O assunto do santuário foi a chave que desvendou o mistério
do desapontamento de 1844. Revelou um conjunto completo de verdades, ligadas
harmoniosamente entre si e mostrando que a mão de Deus dirigia o grande
movimento do advento e apontara novos deveres ao trazer a lume a posição e obra
de Seu povo. Como os discípulos de Jesus, depois da terrível noite de sua
angústia e desapontamento, “alegraram-se muito ao verem o Senhor”, assim se
regozijaram então os que pela fé haviam aguardado o segundo advento. Esperavam
que Ele aparecesse em glória, para dar a recompensa a Seus servos. Vendo
frustradas suas esperanças, perderam de vista a Jesus e, como Maria, junto ao
sepulcro, exclamaram: “Levaram o meu Senhor, e não sei onde O puseram.” Então,
no lugar santíssimo, contemplaram de novo seu compassivo Sumo Sacerdote,
prestes a aparecer como Rei e Libertador. A luz proveniente do santuário
iluminou o passado, o presente e o futuro. Souberam que Deus os havia guiado
por Sua providência infalível. Se bem que, como aconteceu aos primeiros
discípulos, não compreendessem a mensagem por eles mesmos comunicada, era esta,
no entanto, correta a todos os respeitos. Proclamando-a, tinham cumprido o
propósito de Deus, e seu trabalho não havia sido em vão no Senhor. “De novo
gerados para uma viva esperança”, regozijavam-se “com gozo inefável e
glorioso.” {CS 97.1}
Tanto a profecia de Daniel, capítulo 8, verso 14 — “Até duas
mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado” — como a
mensagem do primeiro anjo — “Temei a Deus e dai-Lhe glória; porque vinda é a
hora de Seu juízo” — indicavam o ministério de Cristo no lugar santíssimo, o
juízo investigativo, e não a vinda de Cristo para resgatar o Seu povo e
destruir os ímpios. O engano fora, não na contagem dos períodos proféticos, mas
no acontecimento a ocorrer no fim dos 2.300 dias. Por este erro, os crentes
sofreram desapontamento; entretanto, cumprira-se tudo que estava predito pela
profecia e que podiam eles com autoridade bíblica esperar. Ao mesmo tempo em
que lamentavam a derrocada de suas esperanças, transcorrera o acontecimento que
fora predito pela mensagem, e que deveria cumprir-se antes que o Senhor
aparecesse para recompensar a Seus servos.{CS 98.1}
Cristo aparecera, não à Terra, como esperavam, mas, conforme
fora prefigurado tipicamente, ao lugar santíssimo do templo de Deus, no Céu. É
Ele representado, pelo profeta Daniel, como estando a vir, nesse tempo, ao
Ancião de dias: “Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha
nas nuvens do céu um como o Filho do homem: e dirigiu-Se” — não à Terra mas —
“ao Ancião de dias, e O fizeram chegar até Ele.” Daniel 7:13.{CS 98.2}
Esta vinda é também predita pelo profeta Malaquias: “De
repente virá ao Seu templo o Senhor, a quem vós buscais, o Anjo do concerto, a
quem vós desejais; eis que vem, diz o Senhor dos exércitos.” Malaquias 3:1. A
vinda do Senhor a Seu templo foi súbita, inesperada, para Seu povo. Não O
buscaram ali. Esperavam que viesse à Terra, “como labareda de fogo, tomando
vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho.” 2
Tessalonicenses 1:8.{CS 98.3}
O povo, porém, ainda não estava preparado para encontrar-se
com o Senhor. Havia ainda uma obra de preparo a ser por eles cumprida.
Ser-lhes-ia proporcionada luz, dirigindo-lhes a mente ao templo de Deus, no
Céu; e, ao seguirem eles, pela fé, ao Sumo Sacerdote em Seu ministério ali,
novos deveres seriam revelados. Outra mensagem de advertência e instrução
deveria dar-se à igreja.{CS 98.4}
Diz o profeta: “Quem suportará o dia da Sua vinda? E quem
subsistirá quando Ele aparecer? Porque Ele será como o fogo dos ourives e como
o sabão dos lavandeiros. E assentar-Se-á, afinando e purificando a prata; e
purificará os filhos de Levi, e os afinará como ouro e como prata: então ao
Senhor trarão ofertas em justiça.” Malaquias 3:2, 3. Os que estiverem vivendo
sobre a Terra quando a intercessão de Cristo cessar no santuário celestial,
deverão, sem mediador, estar em pé na presença do Deus santo. Suas vestes devem
estar imaculadas, o caráter liberto de pecado, pelo sangue da aspersão.
Mediante a graça de Deus e seu próprio esforço diligente, devem eles ser
vencedores na batalha contra o mal. Enquanto o juízo de investigação prosseguir
no Céu, enquanto os pecados dos crentes arrependidos estão sendo removidos do
santuário, deve haver uma obra especial de purificação, ou de afastamento de
pecado, entre o povo de Deus na Terra. Esta obra é mais claramente apresentada
nas mensagens do capítulo 14 de Apocalipse. {CS 98.5}
Quando ela se houver realizado, os seguidores de Cristo
estarão prontos para o Seu aparecimento. “E a oferta de Judá e de Jerusalém
será suave ao Senhor, como nos dias antigos, e como nos primeiros anos.”
Malaquias 3:4. Então a igreja que nosso Senhor deve receber para Si, à Sua vinda,
será “igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante.” Efésios
5:27. Então ela aparecerá “como a alva do dia, formosa como a Lua, brilhante
como o Sol, formidável como um exército com bandeiras.” Cantares de Salmos
6:10.{CS 99.1}
Além da vinda do Senhor a Seu templo, Malaquias também
prediz o segundo advento, Sua vinda para a execução do juízo, nestas palavras:
“E chegar-Me-ei a vós para juízo, serei uma testemunha veloz contra os
feiticeiros e contra os adúlteros, e contra os que juram falsamente, e contra
os que defraudam o jornaleiro, e pervertem o direito da viúva, e do órfão, e do
estrangeiro, e não Me temem, diz o Senhor dos exércitos.” Malaquias 3:5. À
mesma cena se refere Judas quando diz: “Eis que é vindo o Senhor com milhares
de Seus santos; para fazer juízo contra todos, e condenar dentre eles todos os
ímpios por todas as suas obras de impiedade.” Judas 14, 15. Esta vinda, e a
vinda do Senhor a Seu templo, são acontecimentos distintos e separados.{CS
99.2}
Fundamentos
escriturísticos
A vinda de Cristo ao lugar santíssimo como nosso Sumo
Sacerdote, para a purificação do santuário, a que se faz referência em Daniel,
capítulo 8, verso 14; a vinda do Filho do homem ao Ancião de dias, conforme se
acha apresentada em Daniel, capítulo 7, verso 13; e a vinda do Senhor a Seu
templo, predita por Malaquias, são descrições do mesmo acontecimento; e isto é
também representado pela vinda do esposo ao casamento, descrita por Cristo na
parábola das dez virgens, de Mateus, capítulo 25. {CS 99.3}
A proclamação: “Aí vem o Esposo!” foi feita no verão de
1844. Desenvolveram-se então as duas classes representadas pelas virgens
prudentes e as loucas: uma classe que aguardava com alegria o aparecimento do
Senhor, e que se estivera diligentemente preparando para O encontrar; outra
classe que, influenciada pelo medo, e agindo por um impulso de momento, se
satisfizera com a teoria da verdade, mas estava destituída da graça de Deus. Na
parábola, quando o Esposo veio, “as que estavam preparadas entraram com Ele para
as bodas.” A vinda do Esposo, aqui referida, ocorre antes das bodas. O
casamento representa a recepção do reino por parte de Cristo. A santa cidade, a
Nova Jerusalém, que é a capital e representa o reino, é chamada “a esposa, a
mulher do Cordeiro.” Disse o anjo a João: “Vem, mostrar-te-ei a esposa, a
mulher do Cordeiro.” “E levou-me em espírito”, diz o profeta, “e mostrou-me a
grande cidade, a santa Jerusalém, que de Deus descia do Céu.” Apocalipse 21:9,
10. Claramente, pois, a esposa representa a santa cidade, e as virgens que saem
ao encontro do Esposo são símbolo da igreja. No Apocalipse é dito que o povo de
Deus são os convidados à ceia das bodas. Apocalipse 19:9. Se são convidados,
não podem ser também representados pela esposa. Cristo, conforme foi declarado
pelo profeta Daniel, receberá do Ancião de dias, no Céu, “o domínio, e a honra,
e o reino”; receberá a Nova Jerusalém, a capital de Seu reino, “adereçada como
uma esposa ataviada para o seu marido.” Daniel 17:14; Apocalipse 21:2. Tendo
recebido o reino, Ele virá em glória, como Rei dos reis e Senhor dos senhores,
para a redenção de Seu povo, que deve assentar-se “com Abraão, Isaque e Jacó”,
à Sua mesa, em Seu reino (Mateus 8:11; Lucas 22:30), a fim de participar da
ceia das bodas do Cordeiro.{CS 100.1}
A proclamação: “Aí vem o Esposo!”, feita no verão de 1844,
levou milhares a esperar o imediato advento do Senhor. No tempo indicado o
Esposo veio, não para a Terra, como o povo esperava, mas ao Ancião de dias, no
Céu, às bodas, à recepção de Seu reino. “As que estavam preparadas entraram com
Ele para as bodas, e fechou-se a porta.” Elas não deveriam estar presentes, em
pessoa, nas bodas; pois que estas ocorrem no Céu, ao passo que elas estão na
Terra. Os seguidores de Cristo devem esperar “o seu Senhor, quando houver de
voltar das bodas.” Lucas 12:36. Mas devem compreender o trabalho de Cristo e
segui-Lo, pela fé, ao ir Ele perante Deus. É neste sentido que se diz irem eles
às bodas. {CS 100.2}
Na parábola, as que tinham óleo em seus vasos com as lâmpadas,
foram as que entraram para as bodas. Os que, com conhecimento da verdade pelas
Escrituras, tinham também o Espírito e graça de Deus, e que, na noite de sua
amarga prova, esperavam pacientemente, examinando a Bíblia a fim de obterem
mais clara luz — esses viram a verdade relativa ao santuário celestial e a
mudança no ministério do Salvador, e pela fé O acompanharam em Sua obra naquele
santuário. Todos os que, mediante o testemunho das Escrituras, aceitam as
mesmas verdades, seguindo a Cristo pela fé, ao entrar Ele à presença de Deus
para efetuar a última obra de mediação, e para, no final dela, receber o Seu
reino — todos esses são representados como estando a ir às bodas.{CS 101.1}
A mesma figura do casamento é apresentada na parábola do
capítulo 22 de Mateus, onde claramente se representa o juízo de investigação
como ocorrendo antes das bodas. Previamente às bodas vem o rei para ver os
convidados (Mateus 22:11), a fim de verificar se todos têm trajes nupciais,
vestes imaculadas do caráter lavado e embranquecido no sangue do Cordeiro.
Apocalipse 7:14. O que é encontrado em falta, é lançado fora, mas todos os que,
sendo examinados, se verificar terem vestes nupciais, são aceitos por Deus e
considerados dignos de participar de Seu reino e assentar-se em Seu trono. Esta
obra de exame do caráter, para determinar quem está preparado para o reino de
Deus, é a do juízo de investigação, obra final no santuário do Céu.{CS 101.2}
Quando a obra de investigação se encerrar, examinados e
decididos os casos dos que em todos os séculos professaram ser seguidores de
Cristo, então, e somente então, se encerrará o tempo da graça, fechando-se a
porta da misericórdia. Assim, esta breve sentença — “As que estavam preparadas
entraram com Ele para as bodas, e fechou-se a porta” — nos conduz através do
ministério final do Salvador, ao tempo em que se completará a grande obra para
salvação do homem.{CS 101.3}
Ministério nos dois
compartimentos
No cerimonial do santuário terrestre, que, conforme vimos, é
uma figura do serviço no santuário celestial, quando o sumo sacerdote no dia da
expiação entrava no lugar santíssimo, cessava o ministério no primeiro
compartimento. Deus ordenara: “E nenhum homem estará na tenda da
congregação
quando ele entrar para fazer propiciação no santuário, até que ele saia.”
Levítico 16:17. Assim, quando Cristo entrou no lugar santíssimo para efetuar a
obra final da expiação, terminou Seu ministério no primeiro compartimento. Mas,
quando o ministério no primeiro compartimento terminou, iniciou-se o do segundo
compartimento. Quando, no cerimonial típico, o sumo sacerdote deixava o lugar
santo no dia da expiação, entrava perante Deus para apresentar o sangue da
oferta pelo pecado, em favor de todos os israelitas que verdadeiramente se
arrependiam de suas transgressões. Assim Cristo apenas completara uma parte de
Sua obra como nosso intercessor para iniciar outra, e ainda pleiteia com Seu
sangue, perante o Pai, em favor dos pecadores.{CS 102.1}
Este assunto não foi entendido pelos adventistas em 1844.
Depois de passado o tempo em que era esperado nosso Salvador, acreditavam eles
ainda estar próxima a Sua vinda; mantinham a opinião de haverem chegado a uma
crise importante, e de que cessara a obra de Cristo como intercessor do homem
perante Deus. Parecia-lhes ser ensinado na Escritura Sagrada que o tempo de
graça do homem terminaria um pouco antes da própria vinda do Senhor nas nuvens
do céu. Isto parecia evidenciar-se das passagens que indicam o tempo em que os
homens hão de procurar, bater e clamar à porta da graça, mas esta não se
abrirá. E surgiu entre eles a questão de saber se a data em que haviam
aguardado a vinda de Cristo não marcaria porventura o começo deste período que
deveria preceder imediatamente a Sua vinda. Tendo dado a advertência da
proximidade do juízo, sentiam que sua obra em favor do mundo se achava feita, e
não mais sentiam o dever de trabalhar pela salvação dos pecadores, enquanto o
escárnio ousado e blasfemo dos ímpios lhes parecia outra evidência de que o
Espírito de Deus Se retirara dos que rejeitavam a misericórdia divina. Tudo
isto os confirmava na crença de que o tempo da graça findara, ou como eles
então o exprimiam, “a porta da graça se fechara.”{CS 102.2}
A abertura de uma
outra porta
Uma luz mais clara, porém, surgiu pela investigação do assunto
do santuário. Viam agora que estavam certos em crer que o fim dos 2.300 dias em
1844 assinalava uma crise importante. Mas, conquanto fosse verdade que se
achasse fechada a porta da esperança e graça pela qual os homens durante mil e
oitocentos anos encontraram acesso a Deus, outra porta se abrira, e oferecia-se
o perdão dos pecados aos homens, mediante a intercessão de Cristo no lugar
santíssimo. Encerrara-se uma parte de Seu ministério apenas para dar lugar a
outra. Havia ainda uma “porta aberta” para o santuário celestial, onde Cristo
estava a ministrar pelo pecador. {CS 102.3}
Via-se agora a aplicação das palavras de Cristo no
Apocalipse, dirigidas à igreja, nesse mesmo tempo: “Isto diz O que é santo, O
que é verdadeiro, O que tem a chave de Davi; O que abre e ninguém fecha; e
fecha, e ninguém abre. Eu sei as tuas obras: e eis que diante de ti pus uma
porta aberta, e ninguém a pode fechar.” Apocalipse 3:7, 8.{CS 103.1}
Os que, pela fé, seguem a Jesus na grande obra da expiação,
recebem os benefícios de Sua mediação em seu favor; enquanto os que rejeitam a
luz apresentada neste ministério não são por ela beneficiados. Os judeus que
rejeitaram a luz dada por ocasião do primeiro advento de Cristo e se recusaram
a crer nEle como Salvador do mundo, não poderiam receber o perdão por meio
dEle. Quando Jesus, depois da ascensão, pelo Seu próprio sangue entrou no
santuário celestial, a fim de derramar sobre os discípulos as bênçãos de Sua
mediação, os judeus foram deixados em completas trevas, continuando com os
sacrifícios e ofertas inúteis. O ministério dos tipos e sombras cessara. A
porta pela qual anteriormente os homens encontravam acesso a Deus, não mais se
achava aberta. Recusaram-se os judeus a buscá-Lo pelo único meio por que
poderia então ser encontrado — pelo ministério no santuário celestial. Não
alcançaram, por conseguinte, comunhão com Deus. Para eles a porta estava
fechada. Não conheciam a Cristo como o verdadeiro sacrifício e o único mediador
perante Deus; daí o não poderem receber os benefícios de Sua mediação.{CS
103.2}
O estado dos judeus incrédulos ilustra a condição dos
indiferentes e incrédulos entre os professos cristãos, que voluntariamente
ignoram a obra de nosso misericordioso Sumo Sacerdote. No cerimonial típico,
quando o sumo sacerdote entrava no lugar santíssimo, exigia-se de todos os
israelitas que se reunissem em redor do santuário, e do modo mais solene
humilhassem a alma perante Deus, para que recebessem o perdão dos pecados e não
fossem extirpados da congregação. Quanto mais importante não é que neste dia
antitípico da expiação compreendamos a obra de nosso Sumo Sacerdote, e saibamos
quais os deveres que de nós se requerem! {CS 103.3}
Trágico resultado da rejeição da mensagem divina de
advertência
Os homens não podem impunemente rejeitar as advertências que
Deus em Sua misericórdia lhes envia. No tempo de Noé, uma mensagem do Céu foi
endereçada ao mundo, e a salvação do povo dependia da maneira como a recebesse.
Rejeitada a advertência, o Espírito de Deus foi retirado da raça pecadora, e
pereceram nas águas do dilúvio. Nos dias de Abraão, a misericórdia cessou de
contender com os culposos habitantes de Sodoma, e todos, com exceção de Ló, a
esposa e duas filhas, foram consumidos pelo fogo enviado do Céu. Assim foi nos
dias de Cristo. O Filho de Deus declarara aos judeus incrédulos daquela
geração: “Vossa casa vai ficar-vos deserta.” Mateus 23:38. Olhando através dos
tempos para os últimos dias, o mesmo Poder infinito declara a respeito dos que
“não receberam o amor da verdade para se salvarem”: “Por isso Deus lhe enviará
a operação do erro, para que creiam a mentira; para que sejam julgados todos os
que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniquidade.” 2
Tessalonicenses 2:10-12. Sendo rejeitados os ensinos de Sua Palavra, Deus
retira o Seu Espírito e os deixa entregues aos enganos que amam.{CS 104.1}
Cristo, porém, intercede ainda em favor do homem, e luz será
concedida aos que a buscam. Posto que isto não fosse a princípio compreendido
pelos adventistas, tornou-se mais tarde claro, ao começarem a desvendar-se-lhes
as passagens que definem a sua verdadeira posição.{CS 104.2}
O transcurso do tempo em 1844 foi seguido de um período de
grande prova para os que ainda mantinham a fé do advento. Seu único alívio, no
que dizia respeito a determinar sua verdadeira posição, era a luz que lhes
dirigia o espírito ao santuário celestial. Alguns renunciaram à fé na contagem
anterior dos períodos proféticos, e atribuíram a forças humanas ou satânicas a
poderosa influência do Espírito Santo que acompanhara o movimento adventista.
Outra classe sustentava firmemente que o Senhor os guiara na experiência por
que passaram; e, como esperassem, vigiassem e orassem, a fim de conhecer a
vontade de Deus, viram que seu grande Sumo Sacerdote começara a desempenhar
outra parte do ministério, e, seguindo-O pela fé, foram levados a ver também a
obra final da igreja. Obtiveram mais clara compreensão das mensagens do
primeiro e segundo anjos, e ficaram habilitados a receber e dar ao mundo a
solene advertência do terceiro anjo de Apocalipse, capítulo 14. — O Grande
Conflito, 422-431. {CS 104.3}
O santuário e o
Sábado
“Abriu-se no Céu o templo de Deus, e a arca do Seu concerto
foi vista no Seu templo.” Apocalipse 11:19. A arca do concerto de Deus está no
Santo dos Santos, ou no lugar santíssimo, que é o segundo compartimento do
santuário. No ministério do tabernáculo terrestre, que servia como “exemplar e
sombra das coisas celestiais”, este compartimento se abria somente no grande
dia da expiação, para a purificação do santuário. Portanto, o anúncio de que o
templo de Deus se abrira no Céu, e de que fora vista a arca de Seu concerto,
indica a abertura do lugar santíssimo do santuário celestial, em 1844, ao
entrar Cristo ali para efetuar a obra finalizadora da expiação. Os que pela fé
seguiram seu Sumo Sacerdote, ao iniciar Ele o ministério no lugar santíssimo,
contemplaram a arca de Seu concerto. Como houvessem estudado o assunto do
santuário, chegaram a compreender a mudança operada no ministério do Salvador,
e viram que Ele agora oficiava diante da arca de Deus, pleiteando com Seu
sangue em favor dos pecadores.{CS 105.1}
A arca do tabernáculo terrestre continha as duas tábuas de
pedra, sobre as quais se achavam inscritos os preceitos da lei de Deus. A arca
era mero receptáculo das tábuas da lei, e a presença desses preceitos divinos é
que lhe dava valor e santidade. Quando se abriu o templo de Deus no Céu, foi
vista a arca do Seu testemunho. Dentro do Santo dos Santos, no santuário
celestial, acha-se guardada sagradamente a lei divina — a lei que foi
pronunciada pelo próprio Deus em meio dos trovões do Sinai, e escrita por Seu
próprio dedo nas tábuas de pedra.{CS 105.2}
A lei de Deus no santuário celeste é o grande original, de
que os preceitos inscritos nas tábuas de pedra, registrados por Moisés no
Pentateuco, eram uma transcrição exata. Os que chegaram à compreensão deste
ponto importante, foram assim levados a ver o caráter sagrado e imutável da lei
divina. Viram, como nunca dantes, a força das palavras do Salvador: “Até que o
céu e a Terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei.” Mateus 5:18. A
lei de Deus, sendo a revelação de sua vontade, a transcrição de Seu caráter,
deve permanecer para sempre, “como uma fiel testemunha no Céu.” Nenhum
mandamento foi anulado; nenhum jota ou til se mudou. Diz o salmista: ‘Para
sempre, ó Senhor, a Tua palavra permanece no Céu.” São “fiéis todos os Seus
mandamentos. Permanecem firmes para todo o sempre.” Salmos 119:89; 111:7, 8.
{CS 105.3}
No próprio centro do decálogo está o quarto mandamento,
conforme foi a princípio proclamado: “Lembra-te do dia do sábado para o
santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra, mas o sétimo dia é
o sábado do Senhor teu Deus: não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem
tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu
estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor
os céus e a Terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou:
portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou.” Êxodo 20:8-11.{CS
106.1}
O Espírito de Deus tocou o coração dos que estudavam a Sua
Palavra. Impressionava-os a convicção de que haviam ignorantemente transgredido
este preceito, deixando de tomar em consideração o dia de repouso do Criador.
Começaram a examinar as razões para a observância do primeiro dia da semana em
lugar do dia que Deus havia santificado. Não puderam achar nas Escrituras prova
alguma de que o quarto mandamento tivesse sido abolido, ou de que o sábado fora
mudado; a bênção que a princípio aureolava o sétimo dia nunca fora removida.
Sinceramente tinham estado a procurar conhecer e fazer a vontade de Deus;
agora, como se vissem transgressores de Sua lei, encheu-se-lhes o coração de
tristeza, e manifestaram lealdade para com Deus, santificando Seu sábado.{CS
106.2}
Muitos e tenazes foram os esforços feitos para subverter-lhes
a fé. Ninguém poderia deixar de ver que, se o santuário terrestre era uma
figura ou modelo do celestial, a lei depositada na arca, na Terra, era uma
transcrição exata da lei na arca, que está no Céu; e que a aceitação da verdade
concernente ao santuário celeste envolvia o reconhecimento dos requisitos da
lei de Deus, e da obrigatoriedade do Sábado do quarto mandamento. Aí estava o
segredo da oposição atroz e decidida à exposição harmoniosa das Escrituras, que
revelavam o ministério de Cristo no santuário celestial. Os homens procuravam
fechar a porta que Deus havia aberto, e abrir a que Ele fechara. Mas “O que
abre, e ninguém fecha; e fecha, e ninguém abre”, tinha declarado: “Eis que
diante de ti pus uma porta aberta, e ninguém a pode fechar.” Apocalipse 3:7, 8.
Cristo abrira a porta, ou o ministério, do lugar santíssimo; resplandecia a luz
por aquela porta aberta do santuário celestial, e demonstrou-se estar o quarto
mandamento incluído na lei que ali se acha encerrada; o que Deus estabeleceu
ninguém pode derribar. {CS 106.3}
Os que aceitaram a luz relativa à mediação de Cristo e à
perpetuidade da lei de Deus, acharam que estas eram as verdades apresentadas no
capítulo 14 de Apocalipse. As mensagens deste capítulo constituem uma tríplice
advertência, que deve preparar os habitantes da Terra para a segunda vinda do
Senhor. O anúncio: — “Vinda é a hora do Seu juízo” — aponta para a obra
finalizadora do ministério de Cristo para a salvação dos homens. Anuncia uma
verdade que deve ser proclamada até que cesse a intercessão do Salvador, e Ele
volte à Terra para receber o Seu povo. A obra do juízo que começou em 1844,
deve continuar até que os casos de todos estejam decididos, tanto dos vivos
como dos mortos; disso se conclui que ela se estenderá até ao final do tempo de
graça para a humanidade. A fim de que os homens possam preparar-se para estar
em pé no juízo, a mensagem lhes ordena temer a Deus e dar-Lhe glória, “e adorar
Aquele que fez o céu e a Terra, e o mar, e as fontes das águas.” O resultado da
aceitação destas mensagens é dado nestas palavras: “Aqui estão os que guardam
os mandamentos de Deus, e a fé de Jesus.” A fim de se prepararem para o juízo,
é necessário que os homens guardem a lei de Deus. Esta lei será a norma de
caráter no juízo. — O Grande Conflito, 432-435.{CS 107.1}
Os que receberam a luz concernente ao santuário e à
imutabilidade da lei de Deus, encheram-se de alegria e admiração, ao verem a
beleza e harmonia do conjunto de verdades que se lhes desvendaram ao
entendimento. — O Grande Conflito, 453.{CS 107.2}
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