sua constante necessidade do sangue expiatório… Deus ordenara expressamente que toda oferta apresentada para o ritual do santuário fosse “sem mácula”. Êxo. 12:5. Os sacerdotes deviam examinar todos os animais levados para sacrifício, e rejeitar todo aquele em que se descobrisse algum defeito. Apenas uma oferta “sem mácula” poderia ser um símbolo da perfeita pureza dAquele que Se ofereceria como “um cordeiro imaculado e incontaminado”…

Ellen Gold White, Patriarcas e Profetas, págs. 348 a 352.

O Tabernáculo de Moisés e Suas Cerimônias – Quarta Parte

Aqueles que O amam de todo o coração, desejarão dar-Lhe o melhor serviço de sua vida, e estarão constantemente procurando pôr toda a faculdade de seu ser em harmonia com as leis que promoverão sua habilidade para fazerem a Sua vontade.
Na oferta do incenso o sacerdote era levado mais diretamente à presença de Deus do que em qualquer outro ato do ministério diário. Como o véu interno do santuário não se estendia até ao alto do edifício, a glória de Deus, manifestada por cima do propiciatório, era parcialmente visível no primeiro compartimento. Quando o sacerdote oferecia incenso perante o Senhor, olhava em direção à arca; e, subindo a nuvem de incenso, a glória divina descia sobre o propiciatório e enchia o lugar santíssimo, e muitas vezes ambos os compartimentos, de tal maneira que o sacerdote era obrigado a afastar-se para a porta do santuário. Como naquele cerimonial típico o sacerdote olhava pela fé ao propiciatório que não podia ver, assim o povo de Deus deve hoje dirigir suas orações a … seu grande Sumo Sacerdote que, invisível aos olhares humanos, pleiteia em seu favor no santuário celestial.

O incenso que subia com as orações de Israel, representa os méritos e intercessão de Mashiadh. Sua perfeita justiça, que pela fé é atribuída ao Seu povo, e que unicamente pode tornar aceitável a Deus o culto de seres pecadores. Diante do véu do lugar santíssimo, estava um altar de intercessão perpétua; diante do lugar santo, um altar de expiação contínua. Pelo sangue e pelo incenso deveriam aproximar-se de Deus – símbolos aqueles que apontam para o grande Mediador, por intermédio de quem os pecadores podem aproximar-se de Jeová, e por meio de quem unicamente, a misericórdia e a salvação podem ser concedidas à alma arrependida e crente.
Quando os sacerdotes, pela manhã e à tardinha, entravam no lugar santo à hora do incenso, o sacrifício diário estava pronto para ser oferecido sobre o altar, fora, no pátio. Esta era uma ocasião de intenso interesse para os adoradores que se reuniam junto ao tabernáculo. Antes de entrarem à presença de Deus pelo ministério do sacerdote, deviam empenhar-se em ardoroso exame de coração e confissão de pecado. Uniam-se em oração silenciosa, com o rosto voltado para o lugar santo. Assim ascendiam suas petições com a nuvem de incenso, enquanto a fé se apoderava dos méritos do Salvador prometido prefigurado pelo sacrifício expiatório. As horas designadas para o sacrifício da manhã e da tardinha eram consideradas sagradas, e, por toda a nação judaica, vieram a ser observadas como um tempo reservado para a adoração. E, quando, em tempos posteriores, os judeus foram espalhados como cativos em países distantes, ainda naquela hora designada voltavam o rosto para Jerusalém e proferiam suas petições ao Deus de Israel. Neste costume têm os cristãos um exemplo para a oração da manhã e da noite. Conquanto Deus condene um mero ciclo de cerimônias, sem o espírito de adoração, olha com grande prazer àqueles que O amam, prostrando-se de manhã e à noite, a fim de buscar o perdão dos pecados cometidos e apresentar seus pedidos de bênçãos necessitadas.
Os pães da proposição eram conservados sempre perante o Senhor como uma oferta perpétua. Assim, era isto uma parte do sacrifício cotidiano. Era chamado o pão da proposição, ou “pão da presença”, porque estava sempre diante da face do Senhor. Êxo. 25:30. Era um reconhecimento de que o homem depende de Deus, tanto para o pão temporal como o espiritual, e de que este é recebido apenas pela mediação de Cristo. Deus alimentara Israel no deserto com pão do Céu e ainda dependiam eles de Sua generosidade tanto para o pão temporal como para as bênçãos espirituais… O incenso era posto sobre os pães. Quando o pão era retirado cada sábado, para ser substituído por outro, fresco, o incenso era queimado sobre o altar, em memória, perante Deus.

A parte mais importante do ministério diário era a oferta efetuada em prol do indivíduo. O pecador arrependido trazia a sua oferta à porta do tabernáculo e, colocando a mão sobre a cabeça da vítima, confessava seus pecados, transferindo-os assim, figuradamente, de si para o sacrifício inocente. Pela sua própria mão era então morto o animal, e o sangue era levado pelo sacerdote ao lugar santo e aspergido diante do véu, atrás do qual estava a arca que continha a lei que o pecador transgredira. Por esta cerimônia, mediante o sangue, o pecado era figuradamente transferido para o santuário. Nalguns casos o sangue não era levado ao lugar santo; mas a carne deveria então ser comida pelo sacerdote, conforme instruiu Moisés aos filhos de Arão, dizendo: “O Senhor a deu a vós, para que levásseis a iniqüidade da congregação.” Lev. 10:17. Ambas as cerimônias simbolizavam semelhantemente a transferência do pecado, do penitente para o santuário.
Tal era a obra que dia após dia continuava, durante o ano todo. Os pecados de Israel, sendo assim transferidos para o santuário, ficavam contaminados os lugares santos, e uma obra especial se tornava necessária para sua remoção. Deus ordenara que se fizesse expiação por cada um dos compartimentos sagrados, assim como pelo altar, para o purificar “das imundícias dos filhos de Israel”, e o santificar. Lev. 16:19.
Uma vez ao ano, no grande dia da expiação, o sacerdote entrava no lugar santíssimo para a purificação do santuário. O cerimonial ali efetuado completava o ciclo anual do ministério.
No dia da expiação dois bodes eram trazidos à porta do tabernáculo, e lançavam-se sortes sobre eles, “uma sorte pelo Senhor, e a outra sorte pelo bode emissário”. O bode sobre o qual caía a primeira sorte deveria ser morto como oferta pelos pecados do povo. E o sacerdote deveria levar seu sangue para dentro do véu, e aspergi-lo sobre o propiciatório. “Assim fará expiação pelo santuário por causa das imundícias dos filhos de Israel e das suas transgressões, segundo todos os seus pecados; e assim fará para a tenda da congregação que mora com eles no meio das suas imundícias.” Lev. 16:16.

“E Arão porá ambas as suas mãos sobre a cabeça do bode vivo, e sobre ele confessará todas as iniqüidades dos filhos de Israel, e todas as suas transgressões, segundo todos os seus pecados; e os porá sobre a cabeça do bode, e enviá-lo-á ao deserto, pela mão de um homem designado para isso. Assim aquele bode levará sobre si todas as iniqüidades deles à terra solitária.” Lev. 16:21 e 22. Antes que o bode tivesse desta maneira sido enviado não se considerava o povo livre do fardo de seus pecados. Cada homem deveria afligir sua alma, enquanto prosseguia a obra da expiação. Toda ocupação era posta de lado, e toda a congregação de Israel passava o dia em humilhação solene perante Deus, com oração, jejum e profundo exame de coração.
Importantes verdades concernentes à obra expiatória eram ensinadas ao povo por meio deste serviço anual. Nas ofertas para o pecado apresentadas durante o ano, havia sido aceito um substituto em lugar do pecador; mas o sangue da vítima não fizera completa expiação pelo pecado. Apenas provera o meio pelo qual este fora transferido para o santuário. Pela oferta do sangue, o pecador reconhecia a autoridade da lei, confessava a culpa de sua transgressão, e exprimia sua fé nAquele que tiraria o pecado do mundo; mas não estava inteiramente livre da condenação da lei. No dia da expiação, o sumo sacerdote, havendo tomado uma oferta para a congregação, ia ao lugar santíssimo com o sangue e o aspergia sobre o propiciatório, em cima das tábuas da lei. Assim se satisfaziam os reclamos da lei, que exigia a vida do pecador. Então, em seu caráter de mediador, o sacerdote tomava sobre si os pecados e, saindo do santuário, levava consigo o fardo das culpas de Israel. À porta do tabernáculo colocava as mãos sobre a cabeça do bode emissário e confessava sobre ele “todas as iniqüidades dos filhos de Israel, e todas as suas transgressões, segundo todos os seus pecados”, pondo-as sobre a cabeça do bode. E, assim como o bode que levava esses pecados era enviado dali; tais pecados, juntamente com o bode, eram considerados separados do povo para sempre. Este era o cerimonial efetuado como “exemplar e sombra das coisas celestiais”…
Ellen Gold White, Patriarcas e Profetas, páginas 353 a 356

O Tabernáculo e as Suas Cerimónias


Foi comunicada a Moisés, enquanto se achava no monte com Deus, esta ordem: "E Me farão um santuário, e habitarei no meio deles" (Êxo. 25:8), e foram dadas instruções completas para a construção do tabernáculo. Em virtude de sua apostasia, os israelitas ficaram despojados da bênção da presença divina, e por algum tempo impossibilitaram a construção de um santuário para Deus, entre eles. Mas, depois de novamente haverem sido recebidos no favor do Céu, o grande líder procedeu à execução da ordem divina.

Homens escolhidos foram especialmente dotados por Deus de habilidade e sabedoria para a construção do sagrado edifício. O próprio Deus deu a Moisés o plano daquela estrutura, com instruções específicas quanto ao seu tamanho e forma, materiais a serem empregados, e cada peça que fazia parte do aparelhamento que deveria a mesma conter. Os lugares santos, feitos a mão, deveriam ser "figura do verdadeiro", "figuras das coisas que estão no Céu" (Heb. 9:24 e 23) - uma representação em miniatura do templo celestial, onde Cristo, nosso grande Sumo Sacerdote, depois de oferecer Sua vida em sacrifício, ministraria em prol do pecador. Deus expôs perante Moisés, no monte, uma visão do santuário celestial, e mandou-lhe fazer todas as coisas de acordo com o modelo a ele mostrado. Todas estas instruções foram cuidadosamente registradas por Moisés, que as comunicou aos chefes do povo.

Para a edificação do santuário, grandes e dispendiosos preparativos eram necessários; grande quantidade dos materiais mais preciosos e caros era exigida; todavia o Senhor apenas aceitava ofertas voluntárias. "De todo o homem cujo coração se mover voluntariamente, dele tomareis a Minha oferta" (Êxo. 25:2), foi a ordem divina repetida por Moisés à congregação. A devoção a Deus e o espírito de sacrifício eram os primeiros requisitos ao preparar-se uma morada para o Altíssimo.

Todo o povo correspondeu unanimemente. "E veio todo o homem, a quem o seu coração moveu, e todo aquele cujo espírito voluntariamente o excitou, e trouxeram a oferta alçada ao Senhor para a obra da tenda da congregação; e para todo o seu serviço, e para os vestidos santos. E assim vieram homens e mulheres, todos dispostos de coração: trouxeram fivelas, e pendentes, e anéis, e braceletes, todo o vaso de ouro; e todo o homem oferecia oferta de ouro ao Senhor." Êxo. 35:21 e 22.

"E todo o homem que se achou com azul, e púrpura, e carmesim, e linho fino, e pêlos de cabra, e peles de carneiro tintas de vermelho, e peles de teixugos, os trazia; todo aquele que oferecia oferta alçada de prata ou de metal, a trazia por oferta alçada ao Senhor; e todo aquele que se achava com madeira de setim, a trazia para toda a obra do serviço.

"E todas as mulheres sábias de coração fiavam com as suas mãos, e traziam o fiado, o azul e a púrpura, o carmesim, e o linho fino. E todas as mulheres, cujo coração as moveu em sabedoria, fiavam os pêlos das cabras. E os príncipes traziam pedras sardónicas, e pedras de engastes para o éfode e para o peitoral, e especiarias, e azeite para a luminária, e para o óleo da unção, e para o incenso aromático." Êxo. 35:23-28.

Enquanto a construção do santuário estava em andamento, o povo, velhos e jovens - homens, mulheres e crianças - continuou a trazer suas ofertas até que aqueles que tinham a seu cargo o trabalho acharam que tinham o suficiente, e mesmo mais do que se poderia usar. E Moisés fez com que se proclamasse por todo o acampamento: "Nenhum homem nem mulher faça mais obra alguma para a oferta alçada do santuário. Assim o povo foi proibido de trazer mais." Êxo. 36:6. As murmurações dos israelitas e as visitações dos juízos de Deus por causa de seus pecados, estão registradas como advertência às gerações posteriores. E sua devoção, zelo e liberalidade, são um exemplo digno de imitação. Todos os que amam o culto a Deus, e prezam as bênçãos de Sua santa presença, manifestarão o mesmo espírito de sacrifício ao preparar-se uma casa onde Ele possa encontrar-Se com eles. Desejarão trazer ao Senhor uma oferta do melhor que possuem. Uma casa construída para Deus não deve ser deixada em dívida, pois desta maneira Ele é desonrado. Uma porção suficiente para realizar o trabalho deve ser dada livremente, a fim de que os operários digam, como fizeram os construtores do tabernáculo: "Não tragais mais ofertas."

O tabernáculo foi construído de tal maneira que podia ser todo desmontado e levado com os israelitas em todas as suas jornadas. Era, portanto, pequeno, não tendo mais de vinte metros de comprimento, e seis de largura e altura. Contudo, era uma estrutura magnificente. A madeira empregada para a edificação e seu aparelhamento era a acácia, menos sujeita a arruinar-se do que qualquer outra que se podia obter no Sinai. As paredes consistiam em tábuas verticais colocadas em encaixes de prata, e mantidas firmemente por colunas e barras que as ligavam; e todas estavam cobertas de ouro, dando ao edifício a aparência de ouro maciço. O teto era formado de quatro jogos de cortinas, sendo a mais interior de "linho fino torcido, e azul, púrpura, e carmesim; com querubins as farás de obra esmerada" (Êxo. 26:1); as outras três eram respectivamente de pêlo de cabras, pele de carneiro tingida de vermelho, e pele de teixugo, dispostas de tal maneira que proporcionassem proteção completa.

O edifício era dividido em dois compartimentos por uma rica e linda cortina, ou véu, suspensa de colunas chapeadas de ouro; e um véu semelhante fechava a entrada ao primeiro compartimento. Estes véus, como a cobertura interior que formava o teto, eram das mais belas cores, azul, púrpura e escarlata, lindamente dispostas, ao mesmo tempo que trabalhados a fios de ouro e prata havia neles querubins para representarem a hoste angélica, que se acha em conexão com o trabalho do santuário celestial, e são espíritos ministradores ao povo de Deus na Terra.

A tenda sagrada ficava encerrada em um espaço descoberto chamado o pátio, que estava rodeado de cortinas ou anteparos, de linho fino, suspensos de colunas de cobre. A entrada para este recinto ficava na extremidade oriental. Era fechado com cortinas de custoso material e bela confecção, se bem que inferiores às do santuário. Sendo os anteparos do pátio apenas da metade da altura das paredes do tabernáculo aproximadamente, o edifício podia ser perfeitamente visto pelo povo do lado de fora. No pátio, e bem perto da entrada, achava-se o altar de cobre para as ofertas queimadas, ou holocaustos. Sobre este altar eram consumidos todos os sacrifícios feitos com fogo ao Senhor, e as suas pontas eram aspergidas com o sangue expiatório. Entre o altar e a porta do tabernáculo, estava a pia, que também era de cobre, feita dos espelhos que tinham sido ofertas voluntárias das mulheres de Israel. Na pia os sacerdotes deveriam lavar as mãos e os pés sempre que entravam nos compartimentos sagrados ou se aproximavam do altar para oferecerem uma oferta queimada ao Senhor.

No primeiro compartimento, ou lugar santo, estavam a mesa dos pães da proposição, o castiçal ou candelabro, e o altar de incenso. A mesa com os pães da proposição ficava do lado do norte. Com a sua coroa ornamental era ela coberta de ouro puro. Sobre esta mesa os sacerdotes deviam cada sábado colocar doze pães, dispostos em duas colunas, e aspergidos com incenso. Os pães que eram removidos, sendo considerados santos, deviam ser comidos pelos sacerdotes. Do lado do sul estava o castiçal de sete ramos, com as suas sete lâmpadas. Seus ramos eram ornamentados com flores artisticamente trabalhadas, semelhantes a lírios, e o todo era feito de uma peça de ouro maciço. Não havendo janelas no tabernáculo, nunca ficavam apagadas todas as lâmpadas a um tempo, mas espargiam sua luz dia e noite. Precisamente diante do véu que separava o lugar santo do santíssimo e da presença imediata de Deus, achava-se o áureo altar de incenso. Sobre este altar o sacerdote devia queimar incenso todas as manhãs e tardes; suas pontas eram tocadas com o sangue da oferta para o pecado, e era aspergido com sangue no grande dia de expiação. O fogo neste altar fora aceso pelo próprio Deus, e conservado de maneira sagrada. Dia e noite o santo incenso difundia sua fragrância pelos compartimentos sagrados, e fora, longe, em redor do tabernáculo.

Além do véu interior estava o santo dos santos, onde se centralizava a cerimónia simbólica da expiação e intercessão, e que formava o elo de ligação entre o Céu e a Terra. Nesse compartimento estava a arca, uma caixa feita de acácia, coberta de ouro por dentro e por fora, e tendo uma coroa de ouro em redor de sua parte superior. Fora feita para ser o receptáculo das tábuas de pedra, sobre as quais o próprio Deus escrevera os Dez Mandamentos. Daí o ser ela chamada a arca do testemunho de Deus, ou a arca do concerto, visto que os Dez Mandamentos foram a base do concerto feito entre Deus e Israel.

A cobertura da caixa sagrada chamava-se propiciatório. Este era feito de uma peça inteiriça de ouro, e encimado por querubins do mesmo metal, ficando um de cada lado. Uma asa de cada anjo estendia-se ao alto, enquanto a outra estava fechada sobre o corpo em sinal de reverência e humildade. Ezeq. 1:11.

A posição dos querubins, tendo o rosto voltado um para o outro, e olhando reverentemente abaixo para a arca, representava a reverência com que a hoste celestial considera a lei de Deus, e seu interesse no plano da redenção.

Acima do propiciatório estava o shekinah, manifestação da presença divina; e dentre os querubins Deus tornava conhecida a Sua vontade. Mensagens divinas às vezes eram comunicadas ao sumo sacerdote por uma voz da nuvem. Algumas vezes uma luz caía sobre o anjo à direita, para significar aprovação ou aceitação; ou uma sombra ou nuvem repousava sobre o que ficava ao lado esquerdo, para revelar reprovação ou rejeição.

A lei de Deus, encerrada na arca, era a grande regra de justiça e juízo. Aquela lei sentenciava a morte ao transgressor; mas acima da lei estava o propiciatório, sobre o qual se revelava a presença de Deus, e do qual, em virtude da obra expiatória, se concedia o perdão ao pecador arrependido. Assim na obra de Cristo pela nossa redenção simbolizada pelo ritual do santuário, "a misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram". Sal. 85:10.

Nenhuma linguagem pode descrever a glória do cenário apresentado dentro do santuário - as paredes chapeadas de ouro que refletiam a luz do áureo castiçal, os brilhantes matizes das cortinas ricamente bordadas com seus resplendentes anjos, a mesa e o altar de incenso, brilhante pelo ouro; além do segundo véu a arca sagrada, com os seus querubins, e acima dela o santo shekinah, manifestação visível da presença de Jeová; tudo não era senão um pálido reflexo dos esplendores do templo de Deus no Céu, o grande centro da obra pela redenção do homem.

Aproximadamente meio ano foi ocupado na construção do tabernáculo. Quando este se completou, Moisés examinou toda a obra dos construtores, comparando-a com o modelo a ele mostrado no monte, e com as instruções que de Deus recebera. "Como o Senhor a ordenara, assim a fizeram; então Moisés os abençoou." Êxo. 39:43. Com ávido interesse as multidões de Israel juntaram-se em redor para ver a estrutura sagrada. Enquanto estavam a contemplar aquela cena com satisfação reverente, a coluna de nuvem pairou sobre o santuário e, descendo, envolveu-o. "E a glória do Senhor encheu o tabernáculo." Êxo. 40:34. Houve uma revelação da majestade divina, e por algum tempo mesmo Moisés não pôde entrar ali. Com profunda emoção o povo viu a indicação de que a obra de suas mãos fora aceite. Não houve ruidosas manifestações de regozijo. Temor solene repousava sobre todos. Mas sua alegria de coração transbordou em lágrimas de regozijo, e murmuravam em voz baixa ardorosas palavras de gratidão de que Deus houvesse condescendido em habitar com eles.

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div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"> Por determinação divina a tribo de Levi foi separada para o serviço do santuário. Nos tempos primitivos cada homem era o sacerdote de sua própria casa. Nos dias de Abraão, o sacerdócio era considerado direito de primogenitura do filho mais velho. Agora, em lugar dos primogénitos de todo o Israel, o Senhor aceitou a tribo de Levi para a obra do santuário. Por meio desta honra distinta manifestou Ele Sua aprovação à fidelidade da mesma, tanto por aderir ao Seu serviço como por executar Seus juízos quando Israel apostatou com o culto ao bezerro de ouro. O sacerdócio, todavia, ficou restrito à família de Arão. A este e seus filhos, somente, permitia-se ministrar perante o Senhor; o resto da tribo estava encarregada do cuidado do tabernáculo e de seu aparelhamento, e deveria auxiliar os sacerdotes em seu ministério, mas não deveria sacrificar, queimar incenso, ou ver as coisas sagradas antes que estivessem cobertas.

De acordo com as suas funções, foi indicada ao sacerdote uma veste especial. "Farás vestidos santos a Arão teu irmão, para glória e ornamento" (Êxo. 28:2) - foi a instrução divina a Moisés. A veste do sacerdote comum era de linho alvo, e tecida em uma só peça. Estendia-se até quase aos pés, e prendia-se à cintura por um cinto branco de linho, bordado de azul, púrpura e vermelho. Um turbante de linho, ou mitra, completava seu traje exterior. A Moisés, perante a sarça ardente, foi determinado que tirasse as sandálias, porque a terra em que estava era santa. Semelhantemente os sacerdotes não deveriam entrar no santuário com sapatos nos pés. Partículas de pó que a eles se apegavam, profanariam o lugar santo. Deviam deixar os sapatos no pátio, antes de entrarem no santuário, e também lavar tanto as mãos como os pés, antes de ministrarem no tabernáculo, ou no altar dos holocaustos. Desta maneira ensinava-se constantemente a lição de que toda a contaminação devia ser removida daqueles que se aproximavam da presença de Deus.

As vestes do sumo sacerdote eram de custoso material e de bela confecção, em conformidade com a sua elevada posição. Em acréscimo ao traje de linho do sacerdote comum, usava uma vestimenta de azul, também tecida em uma única peça. Ao longo das franjas era ornamentada com campainhas de ouro, e romãs de azul, púrpura e escarlate. Por sobre isso estava o éfode, uma vestidura mais curta, de ouro, azul, púrpura, escarlate e branco. Era preso por um cinto das mesmas cores, belamente trabalhado. O éfode não tinha mangas, e em suas ombreiras bordadas de ouro achavam-se colocadas duas pedras de ônix, que traziam os nomes das doze tribos de Israel.

Sobre o éfode estava o peitoral, a mais sagrada das vestimentas sacerdotais. Este era do mesmo material que o éfode. Era de forma quadrada, media um palmo, e estava suspenso dos ombros por um cordão de azul, por meio de argolas de ouro. As bordas eram formadas de uma variedade de pedras preciosas, as mesmas que formam os doze fundamentos da cidade de Deus. Dentro das bordas havia doze pedras engastadas de ouro, dispostas em fileiras de quatro, e como as das ombreiras, tendo gravados os nomes das tribos. As instruções do Senhor foram: "Arão levará os nomes dos filhos de Israel no peitoral do juízo sobre o seu coração, quando entrar no santuário, para memória diante do Senhor continuamente." Êxo. 28:29. Assim Cristo, o grande Sumo Sacerdote, pleiteando com Seu sangue diante do Pai, em prol do pecador, traz sobre o coração o nome de toda alma arrependida e crente. Diz o salmista: "Eu sou pobre e necessitado; mas o Senhor cuida de mim." Sal. 40:17.

À direita e à esquerda do peitoral havia duas grandes pedras de grande brilho. Estas eram conhecidas por Urim e Tumim. Por meio delas fazia-se saber a vontade de Deus pelo sumo sacerdote. Quando se traziam perante o Senhor questões para serem decididas, uma auréola de luz que rodeava a pedra preciosa à direita, era sinal do consentimento ou aprovação divina, ao passo que uma nuvem que ensombrava a pedra à esquerda, era prova de negação ou reprovação.

A mitra do sumo sacerdote consistia no turbante de alvo linho, tendo presa ao mesmo, por um laço de azul, uma lâmina de ouro que trazia a inscrição: "Santidade ao Senhor." Êxo. 28:36. Todas as coisas ligadas ao vestuário e conduta dos sacerdotes deviam ser de molde a impressionar aquele que as via, dando-lhe uma intuição da santidade de Deus, santidade de Seu culto, e pureza exigida daqueles que iam à Sua presença.

Não somente o santuário em si mesmo, mas o ministério dos sacerdotes, deviam servir "de exemplar e sombra das coisas celestiais". Heb. 8:5. Assim, foi isto de grande importância; e o Senhor, por meio de Moisés, deu a mais definida e explícita instrução concernente a cada ponto deste ritual típico. O ministério no santuário consistia em duas partes: um serviço diário e outro anual. O cerimonial diário era efetuado no altar dos holocaustos, no pátio do tabernáculo, bem como no lugar santo; ao passo que o rito anual o era no lugar santíssimo.

Nenhum olho mortal a não ser o do sumo sacerdote devia ver o compartimento interno do santuário. Apenas uma vez ao ano podia o sacerdote entrar ali, e isto depois da mais cuidadosa e solene preparação. Com tremor entrava perante Deus, e o povo, com reverente silêncio, aguardava a sua volta, tendo erguido o espírito em oração fervorosa pela bênção divina. Diante do propiciatório o sumo sacerdote fazia expiação por Israel; e na nuvem de glória Deus Se encontrava com ele. Sua demora ali, além do tempo costumeiro, enchia-os de receio de que, por causa de seus pecados ou dos dele, houvesse sido morto pela glória do Senhor.

O culto cotidiano consistia no holocausto da manhã e da tarde, na oferta de incenso suave no altar de ouro, e nas ofertas especiais pelos pecados individuais. E também havia ofertas para os sábados, luas novas e solenidades especiais.

Toda manhã e tarde, um cordeiro de um ano era queimado sobre o altar, com sua apropriada oferta de manjares, simbolizando assim a consagração diária da nação a Jeová, e sua constante necessidade do sangue expiatório de Cristo. Deus ordenara expressamente que toda oferta apresentada para o ritual do santuário fosse "sem mácula". Êxo. 12:5. Os sacerdotes deviam examinar todos os animais levados para sacrifício, e rejeitar todo aquele em que se descobrisse algum defeito. Apenas uma oferta "sem mácula" poderia ser um símbolo da perfeita pureza d´Aquele que Se ofereceria como "um cordeiro imaculado e incontaminado". I Ped. 1:19. O apóstolo Paulo aponta para esses sacrifícios como uma ilustração do que os seguidores de Cristo devem tornar-se. Diz ele: "Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional." Rom. 12:1. Devemos entregar-nos ao serviço de Deus e procurar que a oferta se aproxime o máximo possível da perfeição. Deus não Se agradará de coisa alguma inferior ao melhor que podemos oferecer.

Aqueles que O amam de todo o coração, desejarão dar-Lhe o melhor serviço de sua vida, e estarão constantemente procurando pôr toda a faculdade de seu ser em harmonia com as leis que promoverão sua habilidade para fazerem a Sua vontade.

Na oferta do incenso o sacerdote era levado mais diretamente à presença de Deus do que em qualquer outro ato do ministério diário. Como o véu interno do santuário não se estendia até ao alto do edifício, a glória de Deus, manifestada por cima do propiciatório, era parcialmente visível no primeiro compartimento. Quando o sacerdote oferecia incenso perante o Senhor, olhava em direção à arca; e, subindo a nuvem de incenso, a glória divina descia sobre o propiciatório e enchia o lugar santíssimo, e muitas vezes ambos os compartimentos, de tal maneira que o sacerdote era obrigado a afastar-se para a porta do santuário. Como naquele cerimonial típico o sacerdote olhava pela fé ao propiciatório que não podia ver, assim o povo de Deus deve hoje dirigir suas orações a Cristo, seu grande Sumo Sacerdote que, invisível aos olhares humanos, pleiteia em seu favor no santuário celestial.

O incenso que subia com as orações de Israel, representa os méritos e intercessão de Cristo. Sua perfeita justiça, que pela fé é atribuída ao Seu povo, e que unicamente pode tornar aceitável a Deus o culto de seres pecadores. Diante do véu do lugar santíssimo, estava um altar de intercessão perpétua; diante do lugar santo, um altar de expiação contínua. Pelo sangue e pelo incenso deveriam aproximar-se de Deus - símbolos aqueles que apontam para o grande Mediador, por intermédio de quem os pecadores podem aproximar-se de Jeová, e por meio de quem unicamente, a misericórdia e a salvação podem ser concedidas à alma arrependida e crente.

Quando os sacerdotes, pela manhã e à tardinha, entravam no lugar santo à hora do incenso, o sacrifício diário estava pronto para ser oferecido sobre o altar, fora, no pátio. Esta era uma ocasião de intenso interesse para os adoradores que se reuniam junto ao tabernáculo. Antes de entrarem à presença de Deus pelo ministério do sacerdote, deviam empenhar-se em ardoroso exame de coração e confissão de pecado. Uniam-se em oração silenciosa, com o rosto voltado para o lugar santo. Assim ascendiam suas petições com a nuvem de incenso, enquanto a fé se apoderava dos méritos do Salvador prometido prefigurado pelo sacrifício expiatório. As horas designadas para o sacrifício da manhã e da tardinha eram consideradas sagradas, e, por toda a nação judaica, vieram a ser observadas como um tempo reservado para a adoração. E, quando, em tempos posteriores, os judeus foram espalhados como cativos em países distantes, ainda naquela hora designada voltavam o rosto para Jerusalém e proferiam suas petições ao Deus de Israel. Neste costume têm os cristãos um exemplo para a oração da manhã e da noite. Conquanto Deus condene um mero ciclo de cerimónias, sem o espírito de adoração, olha com grande prazer àqueles que O amam, prostrando-se de manhã e à noite, a fim de buscar o perdão dos pecados cometidos e apresentar seus pedidos de bênçãos necessitadas.

Os pães da proposição eram conservados sempre perante o Senhor como uma oferta perpétua. Assim, era isto uma parte do sacrifício cotidiano. Era chamado o pão da proposição, ou "pão da presença", porque estava sempre diante da face do Senhor. Êxo. 25:30. Era um reconhecimento de que o homem depende de Deus, tanto para o pão temporal como o espiritual, e de que este é recebido apenas pela mediação de Cristo. Deus alimentara Israel no deserto com pão do Céu e ainda dependiam eles de Sua generosidade tanto para o pão temporal como para as bênçãos espirituais. Tanto o maná como o pão da proposição apontavam para Cristo, o pão vivo, que sempre está na presença de Deus por nós. Ele mesmo disse: "Eu sou o pão vivo que desceu do Céu." João 6:48-51. O incenso era posto sobre os pães. Quando o pão era retirado cada sábado, para ser substituído por outro, fresco, o incenso era queimado sobre o altar, em memória, perante Deus.

A parte mais importante do ministério diário era a oferta efetuada em prol do indivíduo. O pecador arrependido trazia a sua oferta à porta do tabernáculo e, colocando a mão sobre a cabeça da vítima, confessava seus pecados, transferindo-os assim, figuradamente, de si para o sacrifício inocente. Pela sua própria mão era então morto o animal, e o sangue era levado pelo sacerdote ao lugar santo e aspergido diante do véu, atrás do qual estava a arca que continha a lei que o pecador transgredira. Por esta cerimónia, mediante o sangue, o pecado era figuradamente transferido para o santuário. Nalguns casos o sangue não era levado ao lugar santo; mas a carne deveria então ser comida pelo sacerdote, conforme instruiu Moisés aos filhos de Arão, dizendo: "O Senhor a deu a vós, para que levásseis a iniquidade da congregação." Lev. 10:17. Ambas as cerimónias simbolizavam semelhantemente a transferência do pecado, do penitente para o santuário.

Tal era a obra que dia após dia continuava, durante o ano todo. Os pecados de Israel, sendo assim transferidos para o santuário, ficavam contaminados os lugares santos, e uma obra especial se tornava necessária para sua remoção. Deus ordenara que se fizesse expiação por cada um dos compartimentos sagrados, assim como pelo altar, para o purificar "das imundícias dos filhos de Israel", e o santificar. Lev. 16:19.

Uma vez ao ano, no grande dia da expiação, o sacerdote entrava no lugar santíssimo para a purificação do santuário. O cerimonial ali efetuado completava o ciclo anual do ministério.

No dia da expiação dois bodes eram trazidos à porta do tabernáculo, e lançavam-se sortes sobre eles, "uma sorte pelo Senhor, e a outra sorte pelo bode emissário". O bode sobre o qual caía a primeira sorte deveria ser morto como oferta pelos pecados do povo. E o sacerdote deveria levar seu sangue para dentro do véu, e aspergi-lo sobre o propiciatório. "Assim fará expiação pelo santuário por causa das imundícias dos filhos de Israel e das suas transgressões, segundo todos os seus pecados; e assim fará para a tenda da congregação que mora com eles no meio das suas imundícias." Lev. 16:16.

"E Arão porá ambas as suas mãos sobre a cabeça do bode vivo, e sobre ele confessará todas as iniquidades dos filhos de Israel, e todas as suas transgressões, segundo todos os seus pecados; e os porá sobre a cabeça do bode, e enviá-lo-á ao deserto, pela mão de um homem designado para isso. Assim aquele bode levará sobre si todas as iniquidades deles à terra solitária." Lev. 16:21 e 22. Antes que o bode tivesse desta maneira sido enviado não se considerava o povo livre do fardo de seus pecados. Cada homem deveria afligir sua alma, enquanto prosseguia a obra da expiação. Toda ocupação era posta de lado, e toda a congregação de Israel passava o dia em humilhação solene perante Deus, com oração, jejum e profundo exame de coração.

Importantes verdades concernentes à obra expiatória eram ensinadas ao povo por meio deste serviço anual. Nas ofertas para o pecado apresentadas durante o ano, havia sido aceito um substituto em lugar do pecador; mas o sangue da vítima não fizera completa expiação pelo pecado. Apenas provera o meio pelo qual este fora transferido para o santuário. Pela oferta do sangue, o pecador reconhecia a autoridade da lei, confessava a culpa de sua transgressão, e exprimia sua fé n´Aquele que tiraria o pecado do mundo; mas não estava inteiramente livre da condenação da lei. No dia da expiação, o sumo sacerdote, havendo tomado uma oferta para a congregação, ia ao lugar santíssimo com o sangue e o aspergia sobre o propiciatório, em cima das tábuas da lei. Assim se satisfaziam os reclamos da lei, que exigia a vida do pecador. Então, em seu caráter de mediador, o sacerdote tomava sobre si os pecados e, saindo do santuário, levava consigo o fardo das culpas de Israel. À porta do tabernáculo colocava as mãos sobre a cabeça do bode emissário e confessava sobre ele "todas as iniquidades dos filhos de Israel, e todas as suas transgressões, segundo todos os seus pecados", pondo-as sobre a cabeça do bode. E, assim como o bode que levava esses pecados era enviado dali; tais pecados, juntamente com o bode, eram considerados separados do povo para sempre. Este era o cerimonial efetuado como "exemplar e sombra das coisas celestiais". Heb. 8:5.

Como foi declarado, o santuário terrestre fora construído por Moisés, conforme o modelo a ele mostrado no monte. Era uma figura para o tempo então presente, no qual se ofereciam tanto dons como sacrifícios; seus dois lugares santos eram "figuras das coisas que estão no Céu" (Heb. 9:9 e 23); Cristo, nosso grande Sumo Sacerdote, é "ministro do santuário, e do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem". Heb. 8:2. Sendo em visão concedida a João uma vista do templo de Deus no Céu, contemplou ele ali "sete lâmpadas de fogo" (Apoc. 4:5) que ardiam diante do trono. Viu um anjo, "tendo um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito incenso, para o pôr com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro, que está diante do trono". Apoc. 8:3. Com isto permitiu-se ao profeta ver o primeiro compartimento do santuário celestial; e viu ali as "sete lâmpadas de fogo" e o "altar de ouro" representados pelo castiçal de ouro e o altar de incenso no santuário terrestre. Novamente, "abriu-se no Céu o templo de Deus" (Apoc. 11:19), e ele olhou para dentro do véu interno, no santo dos santos. Ali viu a "arca do Seu concerto", representada pelo escrínio sagrado construído por Moisés a fim de conter a lei de Deus.

Moisés fizera o santuário terrestre "segundo o modelo que tinha visto". (Atos 7:44) Paulo declara que "o tabernáculo e todos os vasos do ministério", quando se acharam completos, eram "figuras das coisas que estão no Céu". Heb. 9:21 e 23. E João diz que viu o santuário no Céu. Aquele santuário em que Jesus ministra em nosso favor, é o grande original, de que o santuário construído por Moisés era uma cópia.

Do templo celestial, morada do Rei dos reis, onde milhares de milhares O servem, e milhões de milhões estão diante dEle (Dan. 7:10), templo repleto da glória do trono eterno, onde serafins, seus guardas resplandecentes, velam o rosto em adoração; sim, desse templo, nenhuma estrutura terrestre poderia representar a vastidão e glória. Todavia, importantes verdades relativas ao santuário celestial e à grande obra ali prosseguida em prol da redenção do homem, deveriam ser ensinadas pelo santuário terrestre e seu cerimonial.

Depois de Sua ascensão, nosso Salvador iniciaria Sua obra como nosso Sumo Sacerdote. Diz Paulo: "Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo Céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus." Heb. 9:24. Assim como o ministério de Cristo devia consistir em duas grandes divisões, ocupando cada uma delas um período de tempo e tendo um lugar distinto no santuário celeste, semelhantemente o ministério típico consistia em duas divisões - o serviço diário e o anual - e a cada um deles era dedicado um compartimento do tabernáculo.

Assim como Cristo, por ocasião de Sua ascensão, compareceu à presença de Deus, a fim de pleitear com Seu sangue em favor dos crentes arrependidos, assim o sacerdote, no ministério diário, aspergia o sangue do sacrifício no lugar santo em favor do pecador.



O sangue de Cristo, ao mesmo tempo que livraria da condenação da lei o pecador arrependido, não cancelaria o pecado; este ficaria registrado no santuário até à expiação final; assim, no cerimonial típico, o sangue da oferta pelo pecado removia do penitente o pecado, mas este permanecia no santuário até ao dia da expiação.

No grande dia da paga final, os mortos devem ser "julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras". Apoc. 20:12. Então, pela virtude do sangue expiatório de Cristo, os pecados de todo o verdadeiro arrependido serão eliminados dos livros do Céu. Assim o santuário estará livre ou purificado, do registro de pecado. No tipo, esta grande obra de expiação, ou cancelamento de pecados, era representada pelas cerimónias do dia da expiação, a saber, pela purificação do santuário terrestre, a qual se realizava pela remoção dos pecados com que ele ficara contaminado, remoção efetuada pela virtude do sangue da oferta para o pecado.

Assim como na expiação final os pecados dos verdadeiros arrependidos serão apagados dos registros do Céu, para não mais serem lembrados nem virem à mente, assim no serviço típico eram levados ao deserto, para sempre separados da congregação.

Visto que Satanás é o originador do pecado, o instigador direto de todos os pecados que ocasionaram a morte do Filho de Deus, exige a justiça que Satanás sofra a punição final. A obra de Cristo para a redenção dos homens e purificação do Universo da contaminação do pecado, encerrar-se-á pela remoção dos pecados do santuário celestial e deposição dos mesmos sobre Satanás, que cumprirá a pena final. Assim no cerimonial típico, o ciclo anual do ministério encerrava-se com a purificação do santuário e confissão dos pecados sobre a cabeça do bode emissário. Em tais condições, no ministério do tabernáculo e do templo que mais tarde tomou o seu lugar, ensinavam-se ao povo cada dia as grandes verdades relativas à morte e ministério de Cristo, e uma vez ao ano sua mente era transportada para os acontecimentos finais do grande conflito entre Cristo e Satanás, e para a final purificação do Universo, de pecado e pecadores.

Patriarcas e Profetas

E.G.White

O Santuário de Deus


O Senhor Está Neste Lugar
Acordado, pois, Jacó do seu sono, disse: Na verdade o Senhor está neste lugar, e eu não o sabia. E temeu e disse: Quão terrível é este lugar! Este não é outro lugar senão a casa de Deus; e esta é a porta dos Céus. Gén. 28:16 e 17.
A verdadeira reverência a Deus é inspirada pelo senso de Sua infinita grandeza e a noção de Sua presença. Com este senso do invisível, todo coração deve sentir-se profundamente impressionado. A ocasião e o lugar de oração são sagrados, porque Deus está ali. E ao ser a reverência manifestada em atitude e comportamento, o sentimento que a inspira será aprofundado. "Santo e tremendo é o Seu nome" (Sal. 111:9), declara o salmista. Os anjos, quando pronunciam este nome cobrem o rosto. Com que reverência, então, não devemos nós, que somos pecadores e caídos, tomá-lo em nossos lábios!
Bem fariam velhos e jovens em ponderar as palavras das Escrituras que mostram como deve ser considerado o lugar assinalado pela especial presença de Deus. "Tira os teus sapatos", ordenou Ele a Moisés junto à sarça ardente, "porque o lugar em que tu estás é terra santa." Êxo. 3:5. Profetas e Reis, págs. 48 e 49.
Deus é altíssimo e santo; e, para a humilde alma crente, Sua casa na Terra, o lugar em que Seu povo se reúne para adorá-Lo, é a porta do Céu. O cântico de louvor, as palavras proferidas pelos ministros de Cristo, são instrumentos designados por Deus para preparar um povo para a igreja de cima, para aquele mais elevado culto de adoração em que nada do que é impuro ou não santificado poderá ter parte. ...
Deus vê todo pensamento ou ato irreverente, o qual é registrado nos livros do Céu. Ele nos diz: "Eu conheço as tuas obras." Apoc. 2:19. Nada está escondido perante Seus olhos pesquisadores. Se houverdes formado em qualquer grau o hábito de desatenção e indiferença na casa de Deus, exercitai as faculdades que tendes para o corrigir, e mostrai que sabeis respeitar-vos a vós mesmos. Praticai a reverência até que ela se torne parte de vós mesmos. Mensagens aos Jovens, pág. 265.
 
Guardar Silêncio Diante DEle
Mas o Senhor está no Seu santo templo; cale-se diante dEle toda a Terra. Hab. 2:20.
Da santidade atribuída ao santuário terrestre, os cristãos devem aprender como considerar o lugar onde o Senhor Se propõe encontrar-Se com Seu povo. Houve uma grande mudança, não para melhor mas para pior, nos hábitos e costumes do povo com relação ao culto religioso. As coisas sagradas e preciosas, destinadas a prender-nos a Deus, estão quase perdendo sua influência sobre nosso espírito e coração, sendo rebaixadas ao nível das coisas comuns. A reverência que o povo antigamente revelava para com o santuário onde se encontrava com Deus, em serviço santo, quase deixou de existir completamente. Entretanto, Deus mesmo deu as instruções para Seu culto, elevando-o acima de tudo quanto é terreno.
A casa é o santuário da família; e o aposento ou a floresta o lugar mais recôndito para o culto individual; mas a igreja é o santuário da congregação. Testemunhos Seletos, vol. 2, pág. 193.
Em nome de Jesus podemos ir perante Ele com confiança; não devemos, porém, aproximar-nos dEle com uma ousadia presunçosa, como se Ele estivesse no mesmo nível que nós outros. Há os que se dirigem ao grande, Todo-poderoso e santo Deus, que habita na luz inacessível, como se se dirigissem a um igual, ou mesmo inferior. Há os que se portam em Sua casa conforme não imaginariam fazer na sala de audiência de um governador terrestre. Tais devem lembrar-se de que se acham à vista dAquele a quem serafins adoram, perante quem os anjos cobrem o rosto. Patriarcas e Profetas, pág. 252.
Mas os que se reúnem para adorá-Lo devem afastar de si toda coisa má. A menos que O adorem em espírito e em verdade e na beleza da Sua santidade, seu ajuntamento será de nenhum valor. Profetas e Reis, pág. 50.
É vosso privilégio, queridos amigos jovens, glorificar a Deus na Terra. Para assim fazer, cumpre-vos desviar a mente das coisas superficiais, frívolas e sem importância, para as que são de valor eterno. Mensagens aos Jovens, pág. 265.
Purificado do Pecado
Então, disse eu: ai de mim, que vou perecendo! Porque eu sou um homem de lábios impuros e habito no meio de um povo de impuros lábios; e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos! Isa. 6:5.
Quando o profeta Isaías contemplou a glória do Senhor, ficou assombrado, e, esmagado pelo senso da própria fraqueza e desvalia, clamou: "Ai de mim! ..."
Isaías denunciara pecados de outros; agora, porém, vê-se a si mesmo exposto à mesma condenação que pronunciara sobre eles. Satisfizera-se com cerimônias frias e sem vida em seu culto a Deus. Não soubera disto até que o Senhor lhe dera a visão. Quão pequenos lhe parecem agora sua sabedoria e talentos à medida que considera a santidade e majestade do santuário. Sua visão de si mesmo pode ser expressa na linguagem do apóstolo Paulo: "Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?" Rom. 7:24.
"Mas um dos serafins voou para mim trazendo na sua mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz. E com ela tocou a minha boca, e disse: Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua iniquidade foi tirada, e purificado o teu pecado." Isa. 6:6 e 7.
"Mas um dos serafins voou para mim trazendo na sua mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; e com ela tocou a minha boca, e disse: Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua iniquidade foi tirada, e purificado o teu pecado." Isa. 6:6 e 7.
A visão dada a Isaías representa a condição do povo de Deus nos últimos dias. Têm o privilégio de ver pela fé a obra que está sendo levada no santuário celestial. ... À medida que olham pela fé no interior do lugar santíssimo, e vêem a obra de Cristo no santuário celestial, percebem que são um povo de impuros lábios - um povo cujos lábios muitas vezes falaram vaidades, e cujos talentos não foram santificados e empregados para a glória de Deus. Bem podem desesperar ao contrastarem sua fraqueza e indignidade com a pureza e encanto do glorioso caráter de Cristo. Se, porém, como Isaías, receberem a viva impressão que Deus deseja produzir no coração, se se humilharem diante de Deus, há esperança para eles. O arco da promessa está acima do trono, e a obra dada a Isaías será executada neles. SDA Bible Commentary, vol. 4, págs. 1.138 e 1.139.
 
O Espírito Santo no Templo da Alma
Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? I Cor. 3:16.
Desde os séculos eternos era o desígnio de Deus que todos os seres criados, desde os luminosos e santos serafins até ao homem, fossem um templo para morada do Criador. Devido ao pecado, a humanidade cessou de ser o templo de Deus. Obscurecido e contaminado pelo pecado, o coração do homem não mais revelava a glória da Divindade. Pela encarnação do Filho de Deus, porém, cumpriu-se o desígnio do Céu. Deus habita na humanidade, e mediante a salvadora graça, o coração humano se torna novamente um templo.
O Senhor tinha em vista que o templo de Jerusalém fosse um testemunho contínuo do elevado destino franqueado a toda alma. Os judeus, no entanto, não haviam compreendido a significação do edifício de que tanto se orgulhavam. Não se entregavam como templos santos para o divino Espírito. Os pátios do templo de Jerusalém, cheios do tumulto de um tráfico profano, representavam com exatidão o templo da alma. ... Purificando o templo dos compradores e vendilhões mundanos, Jesus anunciou Sua missão de limpar a alma da contaminação do pecado - dos desejos terrenos, das ambições egoístas, dos maus hábitos que a corrompem. ...
Homem algum pode de si mesmo expulsar a turba má que tomou posse do coração. Unicamente Cristo pode purificar o templo da alma. Não forçará, porém, a entrada. Não vem ao templo do coração como ao de outrora; mas diz: "Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a Minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa." Apoc. 3:20. Ele virá, não somente por um dia; pois diz: "Neles habitarei, e entre eles andarei: ... e eles serão o Meu povo." II Cor. 6:16. Sua presença purificará e santificará a alma, de maneira que ela seja um santo templo para o Senhor, e uma "morada de Deus em Espírito". Efés. 2:21 e 22. O Desejado de Todas as Nações, pág. 161.
O Senhor está mais disposto a dar o Espírito Santo àqueles que O servem do que os pais a dar boas dádivas a seus filhos. Atos dos Apóstolos, pág. 50.
O Desígnio do Santuário
E Me farão um santuário, e habitarei no meio dEles. Êxo. 25:8.
"Habitarei no meio dos filhos de Israel, e lhes serei por Deus", "para que por Minha glória sejam santificados" (Êxo. 29:45 e 43), foi a segurança dada a Moisés. Patriarcas e Profetas, pág. 314.
Na construção do santuário como a morada de Deus, Moisés foi instruído a fazer tudo segundo o modelo das coisas no Céu. Deus o chamou ao monte e revelou-lhe as coisas celestiais; e o tabernáculo foi, em todos os seus pertences, modelado à semelhança delas.
Assim também revelou Ele o Seu glorioso ideal de caráter a Israel, de que Ele desejava fazer Sua morada. A norma deste caráter foi-lhes mostrada no monte, ao ser do Sinai dada a lei, e quando passou Deus diante de Moisés e este proclamou: "Jeová, o Senhor, Deus misericordioso e piedoso, tardio em iras e grande em beneficência e verdade." Êxo. 34:6.
Mas por si mesmos eram eles incapazes de atingir este ideal. Aquela revelação no Sinai apenas poderia impressioná-los com sua necessidade e incapacidade. O tabernáculo, com os seus sacrifícios, deveria ensinar outra lição - a lição do perdão do pecado e do poder de obediência para a vida, mediante o Salvador.
Por meio de Cristo deveria cumprir-se o propósito de que era um símbolo o tabernáculo - aquela construção gloriosa, com suas paredes de ouro luzente refletindo em matizes do arco-íris as cortinas bordadas de querubins; o aroma do incenso, sempre a queimar, a invadir tudo; os sacerdotes vestidos de branco imaculado, e no profundo mistério do compartimento interior, acima do propiciatório, entre as figuras de anjos prostrados em adoração, a glória do Santíssimo. Em tudo Deus desejava que Seu povo lesse o Seu propósito para com o ser humano. Era o mesmo propósito muito mais tarde apresentado pelo apóstolo Paulo, falando pelo Espírito Santo:
"Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo." I Cor. 3:16 e 17. Educação, págs. 35 e 36.
 
Um Templo Edificado com Sacrifício
Fala aos filhos de Israel que me tragam uma oferta alçada; de todo homem cujo coração se mover voluntariamente, dele tomareis a minha oferta alçada. Êxo. 25:2.
O próprio Deus deu a Moisés o plano daquela estrutura, com instruções específicas quanto ao seu tamanho e forma, materiais a serem empregados, e cada peça que fazia parte do aparelhamento que deveria a mesma conter. Os lugares santos, feitos a mão, deveriam ser "figura do verdadeiro", "figuras das coisas que estão no Céu" (Heb. 9:24 e 23) - uma representação em