A pregação de um tempo definido para o juízo, na proclamação
da primeira mensagem, foi ordenada por Deus. O cômputo dos períodos proféticos
nos quais se baseava aquela mensagem, localizando o final dos 2.300 dias no
outono de 1844, paira acima de qualquer contestação. — O Grande Conflito, 457.
{CS 109.1}
“Eu continuei olhando”, diz o profeta Daniel, “até que foram
postos uns tronos, e um Ancião de dias Se assentou: o Seu vestido era branco
como a neve, e o cabelo de Sua cabeça como a limpa lã; o Seu trono chamas de
fogo, e as rodas dele fogo ardente. Um rio de fogo manava e saía de diante d´Ele;
milhares de milhares O serviam, e milhões de milhões estavam diante d´Ele:
assentou-se o juízo, e abriram-se os livros.” Daniel 7:9, 10. {CS 109.2}
Assim foi apresentado à visão do profeta o grande e solene
dia em que o caráter e vida dos homens passariam em revista perante o Juiz de
toda a Terra, e cada homem seria recompensado “segundo as suas obras”. O Ancião
de dias é Deus, o Pai. Diz o salmista: “Antes que os montes nascessem, ou que
Tu formasses a Terra e o mundo, sim, de eternidade a eternidade, Tu és Deus.”
Salmos 90:2. É Ele, fonte de todo ser e de toda lei, que deve presidir ao
juízo. E santos anjos, como ministros e testemunhas, em número de “milhares de
milhares, e milhões de milhões”, assistem a esse grande tribunal. {CS 109.3}
“E, eis que vinha nas nuvens do céu Um como o Filho do
homem: e dirigiu-Se ao Ancião de dias, e O fizeram chegar até Ele. E foi-Lhe
dado o domínio e a honra, e o reino, para que todos os povos, nações e línguas
O servissem: O Seu domínio é um domínio eterno, que não passará.” Daniel 7:13,
14. A vinda de Cristo aqui descrita não é a Sua segunda vinda à Terra. Ele vem
ao Ancião de dias, no Céu, para receber o domínio, a honra, e o reino, os quais
Lhe serão dados no final de Sua obra de mediador. É esta vinda, e não o Seu
segundo advento à Terra, que foi predita na profecia como devendo ocorrer ao
terminarem os 2.300 dias, em 1844. Assistido por anjos celestiais, nosso grande
Sumo-Sacerdote entra no lugar santíssimo, e ali comparece à presença de Deus a
fim de Se entregar aos últimos atos de Seu ministério em prol do homem, a
saber: realizar a obra do juízo de investigação e fazer expiação por todos os
que se verificarem com direito aos benefícios da mesma. {CS 110.1}
Que únicos casos são
considerados?
No cerimonial típico, somente os que tinham vindo perante
Deus com confissão e arrependimento, e cujos pecados, por meio do sangue da
oferta para o pecado, eram transferidos para o santuário, é que tinham parte na
cerimónia do dia da expiação. Assim, no grande dia da expiação final e do juízo
de investigação, os únicos casos a serem considerados são os do povo professo
de Deus. O julgamento dos ímpios constitui obra distinta e separada, e ocorre
em ocasião posterior. “É tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e, se
primeiro começa por nós, qual será o fim daqueles que são desobedientes ao
evangelho?” 1 Pedro 4:17. {CS 110.2}
Os livros de registro no Céu, nos quais estão relatados os
nomes e ações dos homens, devem determinar a decisão do juízo. Diz o profeta
Daniel: “Assentou-se o juízo, e abriram-se os livros.” O escritor do
Apocalipse, descrevendo a mesma cena, acrescenta: “Abriu-se outro livro, que é
o da vida; e os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos
livros, segundo as suas obras.” Apocalipse 20:12. {CS 110.3}
O livro da vida contém os nomes de todos os que já entraram
para o serviço de Deus. Jesus ordenou a Seus discípulos: “Alegrai-vos antes por
estarem os vossos nomes escritos nos Céus.” Lucas 10:20. Paulo fala de seus
fiéis cooperadores, “cujos nomes estão no livro da vida”. Filipenses 4:3.
Daniel, olhando através dos séculos para um “tempo de angústia, qual nunca
houve”, declara que se livrará o povo de Deus, “todo aquele que se achar
escrito no livro.” E João, no Apocalipse, diz que apenas entrarão na cidade de
Deus aqueles cujos nomes “estão inscritos no livro da vida do Cordeiro.” Daniel
12:1; Apocalipse 21:27. {CS 110.4}
“Há um memorial escrito diante” de Deus, no qual estão
registradas as boas ações dos “que temem ao Senhor, e para os que se lembram do
Seu nome.” Malaquias 3:16. Suas palavras de fé, seus atos de amor, acham-se
registrados no Céu. Neemias a isto se refere quando diz: “Deus meu, lembra-Te de
mim; e não risques as beneficências que eu fiz à casa de meu Deus.” Neemias
13:14. No livro memorial de Deus toda ação de justiça se acha imortalizada.
Ali, toda tentação resistida, todo mal vencido, toda palavra de terna compaixão
que se proferir, acham-se fielmente historiados. E todo ato de sacrifício, todo
sofrimento e tristeza, suportado por amor a Cristo, encontra-se registrado. Diz
o salmista: “Tu contaste as minhas vagueações: põe as minhas lágrimas no Teu
odre: não estão elas no Teu livro?” Salmos 56:8. {CS 111.1}
Há também um relatório dos pecados dos homens. “Porque Deus há-de
trazer a juízo toda a obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom quer
seja mau.” “De toda a palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no
dia do juízo.” Disse o Salvador: “por tuas palavras serás justificado, e por
tuas palavras serás condenado.” Eclesiastes 12:14; Mateus 12:36, 37. Os
propósitos e intuitos secretos aparecem no infalível registro; pois Deus “trará
à luz as coisas ocultas das trevas, e manifestará os desígnios dos corações.” 1
Coríntios 4:5. “Eis que está escrito diante de Mim: ... as vossas iniquidades,
e juntamente as iniquidades de vossos pais, diz o Senhor.” Isaías 65:6, 7. {CS
111.2}
A obra de cada homem passa em revista perante Deus, e é
registrada pela sua fidelidade ou infidelidade. Ao lado de cada nome, nos
livros do Céu, estão escritos, com terrível exatidão, toda má palavra, todo ato
egoísta, todo dever não cumprido, e todo pecado secreto, juntamente com toda
artificiosa hipocrisia. Advertências ou admoestações enviadas pelo Céu, e que
foram negligenciadas, momentos desperdiçados, oportunidades não aproveitadas,
influência exercida para o bem ou para o mal, juntamente com seus resultados de
vasto alcance, tudo é historiado pelo anjo relator. {CS 111.3}
A lei de Deus é a
norma
A lei de Deus é a norma pela qual o caráter e vida dos
homens serão aferidos no juízo. Diz o sábio: “Teme a Deus, e guarda os Seus
mandamentos porque este é o dever de todo o homem. Porque Deus há de trazer a
juízo toda a obra.” Eclesiastes 12:13, 14. O apóstolo Tiago admoesta a Seus
irmãos: “Assim falai, e assim procedei, como devendo ser julgados pela lei da
liberdade.” Tiago 2:12. {CS 112.1}