O JULGAMENTO DA HUMANIDADE

Eu estava em Nova Iorque na manhã em que saiu o veredito do julgamento de O. J. Simpson, acusado de ter matado a esposa e um amigo dela. Eu estava numa frutaria - da esquina da rua 216 Este com a rua 45. Os proprietários tinham colocado uma televisão enorme, e havia muita gente aglomerada em volta para assistir ao veredito final. Na realidade, os Estados Unidos praticamente pararam por 2 minutos. A expectativa era generalizada e o resultado do julgamento provocou as mais variadas reações. Os pais das vítimas choravam, sentindo-se impotentes diante do veredito que declarava Simpson inocente das acusações, enquanto o acusado respirava aliviado alegando que a justiça tinha sido feita.
No livro de Apocalipse encontramos o anúncio de outro julgamento. Desta vez, um juízo universal e de consequências eternas. Um dia, Lúcifer disse que estava certo e Deus, errado. O Criador deu-lhe o tempo necessário para provar a validade das suas acusações e para esclarecer qualquer dúvida na mente das criaturas. Mas, finalmente, chega o dia em que todas as acusações e os seus resultados devem ser julgados.
No capítulo 14 de Apocalipse, no versículo 6, o apóstolo João leva-nos a contemplar essa cena crucial do grande conflito entre o bem e o mal, dizendo: "Vi outro anjo voar pelo meio do céu, tendo um evangelho eterno para pregar aos que se assentam sobre a terra, e a cada nação, e tribo, e língua, e povo".
Quem é esse anjo e o que simboliza? Ao longo de todo o livro de Apocalipse são mencionados muitos anjos. Desta vez João vê outro anjo. Este "anjo" ou "mensageiro" representa, segundo os comentadores bíblicos, "os servos de Deus empenhados na tarefa de proclamar o evangelho". No Evangelho de Marcos, capítulo 16: 14, 15 diz que a missão de pregar o evangelho, foi dada por Jesus aos seus discípulos antes do Mestre partir. Quer dizer que hoje, existe neste mundo um povo especial, com uma mensagem especial para ser dada aos moradores da Terra.
A mensagem que estas pessoas proclamam encontra-se em Apocalipse 14: 7: "... Temei a Deus e dai-lhe glória, pois é chegada a hora do seu juízo".
Essa mensagem é de suma importância porque é o anúncio do dia do acerto de contas: finalmente chegou a hora do julgamento. Quando o juízo terminar, todo o Universo saberá sem sombra de dúvida quem estava com a razão: Satanás ou Cristo. Lá nos céus, há muito tempo atrás, Lúcifer acusou a Deus de ser tirano, arbitrário e cruel. Acusou-o de estabelecer princípios de vida que nenhuma criatura poderia cumprir e, portanto, de não merecer adoração nem obediência. Mas agora chegou o momento do veredito final. A história encarregou-se de acumular as provas. Os livros serão abertos, e o juízo começará.
A Bíblia está cheia de afirmações que confirmam a existência de um juízo para a raça humana. Observemos algumas delas:
Eclesiastes capítulo 12:14 "Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más".
Vejamos também o que diz em Atos 17:31 "Porquanto (Deus) estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça..."
E finalmente em II Coríntios, capítulo 5:10 a Palavra de Deus diz: "Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo".
Mas a grande pergunta é: Quando acontece o juízo? Como saber o tempo exacto em que esse julgamento terá início? Se o nosso destino eterno está em jogo, não deveríamos preocupar-nos por estudar a profecia a fim de estar preparados para aquele dia?
Já dissemos que para compreender as profecias do Apocalipse é preciso conhecer bem o Velho Testamento. Isso porque, no Apocalipse, muitos detalhes proféticos do Velho Testamento exigem sentido. No Apocalipse está o maravilhoso final da história que começa no Génesis.
Portanto, para saber quando começa o juízo que o Apocalipse menciona, é preciso rever, na história bíblica, quando se realizava o juízo em Israel, o povo de Deus no Velho Testamento.
Segundo a Mishna, que é a colecção dos escritos judeus, o juízo de Israel começava no primeiro dia do sétimo mês, com a festa das trombetas, e terminava no décimo dia, com a cerimónia da expiação. Até hoje esse dia é denominado "Yom Kippur" (Juízo de Israel: 1-10 do Sétimo mês), que significa literalmente "dia do juízo".
O livro de Levíticos 16:30, explica que nesse dia, cada verdadeiro israelita renovava a sua consagração a Deus e confirmava o seu arrependimento, ficando, assim, perdoado e limpo.
Nesse dia, também, o sumo sacerdote de Israel efetuava a limpeza ou purificação do Santuário, com sacrifícios de animais. Note agora o que a Bíblia diz a este respeito em Hebreus 9:23, 24: "Era necessário, portanto, que as figuras das coisas que se acham nos céus se purificassem com tais sacrifícios, mas as próprias coisas celestiais, com sacrifícios a eles superiores. Porque Cristo não entrou em Santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para comparecer, agora, por nós, diante de Deus".
Se analisar com cuidado esta declaração bíblica, chegará à conclusão natural de que existe um Santuário lá nos Céus e que o santuário terrestre do povo de Israel era apenas uma cópia do verdadeiro que está nos Céus.
Bom, se o dia da purificação do Santuário de Israel era o dia do juízo para aquele povo, está claro que o dia da purificação do Santuário celestial será também o dia do juízo da humanidade. Mas quando acontecerá isto?
Se descobrirmos essa data, teremos descoberto a data do início do julgamento do planeta em que vivemos. Não é fascinante?
Agora vem algo que surpreende: a Bíblia contém uma profecia quase desconhecida pela humanidade. Se tiver uma Bíblia em casa, é só conferir. Essa profecia está registada em Daniel 8:14 e diz assim: "... Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o Santuário será purificado".
Essa profecia não pode referir-se à purificação do Santuário de Israel, porque essa purificação era realizada a cada ano. Aqui está a referir-se à purificação do Santuário dos Céus. E isto é confirmado pela própria Bíblia em Hebreus capítulo 9: 25,26.
Isso quer dizer que, se descobrirmos quando termina essa profecia, teremos descoberto o dia da purificação do Santuário celestial, ou seja, o dia que começou o julgamento dos seres humanos.
Em primeiro lugar, é preciso ter em mente que, em profecia, um dia equivale a um ano (ler - Números 14:34 e Ezequiel 4:6).
Para saber, então, quando termina esse período de dois mil e trezentos anos é preciso saber quando ele começa.
Esta profecia foi revelada ao profeta Daniel, com a seguinte advertência, vejamos o que diz: Daniel 8:26: "A visão da tarde e da manhã... é verdadeira; tu, porém, preserva a visão, porque se refere a dias ainda mui distantes".
E Daniel acrescenta no verso 27: "Eu, Daniel, enfraqueci e estive enfermo alguns dias... E espantava-me com a visão, e não havia quem a entendesse".
Enquanto Daniel orava, ele pediu que Deus lhe revelasse o significado da profecia. Então o anjo apresentou-se novamente ao profeta. Vejamos o que ele diz em Daniel 9:23, 25 e 27: "No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim, para to declarar, porque és mui amado; considera, pois, a coisa e entende a visão... Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas... Ele fará firme aliança com muitos, por uma semana; na metade da semana, fará cessar o sacrifício..."
Nesse texto estão contidos os dados necessários para entender a profecia.

É absolutamente necessário compreender que o período profético de 2.300 anos começa quando saiu "a ordem para restaurar e edificar Jerusalém". E a História regista que esta ordem foi dada pelo rei Artaxerxes, da Pérsia, no ano 457 a.C. Este é, então, o ano do início do período profético.
A profecia diz que, do ano 457 a.C. "até o Ungido príncipe" (ou seja, o baptismo de Jesus), haveria "sete semanas e sessenta e duas semanas". Este total de 69 semanas, em linguagem profética, equivale a 483 anos, o que nos leva ao ano 27 d.C., data em que historicamente se realizou o batismo de Jesus. Até aqui a profecia cumpridu-se com exatidão.
A profecia apresenta uma semana a mais (7 dias proféticos = igual a 7 anos), que nos leva do ano 27 d.C. até ao ano 34 d.C., quando Estevão foi apedrejado pelo povo judeu e, com isto, o tempo de Israel estava acabado. "Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo..."
Tinho dito o anjo ao explicar a profecia a Daniel. Isto cumpriu-se com exatidão.
A profecia afirma que, na metade desta última semana - que nos leva ao ano 31 d.C. - "Fará cessar o sacrifício". Noutras palavras, Jesus morreria na cruz e já não seria mais necessário o sacrifício de animais que Israel realizava. A História regista que, exatamente no ano 31 d.C., Jesus foi morto, e podemos ver mais uma vez como a profecia se cumpriu de maneira extraordinária.
Até aqui, tudo aconteceu como estava previsto. A profecia foi dada a Daniel por volta do ano 607 a.C. e, séculos depois, tudo se cumpriu ao pé da letra.
Agora acompanhe-me no raciocínio. Se, depois do período de 70 semanas, continuarmos a contar o tempo, concluiremos que o período de 2.300 anos termina em 1844. Quer dizer que, naquele ano, segundo a profecia, o Santuário celestial seria purificado, ou seja, começaria o grande julgamento da raça humana.
Isto é algo surpreendente e de solene significado. Este não é um assunto para o futuro. Segundo a profecia, foi a partir de 1844 que o destino dos homens começou a ser definido, e milhões de pessoas no mundo ignoram esta verdade. Por isso Apocalipse 14:6 e 7 declara que era necessário que um anjo "... voando pelo meio do céu, tendo um evangelho eterno para pregar aos que se assentam na terra, e a cada nação, e tribo, e língua, e povo, dizendo, em grande voz: Temei a Deus e dai-lhe glória, pois é chegada a hora do seu juízo..."
Percebemos que o anjo voa. Isso é urgente. Voar significa rapidez. Não há mais tempo a perder. Torna-se necessário compreender que a mensagem é dada em alta voz. Isso não pode ser ignorado por mais tempo. Precisa ser apregoado em toda a Terra e para todos os seres humanos. E, finalmente, a mensagem deste anjo; é o evangelho eterno. Não é nada novo; algo que foi inventado por alguém. É a história do maravilhoso amor de Deus pelos seres humanos.
Infelizmente, o juízo, por algum motivo, é mal compreendido pela humanidade. Muitos confundem o juízo divino com os flagelos e catástrofes que acontecerão antes da volta de Cristo, e que também estão profetizados no Apocalipse. Só que aqueles flagelos são parte da sentença. Eles são resultado do juízo. Não o juízo. A prisão ou a pena de morte, por exemplo, não é o juízo da pessoa, é a condenação. Juízo é o processo no qual se considera o caso: existe um juiz, um advogado, um promotor de acusação, testemunhas e provas. Veja como o profeta Daniel descreve a cena do juízo celestial em Daniel 7:9 e 10: "Continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e o Ancião de Dias se assentou; sua veste era branca como a neve, e os cabelos da cabeça, como a pura lã... Um rio de fogo manava e saía de diante dele; milhares de milhares o serviam, e miríades de miríades estavam diante dele; assentou-se o tribunal, e se abriram os livros".
Note, aí estão o Juiz e também os livros.
Agora confira como o juízo é descrito em Apocalipse 4:1 "... olhei, e eis não somente uma porta aberta no céu, como também a primeira voz que ouvi... dizendo: Sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas".
Depois de que coisas? Depois que a porta for aberta, claro. E quando é que a porta foi aberta?
No santuário de Israel, a porta que levava do lugar santo ao lugar santíssimo, era aberta a cada ano, no Dia da Expiação (que era o dia do juízo). Com relação ao Santuário celestial é dito em Hebreus 9:24 e 26 que: "Porque Cristo não entrou em santuário feito por mãos... porém no mesmo céu... ao se cumprirem os tempos, se manifestou uma vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de Si mesmo, o pecado".
Quer dizer que, em 1844, a porta entre o lugar santo e o lugar santíssimo, lá nos Céus, abriu-se para que Jesus pudesse iniciar a purificação do Santuário. E quando essa porta se abriu, veja o que João viu em Apocalipse 4:2: "Imediatamente, eu achei-me em espírito, e eis armado no céu um trono, e, no trono, alguém sentado".
Depois, João descreve a cena ao longo de todo o capítulo 4 de Apocalipse. Ali são mencionados: o trono de Deus, rodeado de querubins; um arco-íris em cima do trono; e, em volta, 24 pequenos tronos onde se assentam 24 anciãos que declaram: "Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder". (Apocalipse 4:11)
Não são semelhantes essa declaração e a do anjo de Apocalipse 14, verso 7, que proclama: "...Temei a Deus e dai-lhe glória, pois é chegada a hora do seu juízo..."
Anjos no Céu e homens na Terra confirmam que a glória pertence a Deus, porque alguém quer usurpar essa glória. Depois de descrever a cena, João continua. Vamos ver o que diz Apocalipse 5, 1: "Vi, na mão direita daquele que estava sentado no trono, um livro escrito por dentro e por fora, de todo selado com sete selos."
Aí está montada a cena. O tribunal está instalado. Segundo a profecia isso aconteceu em 1844 e, no presente momento, a humanidade está a ser julgada. Qual é o assunto em pauta? Qual a acusação? Quais os argumentos? Quem é o acusador? Quem é o advogado de defesa? Quem são as testemunhas e quem é o juiz? A cortina vai cair e o conflito dos séculos será desvendado.

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